Cuidado

418 50 17
                                    

— Lisa... — Me chama enquanto balança meu ombro.  Franzo o cenho virando para o outro lado. Empurro a chata mão que insiste em me balançar. — Acorda, Lalisa! Tamo atrasada, porra! — Depois desse grito reconheço a voz, era Minnie.

— Minnie, caralho! Me deixa dormir! — Tamo meus ouvidos.

— Não, já tamo atrasada! — Me puxa fazendo com que me sente.

— Caralhooo! — Abro os olhos irritada. — Foda-se a escola, vamos faltar! — Coloco a mão sobre minha testa impedindo que o sol chegue em meus olhos.

— Se faltamos Rosé vai achar que morremos! — Reviro os olhos.

— Foda-se a Rosé! — Exclamo abrindo os braços.

— Não, não é assim que funciona! Tu tem que parar de pensar apenas em tu! Ela vai ficar preocupada! — Reviro os olhos com força levantando do chão.

Com raiva coloco meu caderno dentro da bolsa a fechando fortemente. Chuto a cartela que cheirei ontem para de baixo de uma moita. Paro ao perceber que Minnie não me seguia.

— Vamos! — Dou as costas saindo do telhado do prédio.

Durante o caminho não falávamos nada, eu por ainda estar com raiva e Minnie por está perdida em pensamentos. Catuco meu nariz fazendo uma careta ao senti-lo doer.

— Au! — Resmungo.

— Eu não faria isso. — Reviro os olhos.

— Ah, jura? — Lhe encaro com tédio.

Minnie revira os olhos para meu tom. — Tô falando sério, não fica mexendo. Deixa que Bambam cuida mais tarde. — Arregalo os olhos.

— Nem fudendo, deixa assim mermo. — Nego rapidamente sabendo que se meu pai mexer aqui vai ser para doer. — Que hora é? —

Minnie puxa seu celular o qual tinha a tela toda quebrada. — Seis e meia. — Arregalo os olhos parando no meio da rua.

— Sai da frente, filha da puta! — Olho para o motoqueiro que me xingar enquanto buzina. Ao ver que sou eu, o garoto arregala os olhos e acelera mais a moto, logo sumindo de vista.

— Você falou que estávamos atrasadas, Minnie! —

— E estamos, caralho! Não sei se tu sabe, Manoban, porém tamo na quarta etapa da dois! Longe para caralho da escola! — Reviro os olhos com força.

— Pode ir para a escola se quiser, chagarei atrasada. — Tiro do bolso o dinheiro da sua passagem.

— Ah, não vai mesmo! Tu vai comigo! — Puxa minha mão e começa a correr atrás do nosso ônibus que já havia passado e estava um pouco à frente.

Assim que entramos no ônibus todos olham em nossa direção, estranho de primeira porém lembro que estou com o nariz inchado e com a camisa cheia de sangue. Minnie e eu sentamos no fundo ao lado de uma senhorinha, que arregala os olhos ao me vê.

— Ta tudo bem, querida?! — Parece realmente preocupada. — Você precisa de algo?! Quer que eu ligue para a polícia?! — Com um pequeno sorriso nego.

— Não precisa, senhora. Obrigada pela preocupação. — Sinto meu coração se aquecer. Talvez seja porque ninguém se preocupa comigo.

Me sinto triste ao pensar nisso, porém Minnie logo me tira de meus pensamentos. — Vem, chegamos. — Fico espantada, talvez eu tivesse ficado muito tempo pensando.

O bairro era conhecido, então ninguém se espantou ao me ver, isso era até comum, estar sangrando pelos lugares. Levanto meu braço e cheiro meu sovaco.

Minha pequena encrenqueira - Jenlisa Where stories live. Discover now