one last time ❪🌪 ❫

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A tensão no ar parecia mais densa do que o normal, mesmo no luxo sufocante da última festa do verão. Você sentia os olhos de Chris em você, do outro lado do gramado, e, toda vez que encontrava seu olhar, uma onda de emoção atravessava seu corpo, algo que você tentava desesperadamente ignorar. A camisa branca de botões que ele usava o fazia parecer como se pertencesse àquele lugar, ao lado nobre de Cape Cod - algo que, definitivamente, ele não é. E, meu Deus, você não conseguia deixar de sentir aquele calor familiar no estômago.

Ele não deveria estar ali. Ele não deveria parecer tão pecaminosamente bem vestido daquele jeito. Ivories - como eram chamados os estudantes da escola privada mais elitista da região, a Ivory Royal High School - e Roots - aqueles da base da sociedade, os menos favorecidos - não deveriam se misturar. Era o que todos diziam, e sabiam que essa divisão era real.

Apesar de achar essa rivalidade uma grande besteira, você não queria ser revolucionária de coisa nenhuma e aceitava muito bem o título de "A Princesa Ivory" enquanto namorava o príncipe da elite dessa península. Mas sua mente sempre voltava para Chris, para a necessidade de estar nos braços dele, de sentir seus lábios contra os seus, de inalar o cheiro salgado e natural de sua pele, algo que fazia seu corpo estremecer.

Isso era um erro comum. Jovens de dois polos completamente opostos que decidiam lutar contra tudo em nome do amor. Nem preciso dizer que nunca dá certo, não é? Porque Ivories continuam sendo Ivories, e Roots nunca conseguem se tornar Ivories.

Carrington, seu namorado, tinha saído para buscar bebidas, deixando você sozinha por um momento, parada ao lado de uma mesa com outros Ivories. Alguns idiotas que você só conhecia pelo nome e para os quais não dava a mínima. Sua mente não estava neles. Estava em Chris, como sempre.

Você sabia que aquilo era perigoso - tudo sobre estar perto de Chris ultimamente parecia andar na corda bamba. Não era só porque você era namorada de Carrington, mas por tudo que você e Chris já tinham feito antes. As coisas que ninguém mais sabia. As coisas que você prometeu a si mesma que nunca mais aconteceriam.

Mas então você o viu, atravessando a multidão como se não se importasse em estar fora de lugar, e seu coração perdeu uma batida. Antes que pudesse pensar duas vezes, você se afastou da mesa, indo em direção a uma parte mais isolada do gramado, atrás de uma das grandes colunas decorativas no fundo.

E Chris a seguiu.

Você mal estava escondida da vista quando ele a alcançou, chegando perto o suficiente para que você pudesse sentir o calor irradiando dele. O cheiro familiar de Chris encheu seus sentidos - ar salgado do mar, um toque de fumaça e o almíscar subjacente que a deixava fraca todas as vezes.

"O que você está fazendo aqui?" foi a primeira coisa que você disse quando ele parou à sua frente.

Agora, de perto, você notou os hematomas recentes começando a se formar em seu rosto. Sua mão agiu por conta própria, traçando a pele arroxeada e inchada de sua bochecha, ouvindo-o sussurrar suavemente ao sentir a dor. Ele não disse nada, e você escolheu não perguntar de onde aquilo tinha vindo. Sabia como ele era - se quisesse contar, contaria. Enquanto isso, você se preocupava em silêncio.

"Riscos ocupacionais", ele murmurou, e você não entendeu até que ele mostrou um pequeno pedaço de papel escondido sob o casaco. Suas sobrancelhas se franziram ao captar o contorno de uma caligrafia infantil antes que ele guardasse o papel de volta. "É melhor você não pensar muito nisso."

Você balançou a cabeça lentamente; não queria se importar.

"Achou que poderia escapar de mim?" Chris provocou, mudando de assunto. Sua voz baixa e cheia daquela confiança perigosa e arrogante que sempre parecia irritá-la.

✓ MATT & CHRIS . STURNIOLO Onde histórias criam vida. Descubra agora