Capítulo 4 - A primeira vista é tão...clichê

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 Meu nome é... Lorenzo, Lorenzo De Luca.

  Lorenzo De Luca? De onde eu tirei esse maldito nome? E por qual motivo eu disse ele? Talvez a presença da garota em minha frente fosse um pouco intimidante, mas não poderia me identificar tão facilmente, não para uma desconhecida em meu quarto. Viola, Viola era seu nome. Era bonita e vestia roupas sofisticadas. "Roupas que nenhuma stripper usaria. Sério, Thomaz, como você pode ser tão tolo."

  Era óbvio o motivo da confusão no rosto da jovem. Um rapaz estranho entra em seu quarto, não se identifica e a acusa de ser uma stripper. Sua mão estava um pouco trêmula enquanto segurava o telefone, pronta para chamar a segurança para prender um maníaco que tinha invadido sua suíte.

— Senhorita Viola, peço desculpas por esse incômodo. Podemos resolver isso de forma tranquila? — Não poderia deixar que um escândalo envolvendo meu nome saísse para as revistas, ainda mais com outra mulher, meu pai me mataria.— Posso ir até a recepção e te colocar em um outro quarto.

— Ótimo, eu vou com você. Espera só um minuto.— A garota, que não parecia ter mais que a minha idade, pegou seu celular e sua carteira e foi em direção a porta, sendo acompanhada por mim.

  Mandei uma mensagem avisando Artur do que estava acontecendo, caso eu tivesse necessidade de um advogado e ele já estaria a postos pronto para processar qualquer um. Essa é uma vantagem de ser um irmão pós graduado em direito. 

  O silêncio que se penetrou dentro do elevador estava criando um clima constrangedor para ambos, o som dos cabos se mexendo no lado de fora parecia uma sinfonia de acordes para nos envergonhar ainda mais. Viola, aguardava ansiosamente sua amiga atender sua décima segunda chamada perdida, mas a mesma não dava retorno. Com toda sua atenção focada no celular, pude me permitir analisá-la um pouco melhor. Seus cabelos escuros eram curtos até os ombros e seus olhos tinham o mesmo tom das madeixas, tinha jóias de ouro em seu pulso esquerdo e um anél no polegar em sua destra, mas sem nenhuma aliança. Sem aliança. Ela é solteira. "Por que estou pensando nisso?". Foi então que percebi que minha aliança de noivado ainda estava em meu dedo. Por um breve impulso eu a tirei sem que Viola percebesse e coloquei em meu bolso.

  Ela não podia saber que eu estava no hotel para minha despedida de solteiro, se não poderia divulgar para a mídia que o "futuro herdeiro da empresa multimilionária" estava farreando por Mônaco. Não mesmo. Voltei a olhar o visor do elevador, estávamos chegando no térreo, para meu alívio.

 Para minha surpresa, Marco Mornatari, um dos meus melhores amigos que tinha vindo comigo, ainda estava na recepção tentando resolver um imprevisto que tinha acontecido no estacionamento. O manobrista tinha lhe entregado a chave de outro carro e agora a dele poderia estar com um senhor de 56 anos embarcando para a Austrália. Pelo visto a viagem estava sendo agradável para todos. 

— Senhor, eu já lhe disse, a chave que o senhor tem é de um hóspede que já fez o check-out, ele saiu há alguns minutos. O máximo que eu posso fazer é ligar para ele e pedir que retorne para o hotel, o que eu já fiz.— O recepcionista tentava acalmá-lo, mas parecia ser uma tentativa muito falha.

— Você não entende, eu acabei de comprar esse carro e eu não trouxe a chave reserva comigo, por favor peça alguém para ir atrás desse homem!— Ao perceber a discussão calorosa que poderia se formar, eu decidi intervir antes que se prolongasse.

— Marco, mon ami. Ele está fazendo o que pode. Deixe o homem trabalhar.— Passei o braço pelo seus ombros e o tirei da frente do recepcionista, que agora parecia um pouco menos amedrontado. — Peço desculpas pelo meu amigo, ele está um pouco nervoso, mas ele entende que vocês estão fazendo o possível.— Puxei o louro até onde Viola estava, a qual assistia a cena um pouco cômica.

Entre Acasos CorrespondentesOnde histórias criam vida. Descubra agora