Angels Like You- VERONITA

A Máfia

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Depois dessa conversa com Mathias, sou levada às diversas aulas e atividades. Prometo à mim mesma que darei o meu melhor e conquistarei meu espaço nesse lugar.
O Orfanato fazia uma espécie de seleção dos seus alunos, separando os melhores dos medianos. Os melhores eram colocados em uma classe avançada. Felizmente fiquei nesse grupo já que, modéstia à parte, sempre fui boa aluna.
Na classe avançada aprendemos o conteúdo do Ensino Médio, mas o ensino é focado principalmente em legislação e direito. Somos instigados a aspirar carreiras policiais e jurídicas. Eu era uma das melhores, tanto nas aulas teóricas, quanto nos treinamentos físicos e de tiro. Por ser uma das mais promissoras, comecei a ganhar mais atenção dos superiores, eu era uma das protegidas deles. Ao contrário do que eu estava acostumada na minha vida, quando comecei a me destacar eu era coberta por elogios. Diziam sempre como eu era inteligente, esforçada e bonita, coisas que nunca ouvi de minha mãe. Com o passar do tempo, me forcei a ser cada vez mais grata por estar aqui e, de certa forma, me sentia muito orgulhosa de mim mesma. Finalmente encontrei algo em que eu era boa, algo que eu finalmente me sentia pertencida. Ao mesmo tempo, ecoava dentro de mim o vazio de não poder viver de verdade, de ter o tempo todo tomado por atividades que eu nem mesmo sabia para que me serviriam no futuro.

Um dia, quando já fazia mais de um ano que eu estava no Orfanato, fui chamada à sala de Mathias. Nesse meio tempo o pastor havia crescido muito e tinha começado a ter grande visibilidade. Mathias pede que eu me sente e começa a falar:

-Anita, minha querida! Eu sabia, desde o primeiro dia que te vi que você era diferente! Você é muito especial para mim e, agora que você já está para completar 16 anos, gostaria que entrasse logo para a faculdade de direito e soubesse mais a fundo sobre os nossos negócios. Você gosta dessa área, não é?

Ouvi as palavras de Mathias maravilhada. Eu sabia que tinha algo muito sigiloso dentro da instituição e não pude conter minha alegria ao saber que agora confiavam em mim para participar disso. Além do mais, vi a chance de alcançar a profissão que mais admirava.

-Sim senhor, gostaria muito me formar em direito e seguir carreira como delegada de polícia.- respondi, ainda radiante.

-Por ser uma aluna tão dedicada no que faz, eu já adiantei todo o processo e você não precisará prestar vestibular, começará direto no próximo semestre.- me informa Mathias enquanto tranca a sua porta e vem para trás da minha cadeira.- Fico feliz que você tenha seguido o conselho que te dei quando chegou aqui e tenha aproveitado todas as oportunidades que EU te dei de crescer.- completa, dando ênfase quando fala de si mesmo.

-Sim senhor, embora tenha vindo pra cá contra a minha vontade e ter ficado relutante no início, sou muito grata por tudo que o Orfanato me proporcionou.

-Ótimo, minha querida. Agora, antes que eu te apresente os nossos projetos futuros, acho que EU mereço que você me retribua de alguma maneira, você não acha?- enquanto dizia isso, Mathias acariciava meus ombros.

-O que quer dizer com isso? Você sabe que eu não tenho dinheiro...- digo, com o coração palpitante. Era bom demais para ser verdade.

-Eu não estou falando de dinheiro, Anita. Você sabe que um homem tem necessidades, né? E ultimamente eu venho dando tanta atenção para a igreja, para a instituição e principalmente para você, que não tenho tempo de me  aliviar... Você sabe que um dos princípios de um bom cristão é a justiça, certo? E acho que depois de tudo o que eu venho fazendo por você, é justo que você retribua me ajudando com o meu problema.

Ao terminar de falar, ele beija a minha boca. Me assusto e tento me afastar mas ele me segura no lugar. Mathias olha pra mim ainda com aquele olhar de carinho e orgulho e me sinto mal. Acho que ele tem razão, depois de tudo o que ele e a Instituição fizeram por mim, eu tenho que retribuí-lo de alguma forma, o próprio pastor Mathias nos ensina sempre que Deus condena aqueles que são ingratos.