Representante da turma

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O sol brilhava suavemente pelas cortinas da sala de aula quando o novo aluno, Nishimura Riki, entrou. Eu o observei do canto dos olhos enquanto ele se acomodava em seu lugar, cercado por um bando de garotas que pareciam hipnotizadas por sua presença. Riki tinha um cabelo desarrumado, mas estiloso, e um sorriso que, embora encantador, revelava uma superficialidade que me incomodava. Eu sabia que tipo de pessoa ele era: o tipo bonito e popular que facilmente conquistava a atenção de todos ao seu redor.

Enquanto as semanas passavam, eu observava sua ascensão à popularidade com desdém. Ele flertava com todas as garotas, desviando constantemente sua atenção do que realmente importava: os estudos. Minha frustração não vinha apenas da sua superficialidade, mas também do fato de que ele despertava uma curiosidade indesejada dentro de mim, uma atração que eu não queria reconhecer.

Eu me forcei a ignorá-lo, concentrando-me em minhas responsabilidades como representante de turma e nos meus estudos. Eu não tinha tempo para distrações ou pensamentos superficiais. Meus objetivos eram claros: entrar em uma boa universidade e deixar a escola para trás. A biblioteca era meu refúgio, onde as palavras dos livros se tornavam meu único escape do caos da escola.

Certa tarde, enquanto eu me afundava nos livros, tentando ignorar o mundo ao meu redor, ouvi passos se aproximando. Levantei os olhos e me surpreendi ao ver Riki parado diante de mim, um sorriso hesitante nos lábios, como se hesitasse entre a confiança e a vulnerabilidade.

— Você não vai à festa no sábado, S/n? Todo mundo vai estar lá — ele perguntou, sua voz descontraída, mas com um toque de urgência.

— Não tenho tempo para festas — respondi friamente, evitando seu olhar.

Ele bufou, claramente irritado com minha resposta, mas não desiste.

— Você é sempre assim tão chata?

— Melhor chata do que irresponsável — retruquei, sem olhar para ele, mantendo a armadura que construí ao longo dos anos.

Estava pronta para mandá-lo embora, quando Mina, uma das garotas mais populares do colégio, interrompeu o silêncio. Ela apareceu como uma tempestade, e eu sabia que aquela situação só poderia acabar mal.

— Ei, olha só quem está aqui! A ratinha dos livros e o galã da escola — disse Mina, com um sorriso malicioso.

Meu coração afundou enquanto percebia que ela estava ali para testemunhar o nosso encontro. O burburinho começou a crescer ao nosso redor, e em segundos, o rumor se espalhou como fogo selvagem, uma tempestade de especulações e sussurros.

Ni-ki parecia tão surpreso quanto eu, mas antes que pudéssemos nos defender, Mina já estava chamando a atenção de todos.

— Ei, pessoal! Acho que vocês vão querer ouvir isso — ela gritou. — A S/n e o Ni-ki estão aqui juntos. Será que está rolando alguma coisa entre eles?

Senti meu rosto queimar de vergonha enquanto tentava desesperadamente encontrar uma maneira de sair dali. O calor do olhar de Riki era quase palpável, uma mistura de preocupação e confusão.

— S/n, eu...

— Não — eu interrompi, levantando-me abruptamente, empurrando meus livros para o lado. — Não quero ouvir suas desculpas. Isso é exatamente o que eu estava tentando evitar. Agora, por favor, me deixe em paz.

A pressa em minhas palavras e o olhar cortante que lhe lancei foram o suficiente para ele hesitar, mas eu não olhei para trás enquanto me afastava, deixando para trás a confusão e os boatos que ele havia trazido para a minha vida. Sabia que as próximas semanas seriam um verdadeiro inferno, mas estava determinada a não deixar que aquilo me abalasse.

E assim continuou. Cada interação entre nós se transformava em uma batalha verbal. Ele parecia determinado a me irritar, a entrar na minha cabeça, enquanto eu lutava para manter minha indiferença. O desafio se tornava quase uma rotina, um jogo que ninguém realmente queria perder.

No entanto, conforme os dias se transformavam em semanas, percebi que minhas defesas estavam começando a desmoronar. Riki era persistentemente cativante; cada encontro se tornava uma montanha-russa emocional, uma adrenalina que eu não conseguia controlar. As piadas que antes me irritavam começaram a soar como música.

Então, em um momento inesperado, algo mudou. Riki se aproximou de mim com uma seriedade que eu não estava acostumada a ver nele. Ele olhou nos meus olhos, e a intensidade do seu olhar me deixou sem palavras.

— Você nunca vai entender, não é mesmo? — começou, sua voz suave, quase implorativa. — Você se esconde atrás dos livros, mas eu sei que há muito mais em você do que isso. Eu quero conhecê-la, S/n. Não a representante de turma perfeita, mas a garota por trás dela.

Fiquei paralisada, surpreendida pela sinceridade em suas palavras. Uma parte de mim queria resistir, queria manter minha fachada de indiferença, mas algo dentro de mim se derreteu naquele momento. O que eu sempre considerei uma fraqueza agora parecia uma porta aberta para um novo mundo.

Sabia que não poderia mais fugir do que estava sentindo. E assim, em meio ao ódio mútuo que compartilhávamos, algo mais profundo começou a brotar. A tensão entre nós era palpável, e eu sentia que estávamos prestes a cruzar uma linha que não poderia ser desfeita.

Era evidente que Ni-ki havia se tornado uma parte indelével da minha vida, e a ideia de aceitá-lo em minha história começava a parecer mais do que apenas um pesadelo. Poderia esse novo sentimento se transformar em algo belo? A pergunta ecoava em minha mente, e eu sabia que estava prestes a descobrir.


Enhypen- Niki one shots (Fangirl)Onde histórias criam vida. Descubra agora