The other side of dark

One

Harry mais uma vez se encontrava no armário debaixo da escada, roxos e cortes espalhados por seu corpo, sua costela - provavelmente quebrada - o impedia de respirar e seu joelho tinha uma grande chance de estar trincado. Entretanto, a dor disso tudo era mínima, pelo menos agora.

Tinha se acostumado com a dor por conta das várias vezes aonde seus tios o batiam sem previsão de parar, era realmente uma tortura e tudo isso para um garoto de até 10 anos. Era muito para um corpo tão pequeno e jovem aguentar e até mesmo ele sabia disso, gerando uma confusão sobre como ainda estava vivo.

No começo disso tudo, suas dores estavam expostas, juntamente dos seus sentimentos. Seus tios costumavam lhe causar a grande culpa da morte de seus pais, dizendo que se não fosse por ele o carro que, supostamente, eles dirigiam não teria batido, visto que ele estava com uma crise alérgica a alguma coisa que nunca lhe foi dito o que era. Também tinha Dudley, que vivia o humilhando de todas as formas que podia e sem perder nenhuma mínima coisa. Mas isso tudo era passado, ele não sentia mais nada relacionado a sua família, apenas nojo.

Como vivia com eles, era bem difícil acontecer algo a mais naquela casa, porém isso tudo mudou aos seus oito anos quando uma cobra apareceu no jardim em uma de suas tarefas. Ela parecia raivosa e estava xingando algum rato muito esperto que tinha fugido dela quando o pequeno Harry a encontrou. O garotinho puxou alguns arbustos que a cobriam e a partir dali começou uma grande amizade na qual os dois sabiam que só iria acabar caso um deles morresse.

Tocindo sangue, Potter se pegou pensando na pequena réptil, na qual apelidou de Bella, pois é o início de Belladonna. Ela iria ficar um tempinho sem ele e, por mais que soubesse que a mesma conseguia se cuidar sozinha, não conseguia evitar de se preocupar, e sabia que com a outra não era diferente.

A criança se sentou no chão com pouca dificuldade, apenas sentindo uma dor ao ter que encolher a perna pelo lugar minúsculo na qual era obrigado a dormir. Mas ele não ligou muito para a dor, tinha coisas mais importantes para fazer e uma delas era se curar.

E como dito, ele se concentrou nas dores e nos lugares que pareciam doer mais, concertando o que estava quebrado e deixando apenas os roxos, até porquê da última vez que eles desapareceram junto das feridas internas seu tio fez questão de o bater outra vez. Dizia não aceitar aquele tipo de coisa em sua casa.

Como agora já tinha estrutura o suficiente para o fazer, ele se deitou em sua cama e soltou um longo suspiro. Agora que estava livre de dor, conseguia sentir com clareza a fome que os três dias sem comida o proporcionou. Como uma regra da casa, eles diziam que o de olhos verdes não poderia se alimentar se não fizesse a comida, e faziam jus a isso já que sempre acabavam com toda a comida quando não ia para o fogão. Conviver com seus tios era realmente um saco.

Ele poderia apenas surtar com eles e os matar, se considerar o controle que conseguiu de sua magia apenas com a ajuda de Bella, porém ele não queria chamar atenção, ainda mais essa. Se lembrava de ter lido sobre a caça as bruxas que os católicos fizeram na época medieval em um livro da biblioteca da escola, lugar aonde sempre vai em suas fugas, e sabia que não iriam ter dificuldade alguma em iniciar outra novamente caso uma criança mate três de seus parentes de forma misteriosa.

Daqui alguns dias seria seu aniversário de 11 anos e ele não poderia estar menos animado. Tinha se passado o tempo na qual esperava ansiosamente pelo próximo ano, ainda mais quando notou que nunca receberia nada mais do que uma meia velha de seu tio quase sempre, os outros eles apenas esqueciam da data, ou fingiam que o faziam, tinha se acostumado com isso.

Observando o teto, Harry tentava pensar em algo que o tirasse do tédio que ficar em um quarto sem nada de interessante proporcionava. Tinha acabado de ler o último livro que pegou na biblioteca e não teve tempo para voltar lá nos últimos dias, era horrível ficar sem nada para fazer e nada de interessante surgia em seus pensamentos. Era irritante e estava o deixando frustrado.