Harry achava que estava alucinando ao ver o inimigo de escola chorar em frente a um espelho. O moreno não tinha sequer uma lembrança de ver o mais alto sendo tão vulnerável, mas imaginava que segurar uma máscara era muito complicado.
O loiro sentiu a presença do outro, se virando bruscamente, com a respiração forte.- Você está me perseguindo por todos os lugares, Potter.
O grifinório podia jurar que o olhar do outro era de medo, e não de ódio.
- Você está suspeito ultimamente. - Retrucou o moreno, não deixando de perceber o senho do loiro franzir com a resposta.
- E o que isso te importa? Vai embora e me deixa em paz logo. - Voltou a mesma posição que estava antes do menino entrar no banheiro, mas não havia nenhum sinal de movimento do outro- Potter? Tá surdo?
- Isso tudo é uma besteira, a gente não é criança- Retomou o grifinório.
O loiro suspirou.
- Não é mais conveniente para você continuar me odiando?
- Pare com isso, eu nunca odiei você.
O platinado olhou de relance para o grifinório.
- Não me odeia?- Questionou, com um semblante supreso.
- Eu já quis dar um soco na sua cara e desejei várias atrocidades a ti, mas... Acho que odiar é algo muito forte.
-Sim, odiar é algo muito forte, ponto para a grifinória- Sorriu irônico e o outro revirou os olhos- Mas... Acredito que nossas vidas não estão tão... Perfeitas como todo mundo pensa.
Um silêncio se instaurou no banheiro, ambos não sabiam o que falar em uma situação tão anormal como aquela. Entretanto, o grifinório fez o favor em abrir a boca novamente.
- Você não é assim.
- Assim como?
- Tão vulnerável, tão desajeitado, tão... triste- O moreno tentava formular todas as frases, tomando cuidado.
O platinado nada disse, apenas mirou o chão e relaxou a face. O grifinório achou uma ótima oportunidade, chegando mais perto.
- Quero saber... O que está havendo?
O loiro parou de olhar o chão e encarou o garoto que se encontrava a sua frente, mordendo o lábio em nervosismo, fazendo o sonserino mirar os lábios do outro.
Nunca havia notado o quão bonitos eles eram.- Você não entenderia.
- Então tenta- Olhou para o sonserino em busca da resposta do mesmo.
- Ele...- Engoliu em seco, se questionando se aquilo era o certo a se fazer- Quer que eu mate alguém.
- Quem? A mim?
- Não Potter, não seja tão ingênuo.
- Fala logo então.
- Dumbledore.
O moreno paralisou no mesmo instante.
- Matar?
- Sim, ele quer colocar os comensais aqui. Eu virei um comensal Harry, eu não queria ser, mas me obrigaram. Eu não quero matar ninguém, mas eles vão matar a minha família... Eu- Parou o platinado quando sentiu um soluço sair da sua garganta, colocando uma mão na frente dos lábios e inevitavelmente sentiu suas costas tremerem.
O sonserino imaginava que iria ser amaldiçoado no mesmo instante, entretanto, sentiu os braços do menor envolverem sua cintura em um gesto de conforto. O grifinório colocou a testa apoiada nas costas do outro.
- Eu entendo, você não é ruim, Draco- Completou o moreno, fazendo com que Malfoy virasse na sua direção.
- Não sou? Como pode dizer uma coisa assim?
Potter observava os olhos acinzentados do outro, transformados em medo e tristeza. Acreditava que o platinado sentia a mesma solidão que ele sentia, todos os dias acordar e ter medo de morrer, ter medo das pessoas que ama morrerem também.
- São nossas escolhas que importam.
Harry passou as mãos ao redor do pescoço do Sonserino, o abraçando. O maior envolveu suas mãos gélidas ao redor da cintura do outro.
Eu quero poder ajudar- Articulou como um sussurro, fazendo o outro se arrepiar por estar tão perto.
- Não preciso da sua compaixão Harry.
- Já é tarde para se bancar de difícil.- Gesticulou mirando os olhos do loiro, eles eram bonitos.
Malfoy apertou a cintura do menor, agarrando sua camiseta, fazendo com que o menor ficasse em dúvida, ele queria socar a sua cara agora?
-Draco, você tá...- Percebeu que Draco o olhava com outro sentimento, e não raiva.
O sangue do moreno fervia e em nenhum segundo ousou parar de olhar para o loiro, ele desconhecia aquele olhar. Draco parecia ter esquecido de tirar as mãos da cintura do moreno, começando a fazer um carinho na região. Harry parecia apreciar a idéia, soltando um suspiro pesado, não estava entendendo a razão do corpo agir assim. Encostou sua testa no ombro do outro e sentiu pequenos beijos serem depositados nas suas bochechas, descendo gradativamente para o maxilar e subindo novamente para perto dos lábios finos do moreno.
O moreno observou a insegurança do maior ao se afastar, logo puxou sua camisa para voltar para o lugar que se encontrava. Vendo que Malfoy não estava seguro, selou, ele mesmo, os lábios nos do loiro.
Harry pediu passagem com a língua que foi aceita em bom grado. Explorava a boca do outro, causando uma batalha entre ambos, e ninguém queria perder. Com a confiança conquistada, Draco dava pequenos selinhos nos lábios de Harry.- Draco...- Tentava falar, mas o outro estava ativamente atacando a boca do moreno. - Você está me matando.
Malfoy soltou um riso curto.
- Perdão... - Completou enquanto mirava o chão.
- Você está bem Malfoy?
- Sim... Bem não, mas vou ficar.
- A gente vai te ajudar.
- A gente?
- É... Meus amigos.- Disse sorrindo.
- Oh, a gangue vai me ajudar?- Revidou com um ar sarcástico.
- Quer um soco?
- Prefiro um beijo.
Harry olhou para o loiro refletindo sobre a resposta, pensava que ambos estavam querendo fazer isso a muito tempo.
- Acho melhor mesmo- Retrucou o moreno.