O garoto do Iceberg. - pt1

49 5 56
                                    

Com o auxílio de um binóculo, Kiunraq procurava algum sinal de terra firme enquanto eu e o senhor Kenai jogávamos Pai Sho. Ruuka estava recostada em cima do timão, bocejando enquanto piscava várias vezes para se manter acordada. Eu mesma também estava cheia de sono. Kenai demorava muito para analisar o tabuleiro, além de que o vento frio contribuía para a minha sonolência. Enquanto o senhor a minha frente aproximava ainda mais seu rosto no tabuleiro com uma expressão de dúvida, eu encostei meu rosto na minha mão, fechando os olhos, senti que iria dormir mas logo despertei quando Kiunraq gritou;

— TRIBO DO SUL A VISTA! — ele gritou para o resto de nós, que logo nos alertamos. Ruuka fez uma cara feia pra Kiunraq enquanto eu me levantava de forma sonolenta. Dei um tapa em seu pescoço quando tomei o binóculo de suas mãos.

Ao posicionar os binóculos, pude ver a pequena Tribo do Sul de longe. Um ar de nostalgia invadiu meu peito, fazendo eu ficar ansiosa. Logo em seguida, percebi algo estranho, logo, fiquei apreensiva.

— Tem alguma coisa errada. — Abaixei os binóculos enquanto observava a pequena aldeia escondida entre a neve. Empurrei o instrumento contra o peito de Kiunraq e me virei para a direção de Ruuka, que estava no timão. — Ruuka, prepare as canoas. Vamos atracar o navio perto de um iceberg próximo. Kenai, pegue todos os suprimentos que consigamos carregar nas canoas.

— O quê? — o garoto mais velho perguntou em um tom de confusão, depois veio a me seguir. — Miali, qual é o problema? É a nossa tribo irmã, não há nada para temer!

— Aquele barco da Nação do Fogo virá atrás de nós mais cedo ou mais tarde, e eu não vou pôr em risco a minha tripulação e os habitantes da minha terra natal. — Miali tentou ser firme, mas demonstrava preocupação em seu tom de voz. — Agora por favor, Kiunraq. Por nossa segurança. — Seu semblante que, ainda estava sério, continha tristeza e apreensão.

— Ao seu dispor, princesa. — Kiunraq fez uma pequena reverência antes de passar pela garota para ajudar Ruuka e Kenai com as canoas. Miali respirou fundo e juntou as mãos ao peito. O colar de sua mãe era a única coisa que a ajudava quando se sentia ansiosa. A lembrança de sua mãe e seu pai cantando para ela dormir quando ela tinha 6 anos se fez presente em sua cabeça. A voz suave de sua mãe e o som do xilofone feito com dentes de baleia embebedaram seus ouvidos enquanto ela tentava imitar a melodia. Era uma melodia doce e calma, semelhante a uma canção de ninar. Ela parou ao perceber que já se esqueceu parte da música. Ela soltou o colar e respirou fundo novamente, tentando esquecer o nó em sua garganta. Ela levantou a cabeça quando uma lágrima solitária rolou em sua bochecha vermelha pela frio, ela dava um sorriso agradecido enquanto olhava para o local que sua terra natal de localizava.

— Já fazem tantos anos...— O vento marítimo passou por seu rosto, fazendo seu cabelo balançar com o vento. Mais uma lágrima rolou no rosto de Miali, que ela limpou rapidamente. — Estava com tanta saudade...


Eram ao todo de duas canoas. Eu e Kiunraq em uma que ficava a frente enquanto Ruuka e Kenai iam atrás de nós com algumas dos caixotes de suprimentos. Ambas estava conectadas por cordas. Eu estava observando meu reflexo na água enquanto Kiunraq estava com um dos remos, manobrando a canoa para que ela não se deixasse levar pela correnteza marítima.

— Então, onde iremos atracar as canoas? — Ruuka perguntou enquanto estava com a cabeça encostada na grande barriga de Kenai, que dormia com a cabeça tombada para trás, roncando.

— A Baía dos Pinguins - Lontra fica só a alguns metros daqui, chegaremos em alguns minutos. — Levanto o olhar e já vejo o local em questão. Vários pinguins - lontra andando em grupos. Meus olhos brilharam ao lembrar das vezes em que eu, Katara e Sokka brincávamos de escorregar pelas montanhas de neve em cima dos pinguins.

THE GIRL FROM THE SEA - ZukoOnde histórias criam vida. Descubra agora