CAPÍTULO OITO
Xiao Zhan
EU tento me distrair com reparos e não pensar em Yibo o resto do dia, mas não funciona. Cinco horas chegame Yuan está limpando, quando eu digo: — Vou ficar por aqui e cuidar de algumas coisas. Você pode deixar isso. Eu cuido disso.
— Yibo vai voltar?
Meu olhar se volta para ele. Do jeito que ele perguntou, não acho que Yibo tenha contado a ele. Há uma possibilidade de ele ter nos ouvido, mas estávamos do outro lado do prédio, então ele teria que descer naquela direção e ouvir. — Sim. Como você sabia?
Ele encolhe os ombros, como se isso fosse uma resposta – e quando você está conversando com Yuan, é. Ele dá o que quer e fica quieto o resto do tempo.
— Você tem uma coisa misteriosa acontecendo com você, — digo a ele.
— Eu? — Ele inclina a cabeça. — Eu não sabia. Divirta-se. — Yuan pega suas coisas e sai, e eu limpo e ando pela loja, esperando por Yibo.
Eu não deveria sentir um zumbido sob a pele, mas sinto. Sempre foi assim com ele, embora às vezes seja mais suave do que outras. Ao longo dos anos desde que ele se foi, às vezes esqueço que ele está lá, mas reapareceu junto com ele. No momento é apenas um zumbido silencioso que mal consigo sentir, mas ainda sei que está lá.
Estou quase terminando quando ouço uma batida na porta de metal, antes que ela ranja e se abra. — Zhan? – Yibo chama.
— Estou aqui. — Vou em direção à porta enquanto ele a fecha atrás de si. Há algo estranho nele. Suas costas estão rígidas como normalmente ficam quando ele está com raiva ou se sente desconfortável consigo mesmo.
— O que está errado?
A simples pergunta o relaxa um pouco. — Eu juro que às vezes é como se você soubesse que algo está errado comigo antes de mim... não que eu não saiba agora. Apenas meu pai e suas merdas típicas. Eu realmente quero esquecê-lo esta noite, no entanto. Podemos fazer isso?
Nunca entenderei Wang Ziteng, e quanto menos tempo falando sobre ele, melhor. — Falar sobre quem? — Eu provoco e ele dá um pequeno sorriso. Não é de verdade, mas ele está tentando. —Você quer jantar primeiro ou começar?
— Definitivamente, começar.
O zumbido sob minha pele aumenta, não apenas por causa dele, mas pela excitação pelo que estamos prestes a fazer. Tranco a porta atrás de Yibo e o levo até o Mustang.
— Vamos desmontar primeiro. Tenho tudo o que precisamos, mas o mais importante é garantir que separamos e rotulamos tudo.
— Sim, senhor! — Yibo brinca, depois bate palmas, esfregando-as. Isso faz com que sua camiseta fique apertada contra o peito.
— Você está animado? — Eu levanto uma sobrancelha.
— Claro que sim. Faz muito tempo que não faço coisas assim. Não desde que eu costumava fazer isso com você.
Não posso fingir que isso não me faz sentir quente por dentro. Talvez eu não seja capaz de lhe dar muito e, embora esse tipo de trabalho nunca tenha sido o amor de Yibo como é o meu, ele gosta, e é algo que só nós dois compartilhamos.
— Adoro poder colocar você para trabalhar para mim, mas de alguma forma fazer você pensar que é divertido. Isso faz parte do meu plano maligno.
— Bem, você é bom nisso.
— Vamos fazer isso.
Juntos encontramos um processo, começando pelas portas e partes do corpo fáceis de remover. Yibo faz perguntas, esperando que eu o instrua, o que não é algo que ele faz em muitas áreas de sua vida, mas ele nunca se absteve de fazer isso comigo.
— Como estão seus pais? — ele pergunta.
— Indo bem. Ainda feliz como sempre. Juro que nunca conheci duas pessoas que se encaixassem tão bem quanto eles. Mas não posso fingir que mamãe nem sempre está se perguntando quando trarei um homem para casa. — Não sei por que disse isso, nem por que toquei no assunto, mas a única coisa que escondi perto de Yibo foi o que sinto por ele, então todo o resto meio que escapa.
— Você nunca fez? Trouxe um cara para casa? — ele pergunta, olhando para a tarefa à sua frente.
— Tive namorados e eles até conheceram um ou dois, mas ninguém sério. — Eu me esforço para afrouxar uma porca, mas ela não está se mexendo. — Como você e Bob se conheceram?
— Rob. — Há um desafio divertido em sua voz que diz que ele sabe que fiz isso de propósito.
— Oh, desculpe. Meu erro.
— Tenho certeza que foi. — Yibo ri. — Em uma festa de arrecadação de fundos.
— Uau... nunca estive em um desses. Acho que não sou sofisticado o suficiente.
Desta vez não posso deixar de olhar para ele. Ele revira os olhos. — Pare de ser um pirralho.
— E aí cara. Chega de xingamentos. Não tenho ideia do que você está falando.
Ficamos em silêncio por um momento, trabalhando. Quando Yibo vai até o balcão para etiquetar, ele pergunta: — Por quê?
— Porque o quê?
— Por que você nunca levou alguém a sério? Você é o tipo de pessoa que quer o que seus pais têm. Você é um cara legal, de ótima personalidade, muito gostoso.
Bem, inferno. Tenho certeza de que ele não quer a resposta para essa pergunta. Na verdade. Mas, novamente, eu também acho que ele sabe, ele simplesmente não se permite acreditar, ver. Às vezes isso torna a vida mais fácil. — Só não encontrei o homem certo, eu acho. Você conhece alguém?
— Não, Haoxuan .
— Jesus — eu gemo, deixando cair a cabeça para trás. —Vamos fazer isso toda vez que passarmos algum tempo juntos?
Ele se vira para mim.
— Espero que não? Isso é o melhor que tenho. Eu não planejei dizer isso desta vez. Simplesmente aconteceu.
Eu suspiro. — Deus sabe que Haoxuan não é perfeito. Ele tem seus defeitos, mas não é o inimigo. — De certa forma, Haoxuan se sente ainda mais quebrado do que Yibo e Yuan para mim. Pelo menos eles veem Ziteng como ele realmente é. Haoxuan é quase como uma criança, apegado à imagem de nossos pais que temos quando somos jovens e sentimos que eles não podem fazer nada de errado.
— Eu não pretendo estragar isso. Nós. Essa noite. Eu simplesmente não consigo me manter sob controle quando se trata dele.
Ele e Haoxuan definitivamente têm isso em comum…
— Devemos voltar a conversar sobre como você me chamou de gostoso?
Yibo ri. — De verdade, cara. Esse novo músculo que você tem... e seu rosto é meio áspero e mais velho. Os anos foram bons para você.
Reviro os olhos. — Que bom que pareço bem velho.
— Você não está velho. – Ele volta para o carro. — Se você está velho, eu estou velho.
— Os anos foram bons para você, eu acho. Não tenho certeza se diria quente, mas... nada mal.
Ele me empurra de brincadeira. — Idiota.
— Você quer que eu minta para você? — Estou mentindo agora, é claro, porque Yibo é e sempre foi o homem mais lindo da porra do mundo para mim.
— Que melhor amigo você é. — Yibo passa o braço em volta de mim e beija minha têmpora. — Obrigado.
— Pelo quê?
— Ser você... e nunca ter medo de me colocar no meu lugar, mesmo quando isso é chato pra caralho.
— Eu procuro agradar. — Inalando, sinto o cheiro dele e tento me agarrar a esse momento para quando ele se for. — Agora, vamos trabalhar ou o quê?
— Cristo, sim, vamos fazer isso. Eu não tinha ideia de que você era tão mandão.
— Você ainda não viu a extensão disso.
Depois disso, damos ao meu carro a atenção que ele merece. Cerca de duas horas depois, meu estômago ronca e Yibo levanta a cabeça. — Merda. Você deveria ter dito que estava com fome. Eu nem estava pensando. O que você quer?
Dou de ombros. — Eu como qualquer coisa. — Não sou conhecido por ser exigente quando se trata de comida.
— Que tal ficarmos aqui e eu vou pedir pizza. Vou até quebrar a regra de não usar abacaxi para você desta vez.
— Pertence à pizza, Yibo.
— Não. Realmente não importa.
Temos tido essa discussão a vida inteira. Principalmente apenas por diversão, porque embora Yibo não coma, ele sempre conseguia o que eu queria. Às vezes ele me surpreendia e aparecia com pizza de calabresa e abacaxi, mesmo reclamando de brincadeira o tempo todo.
— Um dia vou fazer você provar.
— Nunca vai acontecer.
— Você está me pedindo que o jantar aconteça? Porque meu estômago está prestes a comer sozinho.
Ele ri enquanto pega o telefone e faz um pedido. Continuamos trabalhando até que o entregador envie uma mensagem de fora para nos avisar que está lá.
— Você pode ficar aqui. Eu vou buscá-lo, — Yibo me diz, e eu aceno. Vou rapidamente ao banheiro, lavo as mãos e, quando volto, ele está sentado no chão de concreto, encostado na parede, com duas caixas de pizza, pratos de papel, guardanapos, copos plásticos e dois litros de refrigerante.
— Você sabe que há uma mesa na sala de descanso nos fundos onde Yuan e eu comemos, certo?
— Algo errado aqui?
Não, não há. Sempre adorei o fato de Yibo ser o tipo de cara que usa ternos caros e vai a festas caras, mas ele também fica bem sentado no chão, comendo pizza, com cheiro de peças de carro ao nosso redor.
— Não. Só queria confirmar.
Ele se levanta. — Eu preciso mijar e lavar as mãos, no entanto.
Concordo com a cabeça e sento no chão enquanto Yibo vai cuidar de seus negócios. Coloquei alguns pedaços de pizza de frango com churrasco em um prato para ele e depois peguei um pouco da minha. Quando ele volta, eu digo: — Não consigo entender por que você acha que abacaxi na pizza é estranho, mas não churrasco.
— Porque tudo que você faz é mais estranho. — Yibo se senta ao meu lado, nós dois encostados na parede e comendo. Depois de alguns minutos, ele diz: — Não vou ficar na casa do papai esta noite. Haoxuan perdeu a cabeça com isso, quando na verdade não faz sentido. Papai está bem. Acho que ele só quer controlar tudo, quer sentir que estou fazendo algo que ele diz que devo fazer porque não estou aqui há muito tempo. Provavelmente vou alugar um quarto para passar a noite. Eu só... não posso ficar perto do papai.
Meu estômago se aperta quando me pergunto o que Ziteng fez desta vez.
— Isso é ruim, hein?
— Me sinto como uma criança quando digo isso, mas às vezes acho que realmente o odeio. Tentei dizer a mim mesmo que não deveria. Ele é minha família, e não é isso que mamãe iria querer, mas...
— Mas você pode sentir como se sente. E o amor é conquistado, o respeito também, e tipo, não é algo que as pessoas conseguem só porque compartilham o mesmo sangue que você.
— Porra. Obrigado. Eu sei disso, mas às vezes só preciso ouvir isso de você. Inferno, se não fosse por você e Yuan, eu já teria pegado um avião para voltar para casa.
Mais uma vez, tento não recuar diante da palavra casa. A verdade é que Santa Monica é a casa dele agora.
— Estou feliz que você vai ficar... não só por minha causa, mas por Yuan. Acho que ele precisa de você mais do que jamais admitirá. Acho que todos os três irmãos Wang sim. — Toco seu pé com o meu.
— E você não precisa de um quarto de hotel, idiota. Você pode ficar comigo esta noite. É um grande sacrifício, mas estou disposto a fazer isso por você.
— Oh, tenho certeza que é terrível ter que dividir uma casa comigo. Não sei como você vai sobreviver — ele brinca de volta, depois cutuca meu pé também, só que Yibo deixa o seu ali, próximo e apoiado no meu. — Posso não merecer você, mas com certeza sou grato por você. Diariamente. Mesmo enquanto eu estava fora, Zhan.
Ele não entende o que palavras como essas fazem comigo. A maneira como bombeiam sangue pelo meu coração, fazendo-o inchar e crescer.
Fazendo-me ter esperança.
— Você me merece. Você nunca se viu tão claramente como eu te vejo. Você merece o maldito mundo inteiro, se quiser.
Yibo não responde, mas coloca a cabeça no meu ombro e não a levanta por um longo tempo.
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𝒀𝑰𝑩𝑶
FanfictionWang Yibo Quando deixei Birchbark com raiva e com o coração partido, prometi nunca mais voltar. O destino tinha outros planos. O pai que odeio teve um derrame, então agora estou de volta à Peninsula para cuidar dele. Os habitantes locais tratam pa...