Capítulo 2- Apostas, depois apostas, e adivinha? Mais apostas

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  O silêncio calmo e sereno que se instalava em minha sala foi interrompido pelo toque agudo e irritante do telefone em minha mesa. Ótimo, me despeço de meus pequenos minutos de paz. Queria poder destruir esse aparelho insistente, mas aquilo fazia parte do meu trabalho. Quando seu pai decide se aposentar do cargo de presidente de umas das maiores empresas de investimentos da região e coloca você em sucessão, todo o peso se torna o dobro e todo o cansaço também. O momento não seria o dos melhores. A Kylium estava prestes a se unificar a uma outra empresa. E assim o peso se triplica. Aquilo era o meu sonho desde adolescente e eu tinha sido treinado e estudado para ser o próximo presidente, mas isso não diminuía toda a carga que estavam impondo para mim.

Mais um toque. Droga, eu tinha que atender.

— Thomaz Bianchin, bonjour.— Cumprimentei formalmente, implorando para que a pessoa do outro lado se apresentasse. Adicionei um lembrete mental de repreender a minha secretária recém contratada, Marrie, ela passava ligações sem se certificar se eu estava ocupado.

— Thomaz! Cher ! Por que você saiu tão cedo hoje? Nem me deu um beijo de bom dia.— Uma voz fina ecoou pela linha. Francesca, minha noiva.

— Desculpe Fran, mas eu não te pedi para não ligar pelo telefone da empresa? Eu posso estar ocupado.— Abri meu terno para afrouxar a gravata que a mesma tinha escolhido para mim.

— Eu sei Thomaz, mas eu tentei te ligar pelo seu celular e só está caindo na caixa postal. Você está se lembrando do almoço de hoje com sua família? Vamos almoçar naquele restaurante perto do seu trabalho e depois vou sair com sua mãe para podermos fazer a prova de doces.

— Eu estou lembrado, mon amour. Não se preocupe não vou me atrasar. E me desculpa novamente por hoje, você sabe como a Kylium está um caos.— Vi meu amigo, Adam adentrando minha sala e me aproveitei para me despedir de minha noiva.— Querida, o Adam está aqui, vamos tratar algumas coisas, eu te vejo no almoço.— E assim desliguei o telefonema após ouvir um rápido "eu te amo" do outro lado.

— Olha só quem está todo amoroso. Não acredito que o meu pequeno Thomaz já está se tornando um homem.— Adam se sentou em um dos meus sofás e abriu seu terno.— Se eu não te conhecesse, diria que está quase entrando em um colapso.

— Nem me diga! O casamento, o meu pai se aposentando e agora uma nova empresa entrando em sociedade com a Kylium, eu estou muito sobrecarregado.— Me levantei e comecei a caminhar pelo escritório, precisava de um pouco de ar.

— E é por conta de todo esse estresse que eu e os rapazes decidimos te dar umas mini férias de quatro dias para você descansar.

— Você sabe que eu não posso fingir que isso tudo não está acontecendo e viajar. Meu pai iria dizer que eu sou irresponsável e eu não posso dar o luxo de deixar ele ainda mais tenso.— Adam estava certo em relação ao estresse, mas deixar a empresa seria imaturidade.

— Não precisa viajar, pode ser apenas um descanso, ficamos aqui em Mônaco e se algo acontecer você vai estar por perto. Aliás, o Sr Bianchin ainda não se aposentou, ele segura as pontas.

— E o que a sua namorada acha de você estar planejando uma despedida de solteiro para mim?— Os olhos de Adam reviraram com tanta força que eu acreditei por alguns instantes que não voltariam ao normal.

— Ela sabe muito bem que eu jamais faria algo que prejudicasse nossa relação. Eu falo sério Thomas, saia para relaxar e limpar um pouco a mente.— A insistência do rapaz mais velho estava clara que não iria embora, então a única opção para expulsá-lo de meu escritório era dar a ele algo que o agradasse.

— Tudo bem, eu penso sobre isso. Agora vai trabalhar, porque se você quer sair para um descanso, tem que adiantar suas demandas.— E empurrei o homem para fora da minha sala.
Finalmente sozinho. De novo.

Entre Acasos CorrespondentesOnde histórias criam vida. Descubra agora