Capítulo IV - Eu não sirvo para ser feirante

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Mark

Deitado na cama com os braços e pernas esticados, encarando o teto e tentando não morrer. É assim que me encontro agora.

Quero dizer, não estou morrendo no sentido literal da palavra. Se fosse o caso, tenho certeza de que eu não estaria tão tranquilo assim. Só estou muito entediado, só isso. Estou com muita vontade de fazer alguma coisa, mas não sei o que, Metade do quarto está arrumada, já que Ryan aprontou algumas coisas antes de sair de casa. Droga, devo ser a única pessoa no mundo – e talvez na história – que reclama do colega de quarto ter arrumado alguma coisa. O tédio está me deixando maluco.

Sinceramente, gostaria de entender o motivo de eu ser assim. Tem momentos em que minha única vontade é ficar na cama e dormir como um bebê e momentos em que quero fazer um milhão de coisas ao mesmo tempo. E essas coisas variam de colher flores no campo a, sei lá, escrever um livro de quatrocentas páginas. É algo bem estranho.

Frustrado, sento na cama com as pernas cruzadas. Apoio minha cabeça nas mãos e dou um longo suspiro.

- O que posso fazer? – pergunto às paredes. Ótimo, estou falando sozinho. Definitivamente estou pirando por causa da energia acumulada.

Acho que vou descer e me juntar à tia Maria e ao tio Alberto. Talvez eles tenham algo para eu fazer. E também estou com fome.

Levanto da cama e dou uma organizada nela, tanto para gastar um pouquinho de energia quanto para evitar que a querida tia Maria me mate. Terminada a tarefa, saio do quarto. Mal chego na metade da escada quando escuto uma discussão. Tio Alberto e tia Maria parecem estar bem exaltados.

- Você não vai! – grita tia Maria

- Mas eu tenho que ir, Maria! Como é que vamos pagar os impostos se ficarmos sem dinheiro? – argumenta tio Alberto

- Um dia a menos não vai acabar com todo nosso dinheiro!

- Mas vai fazer toda a diferença no final!

- O que tá acontecendo? – pergunto. Apressei o passo por medo de que a tia Maria desse uns tabefes no tio Alberto pela forma como discutiam, mas graças a Selena, não é o caso. Tio Alberto está sentado à mesa, segurando uma xícara com um ar muito contrariado. Tia Maria está ao seu lado com um bule em suas mãos. Ela deve ter tirado do forno agora, já que o bule está envolvido em um dos seus panos de prato. Pelas suas narinas dilatadas, ela está com muita raiva. Que os deuses nos ajudem.

- Ah, bom dia Mark – cumprimenta tio Alberto – Espero que essa gritaria desnecessária não tenha te acordado.

Tia Maria coloca o bule na mesa e põe as mãos na cintura.

- Essa "gritaria desnecessária" não estaria acontecendo se você não fosse tão teimoso – ela diz – Mark, meu bem, se quiser comer alguma coisa, tem um pãozinho e manteiga no armário. Você deve estar com muita fome para ter descido assim tão cedo.

Sorrio

- A falta de fé que vocês têm em mim me deixa bem triste – digo enquanto caminho até o armário e pego o pão e passo uma manteiguinha para dar um sabor a mais – O senhor passou mal de novo, tio?

Ele assente

- Tive uma pequena tontura hoje de manhã, mas não foi nada de mais.

- Nada de mais! Ora essa! – exclama tia Maria – Você quase desmaiou por causa dessa "pequena tontura". Você acha que sua saúde é brincadeira, mas não é, Alberto. Vai ser muito pior para nós se você for para a feira e tiver um piripaque por lá.

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⏰ Última atualização: Jun 25 ⏰

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