Capítulo III - Acho que nossa tia ficou preocupada

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Alicia

Para minha surpresa, Mark está aqui.

Ele está sentado no chão, com as costas apoiadas na parede e os joelhos encolhidos. A cabeça está apoiada em uma das mãos, e sabe-se lá como, está dormindo. E não é daqueles cochilos leves, não. Mark está roncando. Pela deusa, como ele consegue?

Aproximo-me dele sutilmente e cutuco sua cabeça.

- Mark – chamo. Ele não acorda – Mark. Mark. Mark! Levanta, sua pedra!

Irritada, faço algo que já deveria ter feito desde o início: dou um tapa na sua testa.

Mark se levanta em um sobressalto, esfregando a testa – que por sinal, está com uma marquinha vermelha. Acho que bati com muita força -. Ele vira a cabeça para todos os lados até seus olhos pousarem em mim. Mark põe a mão na cintura.

- Alicia, que idéia de merda foi essa? – pergunta

- Não tenho culpa se você parecia um morto – respondo, colocando minhas mãos na cintura também – O que tu ta fazendo aqui?

- Tia Maria me mandou. Ela começou a ficar muito preocupada e disse que eu deveria vir buscar vocês.

Ergo uma sobrancelha

- Ué, a Luiza não avisou que íamos ficar de tarde?

- Avisar ela avisou, mas você sabe como é a tia Maria. Ela não queria que vocês voltassem pra casa tão tarde sozinhos.

- Foi uma péssima decisão mandar você aqui.

- Eu concordo – Mark acena com a cabeça – Vocês já sabem se virar muito bem sozinhos.

- Não, não é isso – digo – É que você seria um péssimo guardião.

Mark leva a mão ao peito, como se estivesse profundamente ofendido.

- De onde tirou esse absurdo?

- Mark, eu convivo com você desde que éramos crianças – rio – Você se tranca no seu quarto quando uma barata aparece.

- Acontece que as baratas que aparecem lá em casa são voadoras. É totalmente justificável.

- Ela é menor que você!

- Ela sabe voar!

- A barata continua sendo menor que você.

- E ela continua voando – ele responde com um pequeno traço de sorriso.

Ergo minhas mãos em um sinal de derrota.

- Ok, ok! Você venceu, espertão. Nem o homem mais valente do mundo ousaria enfrentar uma barata voadora. Tá feliz?

Mark não responde, mas assume um ar convencido que transmite sua resposta. Isso faz com que eu revire os olhos, mas ainda com um sorriso no rosto.

- Agora que venci a discussão, cadê o Ryan? Pensei que ele estivesse com você.

- Ah não – nego com a cabeça – Ryan está com nosso palestrante, um tenente chamado Dylan Müller. Ryan o respondeu de uma forma insolente e Dylan decidiu levá-lo pro posto de guarda pra ensinar alguma coisa sobre respeitar autoridades.

- Por que, em nome de Selena, Ryan respondeu esse tenente? Ele não sabe que esses caras são ligados aos valores deles?

- Ele sabe, mas... é o Ryan, né? Ele desafiou o tenente por ele ter amassado uns desenhos que eu tinha feito durante a palestra e os chamado de perda de tempo. Ryan ficou com raiva e deu no que deu.

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