O clima estava frio, era como se o tempo se moldasse no que aconteceria hoje. Nem as três camada de roupa que estava usando eram o suficiente para me aquecer do frio que estava fazendo em Bangkok. No caminho até o hangar me pegava pensando em Lalisa e se ela estava bem agasalhada, o que eu espero que esteja, já que não quero que fique resfriada.
Ao parar o carro dentro do hangar de número sete, onde estava o meu jetinho, encontro toda a equipe me esperando, inclusive Lalisa e seu pai. Desço do carro dando a chave do mesmo a um homem que vem correndo até mim assim que me vê. Ando em passos despreocupados até os Manoban.
Bambam estava como sempre, camisa de botão preta, calça alfaiataria da mesma cor e cabelo divido ao meio, não parecia estar com frio pela roupa que estava usando. Já Lalisa, vestia um casaco branco, com alguns desenhos e nomes escritos, e uma calça moletom preta, isso até onde eu podia ver, torcia para que por baixo dessas roupas estivesse usando outras.
Lalisa parecia diferente, parecia não, ela estava. De cabeça baixa, calada e com o rosto coberto, Lalisa não era a mesma garota bravinha e respondona, ela era apenas... tristeza. Por um lado entendo ela, não imagino o quanto deve está doendo ter que deixar suas amigas, porém pelo outro sei que é o melhor a se fazer.
Levanto meus óculos escuros. — Bom dia, Bambam. — Estendo minha mão sorrindo em direção ao homem alto.
— Bom dia, Jennie. — Aperta minha mão retribuindo o sorriso.
Olho para a garota quieta ao seu lado. Lalisa estava parada igual a uma estátua, nem tinha certeza se ela estava prestando atenção no que acontecia ao seu redor. Suspiro e falo ainda mantendo meu tom amigável, preciso recomeçar com o pé direito.
— Bom dia, Lalisa. — A garota continua parada com a cabeça baixa.
Bambam da uma cotovelada, de leve, em seu braço. — Jennie está falando com você, Lalisa. — Diz olhando para a garota.
— Apenas vamos com isso logo. — Diz baixinho, se não estivéssemos em silêncio esperando sua resposta não teríamos escutado. Meu coração erra batidas ao escutar sua voz trêmula.
Lalisa parecia com medo, muito medo, e por um lado entendo ela, sei que ir para um lugar novo sem ninguém, é assustador, me lembro do que senti ao chegar na Tailândia sozinha, mesmo sendo o melhor para mim na época, foi assustador.
Vendo que Bambam estava pronto para repreendê-la, levanto a mão e nego com a cabeça. — Lalisa está certa, não tem porque demoramos aqui. — Dou dos passos para trás olhando para Bambam. — Irei dar um tempo para vocês. — Sorrio em sua direção. — Vou vê se está tudo certo para irmos. — E sem esperar uma resposta, mesmo duvidando que ela venha, saio de perto deles após abaixar meus óculos.
Sei que Bambam precisa desse tempo para conversar com Lalisa, por mais que saiba que eles já conversaram muito, essa seria a última conversa deles pessoalmente, depois seria apenas por celular.
Mesmo estando falando com o piloto que nós levaria até a Coreia, não tiro meu olhar dos Manoban. Bambam se mantinha a frente de Lalisa, que até agora não havia levantado a cabeça, falando sem parar. Após cinco minutos de conversa, a qual só o homem falava, Bambam suspira e se aproxima de Lalisa a abraçando, posso sentir o corpo da garota tenso, aquilo obviamente não era habitual.
Depois de um tempo sem ser retribuído, Bambam solta Lalisa, sem antes deixar um beijo em sua cabeça, dando um passo para trás. Sei que Bambam se arrepende de tudo que fez com Lalisa, sei que se arrepende de não ter vivido a infância de Lalisa, na verdade, de não ter dado uma infância para ela. Conversamos sobre isso, ele me disse com olhos molhados que se pudesse voltar no tempo faria tudo diferente, e que amaria cuidar de uma Lalisa pequena, por um momento gostaria que isso fosse possível, para que os dois pudessem se resolver e ser realmente pai e filha, podendo assim ter o amor que merecem.
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Minha pequena encrenqueira - Jenlisa
FanfictionLalisa Manoban, filha do traficante e líder de uma das maiores quadrilhas da Tailândia, é uma encrenqueira nata. Seguindo os passos do pai, mesmo que ele não queira, traz em suas mãos sangue de outras pessoas. Lalisa nunca gostou de ser controlada e...