Capítulo 2

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Capítulo 2
~ Marina Rose ~

Se você não parar, quem vai parar sou eu!

Joseph exclama, enquanto corro pelo parque. Começo a diminuir o ritmo e checo no meu relógio o horário, são sete e vinte e oito da manhã. Sinto o suor escorrer pelo meu pescoço e meu cabelo grudado na nuca, balanço a cabeça sentindo a trança boxeadora irem de um lado para o outro, minha franja lateral está suada, o que me faz tem agonia e querer ir correndo para casa lavar o cabelo. Paro próximo a um banco e tomo um pouco de água, ajeitando meu moletom cinza chumbo na cintura.

Observo um pouco o lugar, o parque hoje está movimentado, pois é feriado do dia do trabalho. Há bancos por toda parte, uma pista de ciclistas e pessoas caminhando. Famílias passeando e muitos animais e crianças brincando. Uma verdadeira cena de filmes americanos dos anos 2000!

Ou seria um comercial de margarina de televisão?

Fico parada do lado de um banco vago, mas com a imaginação longe, acho que estou sorrindo. As pessoas vão achar que estou louca!

Até que algo chama a minha atenção, são vozes distantes... Bem distantes, na verdade... Mas está se aproximando...

- Beethoven.

- Beethoven! - Escuto, deve ser uma senhora conversando com seu marido...

- BEETHOVEN! - Está mais perto, sim?

- NÃO BEETHOVEN, NÃO! - Quando estou prestes a virar, sinto uma grande bola de pelos pular em mim. O choque é tão grande, que o equilíbrio desaparece e acabo caindo, de bunda no chão.

- Beethoven! Olha o que você fez!

Abro os olhos lentamente, rezando a Deus e vendo um clarão.

OH MEU DEUS, ESTAMOS CONTIGO?

Pisco repetidas vezes, vendo um Golden Retriever olhando-me curioso, com grandes olhos castanhos e um rabo inquieto para mim. Ele late e sorriu, fazendo um leve carinho em sua cabeça. Não sinto raiva do pobre grande animal, pelo contrário.

Sinto uma aproximação de uma senhora e o cachorro olha para cima eufórico, muito animado eu diria.

- Desculpa, mocinha. Beethoven está demais hoje! - Olho para cima, encontrando uma senhora, com grandes olhos azuis e cabelos brancos. Posso até jurar que vejo a Sra. Meghan daqui há vinte anos.

- T-tudo bem. - Confesso, acariciando a cabeça de Beethoven.

Quem coloca o nome Beethoven num cachorro?

Quieto, Joseph!

Sinto-me ofendido com este nome, que blasfêmia!

Mil desculpas, milorde.

- Saí de cima da moça, Beethoven! Vem mocinha, me dê sua mão, a ajudarei a se levantar. Está machucada?

- Não senhora, e obrigada pela ajuda, Beethoven é um cão muito agitado, sim? - Aceito de bom grado sua ajuda, sentindo minha bunda reclamar.

- Ora, perdoe-me novamente, ele não é de agir assim, estava brincando com meu bisneto e simplesmente correu atrás de um pássaro, acho que ele se distraiu e bateu na senhorita.

- Não tem problema, senhora. Estou bem! - Sorriu, a senhora retribui, fico mais impressionada com sua aparência familiar.

- Se não está machucada, vou parar de importunar a senhorita, desculpe-me mais uma vez. - Nos despedimos, sento no banco e estico as costas, enquanto a senhora se afasta, escuto: - Beethoven! Nunca mais faça isso, cachorrinho mau!

Olho para trás e vejo a senhora seguir para onde está, suponho que seja seu bisneto, enquanto conversa com o cachorro. Ele olha para ela diversas vezes e abana o rabinho, como se estivesse entendendo tudo.

Sorri e ergo o olhar, vendo uma cafeteria no outro lado da avenida, um café com bolo em um lugar diferente, ótimo!

Vou em direção ao estabelecimento, que parece ser aconchegante. Possui tons de verde, com destaques rosas e até mesmo marfim. Uma grande logo de café e vários grãos de cafés e flores sobre o pequeno telhado que fica acima da porta. Nas laterais, há pequenos jardins desenhados, com jarros de plantas na calçada e uma placa com a propaganda da cafeteria.

Quando vou pegar na maçaneta da porta, uma movimentação surge e a porta é aberta de força brusca, fazendo o indivíduo que está saindo e eu, nos assustamos e nos esbarramos.

- Caramba! Hoje não é meu dia. - Murmuro irritada. Sinto uma leve queimação na pele exposta do meu abdômen, impedida de ser uma queimadura pelo moletom. Olho para frente vendo uma camisa social branca, franzo o cenho e levanto mais o olhar, vendo um par de olhos azuis acinzentados raivosos olhando para mim.

- Olha por onde anda, garota! - O homem, de aparência também não estranha, exclama com sua voz grave.

- Eu? Você que abriu a porta igual um troglodita!

- Troglodita? Essa é nova! - Diz uma voz também grave, mas risonha. Olho curiosa para o lado e vejo outro homem, só que contêm olhos azuis de tom mais forte.

Estamos no céu mesmo, obrigado Beethoven!

Cala a boca!

Olho para o homem que agora já se encontrava fora do estabelecimento, o copo de café em sua mão estava amassado, o seu amigo estava atrás dele com os olhos atentos sobre nós, mas não prestei tanta atenção.

- Pessoas normais não ficam se esfregando nas portas, por isso acidentes como esses mal acontecem! - O Taz Mania extravasa.

- Eu não ando me esfregando em coisa nenhuma, e não jogue a culpa para mim!

- Se fosse verdade, não estaria toda molhada de café e arrumando confusão na rua!

- Ei ei, sem brigas, por favor! - O outro homem diz.

- Tem razão, sem brigas. - Concordo. Mas logo olho com mais raiva para o gigante Taz. - Mas não quer dizer que você pode sair acusando quem quer que seja por suas ações!

- Quer saber? Eu tenho mais o que fazer!

- Vá rimando mesmo, mas cuidado não arrancar a porta na próxima, babaca! - Saio de perto deles, entrando na cafeteria e me informando com a atendente onde era o banheiro. Entro no pequeno lavabo e tento limpar o máximo que consigo dormir café derramado. Penso na semelhança dos homens, só podem ser irmãos, apesar que o Taz Mania é bem mais bonito.

Aquilo é um deus!

Argh.

Quando saio, peço um café e um bolo Red Velvet à atendente, sento em uma mesinha na lateral da cafeteira, em frente a uma janela. Tomo meu café calmamente, olhando para o parque, vejo o Golden correndo e a senhorinha indo atrás dele, a criança que estava junto com ela também corre atrás, com seus brinquedos na mão, Beethoven corre e pula em cima de um banco, se deitando logo em seguida. Sua dona chega perto dele e ele se estira todinho no banco, fazendo-a gargalhar e pegar o netinho no colo.

Após aproveitar minha deliciosa manhã no parque, almoço em uma lanchonete antiga, rústica e tranquila. Vou para casa e faço uma faxina, troco todos os lençóis de cama, panos e tapetes por todo o apartamento. Separo as roupas sujas e desço para a lavanderia. Depois de uma tarde cansativa, aproveito para me cuidar, lavo e escovo os cabelos, pinto as unhas, li algumas páginas do livro que está quase chegando ao fim, e falo com minha família. e assim, o glorioso feriado termina, prontamente.

Só uma curiosidade: A cena de Beethoven, foi real! Mas foi adaptada de um jeito bem melhor para vocês! Beethoven existe, mas creio que ele seja de uma raça de porte pequeno, não sei dizer ao certo.
Provavelmente, só irei liberar mais capítulos no fim de semana.
O tiktok da escritora é: @ksllny
Obrigada, Grazie, Gracias, Merci, Thanks, Спасибо por lerem até aqui! ♡

Um Completo IdiotaOnde histórias criam vida. Descubra agora