Reencontros e Novos Começos

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*Jisoo POV

Caminhava pelas ruas movimentadas de Seul, imersa em um turbilhão de pensamentos. O som dos carros, as buzinas e o constante murmúrio da cidade enchiam o ar, mas, para mim, tudo parecia distante, abafado pela confusão na minha mente. A conversa com Lisa ontem ainda ecoava, destacando as diferenças entre nós. Enquanto eu passava por entre imponentes arranha-céus e elegantes lojas, observava pessoas apressadas, cada uma seguindo seu próprio caminho, e me questionava onde eu mesma me encaixava naquele cenário.

Minha mente estava povoada por perguntas sem respostas. Questionava-me se estava no caminho certo, se deveria buscar um amor épico, como nas histórias que lia quando era criança, ou se deveria adotar uma visão mais pragmática, como Lisa, para quem o romance era um mero detalhe diante de ambições maiores. A dúvida me assaltava: a vida poderia ser tão mágica quanto eu sonhava ou o amor épico era apenas um conto de fadas que não se aplicava à realidade?

O parque diante de mim oferecia uma pausa no tumulto da cidade. Com um suspiro, entrei, procurando um momento de paz, um espaço para pensar sem a confusão das ruas ao redor. Sentei-me em um banco à sombra de uma árvore frondosa, com folhas tão verdes que pareciam abraçar a luz do sol. Sempre amei aquele parque, um refúgio em meio ao caos.

Foi então que vi uma figura familiar se aproximando: Rosé, minha amiga de infância, com quem não falava há anos. Rosé sorriu ao me ver e sentou-se ao meu lado, como se o tempo não tivesse passado. A conversa entre nós fluiu com naturalidade, uma troca animada de histórias e risadas, como se retomássemos um capítulo interrompido em um livro querido.

"Jisoo, que saudades de você", disse Rosé, com um sorriso caloroso.

"Eu também, Rosé. Quanto tempo!", respondi, com uma alegria sincera. "Você está incrível! Como tem passado?"

Rosé suspirou e seus olhos brilharam com um misto de nostalgia e tristeza. "Ah, Jisoo, tanta coisa aconteceu. Você sabe que me mudei para a Austrália, né? Pois bem, foi uma época difícil. Meu pai perdeu o emprego e a gente teve que recomeçar do zero lá. Foi um choque cultural enorme, e demorou um bom tempo para nos adaptarmos."

Senti uma pontada de tristeza ao ouvir a história dela. "Nossa, Rosé, eu nem imagino como deve ter sido difícil. Como vocês conseguiram se virar?"

Ela olhou para o chão por um momento antes de responder. "Minha mãe começou a trabalhar como enfermeira em um hospital local, e meu pai fez de tudo um pouco – desde serviços de limpeza até trabalhos temporários em construção. Eu mesma comecei a trabalhar meio período enquanto estudava. Foi uma luta constante, mas a gente se manteve unido e isso fez toda a diferença."

"Você é tão forte, Rosé", murmurei, admirada pela resiliência dela. "E como foi a escola lá? Você conseguiu fazer amigos?"

Rosé sorriu, mas era um sorriso tingido de melancolia. "No começo, foi muito difícil. Eu não falava inglês muito bem, e me sentia uma estranha o tempo todo. Mas, aos poucos, fui melhorando no idioma e fazendo alguns amigos. Tinha uma professora de música incrível que me incentivou bastante. A música foi meu refúgio em meio a tanta mudança."

"Eu lembro como você sempre amou cantar", disse, sentindo uma onda de nostalgia. "A gente cantava juntas o tempo todo."

"Sim, eu nunca deixei isso de lado", respondeu Rosé, com um brilho nos olhos. "A música me ajudou a superar muitas dificuldades. E agora que estou de volta a Seul, sinto que é uma nova chance de recomeçar. Minha família está melhor, meu pai conseguiu um emprego estável e as coisas finalmente estão se ajeitando."

"Fico tão feliz em ouvir isso", falei, tocando a mão dela suavemente. "E você vai estudar na Seoul International School, certo?"

"Sim, e confesso que estou um pouco nervosa. Faz tanto tempo que não estou aqui, e não conheço quase ninguém."

"Não precisa se preocupar", assegurei, com um sorriso encorajador. "Eu estudo lá também! Podemos ir juntas e eu vou te apresentar a todos. Tenho certeza de que você vai se enturmar rápido."

Rosé suspirou de alívio. "Obrigada, Jisoo. Saber que você está lá me deixa muito mais tranquila. Estava mesmo precisando de um rosto amigo."

"Você vai adorar a Lisa, minha melhor amiga. Ela é um pouco diferente de nós, mais focada em aventuras e conquistas, mas tem um coração enorme. E o grupo todo vai te acolher de braços abertos, tenho certeza."

Quando chegou o dia seguinte, Rosé e eu caminhamos juntas pelos corredores movimentados da Seoul International School. O barulho típico de uma escola cheia de estudantes ecoava pelos corredores, mas eu me sentia estranhamente calma, como se estar com Rosé tornasse tudo mais simples. Enquanto atravessávamos o saguão, senti o nervosismo dela se dissipar um pouco.

"Pronta para conhecer o pessoal?" perguntei, sorrindo para ela.

Rosé sorriu de volta, embora com um pouco de hesitação nos olhos. "Sim, estou pronta. Vamos lá."

Na área comum, encontramos Lisa, dançando e rindo com um grupo de amigos. A energia de Lisa era contagiante, e eu sabia que Rosé se sentiria à vontade com eles. Apertei levemente a mão de Rosé antes de nos aproximarmos.

"Lisa!" chamei, acenando. "Quero que conheça alguém especial."

Lisa parou de dançar e se virou, com um sorriso largo no rosto. "Oi, Jisoo! Quem é sua amiga?"

"Esta é Rosé, minha amiga de infância que acabou de voltar para Seul. Rosé, esta é Lisa."

Lisa estendeu a mão com entusiasmo. "Prazer em te conhecer, Rosé! Já ouvi muito sobre você."

"Prazer é meu, Lisa," respondeu Rosé, apertando a mão dela. "Jisoo fala muito bem de você."

Logo, Nayeon, Seulgi e Yeri se juntaram a nós, curiosas sobre a nova integrante do grupo.

"Oi, Rosé! Eu sou Nayeon," disse Nayoen com um sorriso brilhante.

"Seulgi," apresentou-se, acenando.

"E eu sou Yeri. Bem-vinda ao nosso grupo!" completou a última, com um sorriso tímido.

Rosé sorriu timidamente. "Obrigada, pessoal. É ótimo conhecer vocês."

Lisa colocou um braço ao redor dos ombros de Rosé de maneira amigável. "Então, Rosé, você gosta de dançar? Porque estávamos planejando uma pequena competição de dança depois da aula. Vai ser divertido!"

Rosé riu, finalmente relaxando. "Eu não sou tão boa quanto a Jisoo, mas acho que posso tentar."

Nayeon piscou para mim. "Jisoo, por que não nos contou que tinha uma amiga tão legal?"

"Queria fazer surpresa," respondi, rindo.

Enquanto o grupo continuava a conversar, percebi que Rosé estava sendo rapidamente acolhida. As brincadeiras e piadas voavam de um lado para o outro, e Rosé participava com entusiasmo crescente. Fiquei observando, sentindo um calor reconfortante no peito. Havia algo mágico na forma como ela se encaixava naturalmente com meus amigos.

O humor era leve, os risos eram contagiantes, e percebi que, apesar de todas as incertezas, havia algo especial naqueles momentos simples com amigos. O amor épico poderia ou não acontecer, mas a amizade, essa sim, era uma certeza. Rosé agora fazia parte do grupo, e senti-me grata por tê-la de volta em minha vida.

Enquanto o grupo seguia para a próxima aula, rindo e conversando, percebi que a jornada do terceiro ano seria diferente do que eu imaginava. Com a ajuda de Rosé e Lisa, seria uma jornada cheia de momentos inesquecíveis. Às vezes, a felicidade não está em grandes conquistas ou romances épicos, mas na companhia de amigos verdadeiros e no som do riso que preenche o ar como uma melodia suave e reconfortante.

Enquanto caminhávamos, Rosé olhou para mim e sorriu, e eu soube que, não importa o que acontecesse, estávamos prontas para enfrentar juntos os desafios que viriam.

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