✓ MATT & CHRIS . STURNIOLO

father's day ❪🍭❫

Quando Chris chega em casa é ao som de música infantil e risadas misturadas com o cheiro doce e flutuante de waffles que lentamente enche seu apartamento.

Ele tira os sapatos silenciosamente, se desfazendo do moletom parcialmente molhado da chuva que acabou de pegar e vai na ponta dos pés em direção à cozinha. Vocês não o notam, que é exatamente o que ele quer. Ele só quer ficar ali, encostado na entrada da cozinha e observar tudo isso. Todo esse amor. Essa felicidade. Todas as coisas que ele chama de lar. A família dele.

Summer está em pé em um banquinho ao lado do fogão com o seu braço atentamente pairando bem atrás dela, só para garantir que não caía. Vocês estão olhando para o que Chris identifica ser a massa do waffle sendo despejada dentro da máquina que faz praticamente todo o trabalho, as cabeças inclinadas juntas enquanto cantam com a música que toca nas caixas de som acopladas por quase todo o recinto.

Você e sua filha formam uma cena perfeita para a foto que Chris tira com o celular silenciosamente, colocando-a como tela de bloqueio logo em seguida. Cachos pretos contra cachos pretos, combinando com sorrisos travessos e olhos empolgados.

Após três anos desde a morte prematura do seu noivo, Matt, é apenas com Summer que você mostra esse lado de si mesma, descontraída e emocionalmente vulnerável. Bem, com Summer e Chris.

Quando Matt faleceu e não intencionalmente te deixou com uma bebê de dez meses nos braços, Chris também estava no fundo do poço. Ele não encontrava forças para ajudar a si mesmo a superar a morte do irmão, quem dirá oferecer conforto a você. Mas, mesmo passando pelo luto de formas diferentes, vocês entenderam que precisavam dar o melhor para que Summer fosse criada com amor, zelo e longe da dor de perder um pai que nunca conheceria. Matt não seria de forma alguma apagado da vida de Summer, mas Chris se colocou à disposição para cumprir qualquer papel que você designasse a ele na vida de sua bebê.

No início foi complicado. Você não queria que Chris substituísse a figura paterna de Summer da qual Matt foi bruscamente retirado. E ninguém fora a família de vocês entendia porquê resolveram morar juntos – afinal os dois eram apenas jovens que haviam passado por um dos piores momentos de suas vidas e que tinham um laço afetivo muito intenso para que as coisas não se confundessem em algum momento.

Talvez eles estivessem certos. As coisas ficaram confusas em algum momento e você se viu amando e confiando em Chris como só tinha amado e confiado em Matt. Mas, com o passar do tempo ficou claro que ele não teria desejado nada diferente do que isso, pois onde quer que esteja, Matt sabe que seu irmão está amando e cuidando de vocês duas como ele não pôde continuar fazendo.

Por isso Summer é uma garotinha de sorte. O pai que a fez a amava antes mesmo de conhecê-la, e o pai que a cria agora, a ama tanto quanto ama sua mãe. É a pequena família feliz de Summer. É o motivo do dia dos pais ser tão especial para ela.

“Eu acho”, você diz, cantarolando. “Que seu pai está em casa.”

Chris congela no lugar. Depois de todos esses anos, ele ainda não tem ideia de como você faz isso. É como se você tivesse olhos na nuca.

Summer engasga e se vira rápido demais no banco, meio tropeçando quando a sua mão rapidamente a envolve para firmá-la. Ela exclama, a voz cheia de excitação: “Você não pode entrar aqui, estamos fazendo uma surpresa!”

Chris sorri e levanta as mãos na frente dele em uma demonstração de redenção.

Summer é muito jovem para entender que surpresas são segredos. Jovem demais para entender o que é um segredo, na verdade. Ela conta tudo a vocês, o tempo todo. Mesmo quando ela faz algo que não deveria ou quando é chamada a atenção na escola. Ela é uma boa menina, realmente é. A melhor. Mas uma merda em guardar segredos.