Quando vê-la saindo da residência com a bike, sem dar importância pras gotas que caíam dos céus, Alexander fica bastante intrigado, então resolve persegui-la não tendo nenhuma consideração no filho dormindo no quarto. Era normal deixá-lo sozinho nos momentos em que precisava sair, mas é claro, não demora tanto, ele não é um pai tão irresponsável quanto aparentava.
Bom, talvez ganhe certas respostas a observando de longe porque ontem não deu para fazer perguntas, a vizinha parecia desconfortável com sua presença. Algo a incomodava, e isso fez se sentir magoado embora deveria tê-la ajudado com a desgraça do lixo.
Dirigindo um Audi A4 prata (um carro que mau chama atenção), leva no banco passageiro uma câmera fotográfica de alta qualidade. Ao chegarem num supermercado, ele tira fotos dela deixando a bicicleta no bicicletário. Do nada, literalmente, um jovem surge ali puxando assunto.
— Quem é esse...? — Eles parecem íntimos, mas o cara têm cabelos castanhos-claros despenteados, lábios finos demais, olhos escuros melancólicos e um nariz inoportuno, além do uso da bermuda de patos amarelos, regata branca e boné azul-ciano.
Como que diabos esse matador da moda masculina poderia ser o namorado dela? Ou de qualquer outra mulher?
Alexander tira mais fotos, e nessa tiração percebe que Erika está atenta como se o "amigo" fosse atacar a qualquer segundo como um predador selvagem da Savana. Preocupado, ele sai do veículo e vai até ambos.
— Boa tarde senhorita.— A mulher ensopada suspira enfastiada.
— Eu preciso comprar uma sobremesa, com licença.
E lá se foi meu diamante lapidado.
— Você deve ser o novo morador do quatrocentos e quarenta e quatro. Prazer, Luís.— Ele estende sua mão e ganha um grande vácuo grotesco.— Sou seu vizinho também.
— Hum, namora a Erika?
— Ah.— Sorriu orgulhoso.— Quem sabe, né? Ela é gatinha.
O advogado não achava gatinha, achava uma Deusa do Olimpo desprovida de um Deus para jogá-la nua em um trono e enforcar aquele magnífico pescoço. Ele queria ser a sobremesa que ela irá se lambuzar depois daqui.
— Sinceramente, não acho que faça o tipo dela.— Confessa.— As mulheres acham vergonhoso os homens usarem bermudas infantis nas ruas. Posso te dar um conselho?
— Fala.— Diz desconfiado.
— Recomendo você ficar afastado da minha senhorita.— Alex dá as costas entrando no estabelecimento. Procurou e a encontrou no corredor dos biscoitos de chocolate.
— Gosta de coockies?
— Tá me seguindo? — Arquea a sobrancelha esquerda.
— Por que te seguiria? Vim só comprar algumas besteiras pro Maksim.— Suas habilidades com a mentira eram terrivelmente boas. Conseguiu fazê-la sentir-se otária de imediato.
— Desculpa, andei vendo umas notícias... São Paulo está ficando mais perigoso nos últimos tempos.
— Me acha perigoso? — Pergunta sorrindo espontaneamente.
— Deveria achar?
— Isto não foi uma questão de sim ou não, foi uma aversão pelo o que você disse.— Agora ela desejava sumir dali.— Aliás, por que a senhorita veio na chuva? Vai pegar uma gripe.
— Ah... É... Eu... não tinha dinheiro pro Uber, e não sabia que ia chover.
— Então, a senhorita não veio da sua casa? — Ele cruzou os braços desacreditado, pensando no porquê mentiria.
— Não. É... Acabei de sair do trabalho.
— Escritora, certo? Meu filho tinha comentado comigo. Imagino que já tenha algum livro publicado nas lojas.
— Ainda não. Gosta de fantasias? — Questiona animada. Aquele desconforto que sentia no começo estava ficando inexistente, no entanto, Erika não podia esquecer de dois detalhes importantes:
Casado. Esquisito.
— Claro, minha maior fantasia é transar em público.— O rosto dela ficou avermelhado, imagina isto num ponto de ônibus.
— Eu quis dizer sobre livros, se você gosta de livros de fantasias!
— Ahhh... Acho interessante, li muito Harry Potter na adolescência e minha prima até me obrigou a ler aquela saga inteira do Crepúsculo. Odiei o Jacob.
— Por que? Ele é um dos meus personagens favoritos.
— Ele queria a Bella apesar dela já ter dono, e quando finalmente viu que não poderiam ter um relacionamento ficou com filha que era semelhante.
— Isso foi somente uma coincidência, eles se apaixonaram no final.
— Coincidências não existem. Irá voltar pra casa? Queria oferecer uma carona.
— Não preci...
— Se a senhorita pegar dengue, virose, pneumonia, chikungunya, zika vírus, câncer, malária, covid, catapora ou aquela bactéria que come o ânus irei me sentir culpado pro resto da vida. Vai aceita sim, insisto.
— E a sua esposa? Ela pode ficar enciumada, melhor...
— Que esposa? Eu sou viúvo, e mesmo se fosse casado não há sentido para ciúmes. Não vamos transar no meu carro.
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Forced Love
RomanceErika nunca quis ser mãe porque sempre odiou essa ideia, mas quando um novo - enigmático - morador surge na casa ao lado com uma criança, talvez esse pesamento possa mudar...