Eliot:
Uma vez eu estava vagando pela cidade à procura de um abrigo, pois desde que meus pais morreram eu não tenho mais onde passar a noite. Me indicaram um hotel do outro lado da Cidade, próximo ao Vale das Almas Solitárias. De primeira eu achei a indicação estranha, mas como passar a noite na rua desta cidade é muito pior que ser morto, me arrisquei.
Chegando próximo aos limites da cidade, onde uma enorme montanha se ergue para além do mundo conhecido, havia uma enorme falha e uma trilha natural que parecia ter sido moldada por mãos não humanas, pois era de perfeição indiscutível. Neste vale não havia luz alguma e as vozes que ecoavam me fizeram entender o porque de seu nome. No meio da descida começaram a aparecer bifurcações, assim como me fora dito. O caminho certo a se seguir era: direita, direita, esquerda e enfim veríamos três portas. A primeira porta era de mármore puro e sobre ela havia a cabeça de um leão, também entalhado em mármore; a segunda, que ficava à direita da primeira, era simples e esculpida na própria montanha. Já a terceira era de ouro maciço e lá haviam diamantes. Meu instrutor me dissera o motivo daquilo: a primeira porta simbolizava a ruína dos que entravam, já que para adentrar qualquer uma delas, você precisava consultar seus sentimentos antes, uma vez que eles quem os guia numa situação de pressentimentos, e o mármore simboliza o passado engessado que essa pessoa iria se encontrar ao cruzar esta porta. Um futuro de dor e morte precoce. A segunda -a porta que eu deveria seguir- representa a simplicidade e o bom discernimento de saber que do pouco pode-se extrair muito. A última era destinada à riqueza. Ele me disse que todos os que cruzavam esta porta se isolavam por enlouquecer, mas que vez ou outra as pessoas eram felizes ao cruzar e por isso também não voltavam, apenas mandavam notícias. Ao cruzar a porta me deparo com uma trilha simples e assim se segue até chegar a um ponto onde as paredes parecem afunilar, mas nada acontece até eu finalmente sair da trilha e avistar a cidade sobre uma montanha. Eu não me lembro de ter subido tanto e isso realmente me asustou...
Logo que saio consigo me nortear e finalmente chegar ao hotel.
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Contos da Cidade Sombria
FantasyPequenos contos e crônicas dos habitantes de uma cidade até então triste e sem vida.