𝟚𝟘- 𝕄𝕒𝕣𝕚𝕒

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"Ele já não é o mesmo sem ti!"

João Pov

Confesso que fiquei feliz em saber que a Magui vinha ao funeral, as coisas vão ser mais fáceis com ela lá, mesmo que ela não me queira beijar ou abraçar, ou até ver à frente.

Eu nunca tive tanto tempo longe dela, tenho tantas saudades!
Sei que foi menos de um dia, mas tenho que a ver e saber como ela está.

Quando ela me mandou mensagem a dizer que ia estar sempre lá para mim eu fiquei tão feliz, eu sei que nunca vai ser como antes, mas acho que vou resolver as coisas!

Margarida Pov

Acordei às 9, arrumei as minhas coisas e saí do quarto de hotel, o número 87, o meu número favorito!

Odeio tanto que embora ele faça merda eu não o consigo parar de amar. É difícil de admitir, mas eu amo o João, sempre amei. Antes era só um amor de fã para ídolo, mas agora eu amo-o mesmo, eu não devia!

O hotel não tinha pequeno almoço então fui até uma padaria qualquer no centro da cidade e comi um pão com manteiga.

O funeral era só às 17h então ainda tinha 7 horas até lá, já eram 10 da manhã.

Fui até ao meu sítio preferido no mundo, a praia!
Eu nunca tinha vindo à praia de Tavira, mas era super linda, as águas eram tão cristalinas! A praia mais bonita que já conheci.

Ainda estava frio, já que era fevereiro, então não fui à água, mas a vontade era muita!

Estava a observar o mar e a ler o livro "A Hipótese do Amor" quando o meu telemóvel começou a tocar, era um número desconhecido.

chamada on

- Olá?- digo

- Olá, é a Maria, a irmã do Neves- diz

- Ah olá- digo desanimada

- O meu irmão disse que não te quer ligar, mas está preocupado contigo- diz- Ele quer saber se estás bem

- Diz-lhe para não se preocupar, eu estou bem!- digo

- Posso ir ter contigo?- pergunta

- Podes, vou te mandar a localização- digo e desligo a chamada

chamada off

Mando a localização e fico a olhar para o mar enquanto penso.

"Será que ela vem ter comigo por causa do Neves?"

"Será que vai ser o Neves vai aparecer aqui?"

"Será que ela vai pedir para eu perdoar o Neves?"

"Será que ela vai dizer que eu estou errada e que não o devia ter culpado?"

Havia múltiplas alternativas, mas acho que a Maria não vem ter comigo para falar do irmão dela.

Depois de uns 30 min sinto alguém se sentar ao meu lado na areia da praia. Olho para a esquerda e vejo a Maria.

- Olá- ela diz a tentar mostrar felicidade

- Olá- digo e dou-lhe um abraço

- Desculpa aparecer assim, eu precisava de me distrair- diz- Em casa está tudo uma confusão

- Não precisas de pedir desculpa, eu também estava a precisar de falar com alguém- digo

- Ainda bem que hoje vais ao funeral, a minha mãe adorava-te.- ela diz e sorri a lembrar-se da mãe

- Ela era um pessoa incrível, eu também a adorava- digo a dar um sorriso fraco

- Eu sei que não queres falar dele, mas o João está muito feliz em ires- diz

- Eu já lhe disse que eu vou pela dona Sara, não por ele- digo

- Eu sei, mas ele já não é o mesmo sem ti, o meu irmão ama-te, ele só não admite- diz

- Eu quero muito perdoa-lo, mas, agora não consigo- digo- O que ele disse afetou-me muito

- Eu sei, ele foi muito estúpido e infantil- admite- Mas ele não disse aquilo por mal, ele não sabia- diz

- Eu devia ter-lhe contado, mas mesmo se contasse, ele não tinha o direito de gritar comigo- digo

- Sim, tens razão- diz- Vamos mudar de assunto

- Como são as coisas em Londres?- pergunto

- É incrível, eu adoro Inglaterra, eu acho que estou neste mundo para estar em Inglaterra- diz e as duas rimos

- Eu sempre tive muita curiosidade em ir a Inglaterra- digo

- Um dia eu levo-te- diz e rimos- Já saíste de Portugal alguma vez?

- Sim, fui ao sul de Espanha, a Paris, à Polónia e à Croácia- digo

- Uau, nunca foste a Inglaterra mas já viajaste muito- diz a rir

- Ya, a minha próxima meta é ir a Inglaterra com os meus amigos- digo

Continuamos a falar até ela ter de ir para casa trocar de roupa.
Ela disse que me levava com ela para eu não ficar sozinha.
No início eu não quis ir, porque ia ter que ver o João, mas ela convenceu-me.

Fomos o caminho todo até à casa dela a ouvir música, quando chegámos eu comecei a ficar nervosa, eu vou ver o João.

EU VOU VER O JOÃO!?

Porra, eu não estou pronta para isto, o que será que ele vai dizer?

- É só não olhares para a cara dele e não falares com ele- diz a Maria a tranquilizar-me

- Vou tentar- digo

Saímos do carro e fomos até à porta da casa deles, ela abre a porta com a sua chave e entramos.

- Maria, ainda bem que chegaste- diz o pai dela- Ah Olá Margarida, como estás?- pergunta a reparar na minha presença e a abraçar-me

- Estou bem e você?- pergunto

- Bem, dentro dos possíveis- diz a dar um pequeno sorriso

- Lamento imenso, mas isto vai melhorar- digo a tentar passar confiança

- Obrigada- diz e volta a abraçar-me

- Pai, a Maria...- o João apareceu a falar, mas quando me viu calou-se

- Tou aqui, maninho, que queres?- diz a Maria a puxar o João para a parte de cima da casa

João Pov

Os dias sem a Margarida estam a ser uma tortura! Eu preciso da minha menina comigo aqui, especialmente agora!

A Maria tinha ido ter com ela hoje à praia. Eu pedi para ir com ela, mas ela não deixou.

Eu estava a vestir-me e a tentar pensar em outras coisas sem ser a morte da minha mãe e da discussão com a Margarida.
O António disse que hoje ia ao funeral, embora um tenha insistido para ele não ir.

A Maria já tinha saído mais ao menos à 2h, e eu tinha mesmo de lhe perguntar uma coisa.

Quando desço as escadas ainda a falar e vejo a Margarida o meu coração falhou uma batida e eu congelei.

- Tou aqui, maninho, que queres?- diz a Maria a puxar-me para o andar de cima

Ela está ali!
Ela está ali!
Ela está ali!

Foram os pensamentos que ficaram na minha mente.

Vizinha- João NevesOnde histórias criam vida. Descubra agora