lucky streak ❪🌪 | 🍭❫

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Os fones de ouvido estavam no volume máximo, mas mesmo assim você só conseguia ouvir o vazio de sua cabeça.

As marcas grotescas abaixo dos seus olhos sinalizavam as noites mal dormidas que seguiam em uma sequência inabalável por dias.

Era tarde da noite e até estar sob sua própria pele te incomodava, então você arrancou os fones para fora dos ouvidos. Foi uma péssima escolha pois logo os gritos dos seus pais vindo do outro lado do corredor preencheram todo o quarto.

Você parou a música no computador que ainda soava estridente dos fones arremessados para longe na cama e procurou pelo celular no tato, com a única fonte de luz vindo da tela do computador.

O quarto estava escuro e abafado, era o casulo perfeito para as crises desencadeadas que você vinha tendo pelas desde que as brigas dos seus pais pioraram. Estúpidos, você pensou, não entendendo porque eles continuavam juntos quando deveriam ter se divorciado há anos.

Tentando manter a mente longe do caos e dos gritos, você liga para Matt. Ele sempre dizia para procurá-lo quando as coisas saíssem do controle em casa, mas você se achava egoísta de usá-lo como válvula de escape, mesmo que já tivessem passado por isso muitas vezes.

“Oi, babe” a voz dele estava cansada.

“Você estava dormindo?”

“Não, não, estou jogando com Nick e Chris.” Você ouviu os resmungou dos garotos através do celular, Matt tinha saído da partida. “Você está bem?”

“Não.” Segurou o choro com os lábios trêmulos. “Meus pais estão brigando. De novo.”

“Achei que seu pai não voltaria da viagem até a semana que vem.”

“É, ele chegou hoje a tarde cheirando a whisky barato e perfume feminino.”

Matt suspirou. “Estou pegando minhas chaves. Late night talking.”

“Obrigada.” Você sorriu quando ele abaixou a voz para dizer o código secreto de vocês. “Por favor, avisa pra seus irmãos que vou compensar eles por ter roubado você no meio do jogo.”

“Nah, como se eles não fossem facilmente comprados por você e seu cinnamon roll.” 

“Vou fazer uma porção inteira para eles.”

“E eu ganho o que?” Ele ri. “Te vejo em dez minutos.”

A calça de pijama e um moletom esquecido de Matt serviriam para uma pequena volta de carro noturna, então você não fez questão de trocar. Colocou o primeiro par de tênis que encontrou e tomou coragem para abrir a porta do quarto devagar.

Mesmo que duvidasse de que seus pais seriam capazes de te ouvir escapar, você manteve seus passos nas pontas dos pés enquanto descia a escada e voava para a porta da entrada. Você respirou fundo e até chegou a fechar os olhos quando o silêncio da noite te abraçou do lado de fora da casa.

A fachada da sua casa era muito bonita, o jardim estava sempre tão cuidado por causa da sua mãe e as cercas sempre perfeitamente pintadas porque seu pai se dedicava a elas a cada três meses. Uma fachada bonita para um interior corroído. Irônico, você pensava.

O som de pneus contra o asfalto na rua vazia fez com que você parasse de encarar a estrutura e rapidamente se dirigisse ao meio fio, esperando a van encostar em frente à casa.

Matt saiu do carro tão rápido que logo você estava em seus braços, um abraço apertado que afrouxou o aperto no seu peito. Descansando a cabeça acima da sua, ele movia a mão em círculos pelas suas contas, garantindo que estivesse te abraçando de corpo inteiro.

✓ MATT & CHRIS . STURNIOLO Onde histórias criam vida. Descubra agora