Capítulo 13 - Piquerez

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O dia amanheceu estranho pra mim, uma sensação que eu nunca senti apareceu, parecia que meu coração ia sair de dentro do meu corpo de tanto que batia rápido.

Tentei não pensar nisso e depois de tomar um banho relaxante, fui para cozinha tomar café antes de ir para o treino. Enquanto a máquina fazia meu café, fui acompanhando as mensagens dos grupos e dei risada com a reação da Sofi com as mensagens da Malu e do Rios, comentando sobre a derrota do Corinthians.

Arrumo as coisas em casa e saio para ir ao treino, vejo que Sofia está parada esperando o elevador chegar, deveria estar indo para o treino também; chego perto e vejo que ela levou susto ao escutar minha voz desejando bom dia e logo virou pra frente ficando vermelha, toda essa reação por conta de um susto?

O percurso dentro do elevador foi bem descontraído, até tentei jogar uma indireta, quase direta, na Sofi pra torcer pelo palmeiras, mas ela é sofredora roxa e disse que poderia apenas torcer por mim, mas pelo meu time a chance é nula. Saímos do elevador, desejei bom treino pra ela e fui para o meu carro; olhei minhas mãos e estavam suadas e frias, respirei fundo e dei partida saindo do condomínio a caminho do CT.

Durante o treino senti que não estava totalmente focado, levei vários puxões de orelha do Abel e dos jogadores do time; pulei o almoço no CT pra ficar no quarto descansando e conversei um pouco com minha mãe e irmã, mas acabei não contando sobre esses sintomas que apareceram hoje.

Quando o treino finalmente acabou, fui o primeiro a sair do campo e ir para o vestiário tomar um banho pra ir embora; estava começando a ficar preocupado com o que estava acontecendo comigo. Não falei com ninguém assim que sair do banheiro, peguei minhas coisas, escutando alguns me chamarem, mas não estava bem para falar.

Entrei no carro, deixei os vidros levantados, não iria atender os torcedores que ficam na frente do CT... eu gostava de parar e falar com eles, mas hoje eu vou ter que deixar.

Dirigir com cuidado até o condomínio, sai do carro com dificuldade e a sensação de aperto no peito voltou junto com a respiração falha; chamo o elevador que já estava no subsolo, entro e aperto botão do andar, rezando para que chegasse logo e eu pudesse me jogar na cama.

Assim que saio do elevador, tento correr até a porta e quando chego me curvo tentando normalizar a respiração e pegar a chave que está no meu bolso.

— Tudo bem aí? – escuto alguém perguntar.

— Eu... Não... – tento falar e me viro dando de cara com a Sofia.

Estou ofegante e escorrego no chão tentando tirar a blusa; a chave que está em minhas mãos caem no chão e vejo ela vindo em minha direção. Ela me ajuda a tirar a camisa e olha procurando ajuda, mas estamos sozinhos no corredor.

— Calma, respira. – ela diz o mais calma possível. — Puxa... E Solta. – ela pede pra eu imitar a respiração dela, mas fica difícil.

— Não consigo. – digo. — Pânico. – falo com dificuldade enquanto mostro minhas mãos tremendos.

Estou tendo um episódio de crise de pânico.

— Seja lá o que for que te deixou assim, pensa em outra coisa. - diz. — Algo feliz. Pensa nos seus pais, sua família.

— Não funciona. - digo pausadamente.

De repente, sinto as duas mãos da Sofi em meu rosto e logo ela junta nossos lábios. Meu foco muda totalmente da crise de pânico para o beijo que ela está me dando; peço passagem para a minha língua explorar a boca dela e levo uma mão até a sua nuca para prolongar o beijo e a outra mão vai para a cintura, deixando um aperto no local e escuto ela soltar um gemido e assim ela se afasta.

— Como você sabia? – pergunto encarando ela que se levanta.

— Não tinha certeza. – ela estende a mão para me ajudar a levantar

— Obrigado. – agradeço e como resposta ganho um leve sorriso vindo dela. Se ela soubesse o quanto eu queria que esse beijo acontecesse faz tempo, talvez ela não olharia mais na minha cara. — Isso nunca tinha acontecido antes. - pego a chave do chão e ela a mochila.

— Eu também nunca tinha presenciado isso antes. –  fala destrancando e abrindo a porta. — Para uma primeira, foi assustador.

— Com certeza! - ficamos nos olhando.

— Está tudo bem? Se quiser, posso te fazer companhia até tudo voltar ao normal. - diz

Encaro ela assim eu escuto a pergunta e depois olho para o chão, travava uma batalha interna com o meu consciente para responder... confesso que o beijo bagunçou minha cabeça, mas o medo de acontecer outro episódio de crise me assusta mais.

— Acho que vou aceitar ter a sua companhia hoje, não sei se pode acontecer de novo. – falo um pouco envergonhado

— Eu só vou deixar essas coisas e tirar a roupa do jogo e já bato aqui. – ela me responde e entra no apartamento.

Entro no meu apartamento e vou em direção ao meu quarto, deixo a mochila em cima da cama e vou para o banheiro, tomo uma ducha para aliviar e coloco uma roupa mais confortável e calço um chinelo; pego o meu celular e vou para sala, e acabo ouvindo duas batidas na porta.

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Um Derbi Inesquecível - Joaquín Piquerez.Onde histórias criam vida. Descubra agora