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CAPÍTULO VINTE E QUATRO

Xiao Zhan

— Seu namorado não voltou para ver nosso pai nem uma vez desde que foi morar com você, — Haoxuan  diz em vez de olá quando se senta à mesa do restaurante. Estamos em um canto tranquilo, mas ele ainda fala baixinho para ninguém ouvir.
— Você pode culpá-lo? E por que você faz isso? Por que você reclama de Yibo para mim? Não podemos almoçar bem?  Haoxuan  não consegue não reclamar. Simplesmente não é assim que ele é. Em parte é sua insegurança, em parte é sua maneira de descobrir mais sobre Yibo sem perguntar. Dessa forma, é mais fácil fingir que ele não se importa.
— Papai foi o motivo de ele voltar para cá. Ele só se preocupa consigo mesmo.
A garçonete se aproxima e recitamos um pedido rápido de hambúrgueres e batatas fritas.
— Isso não é verdade e você sabe disso. E eu gostaria de pensar que o resultado disso será um relacionamento melhor entre você, Yibo e Yuan.
Haoxuan  bufa. — Isso nunca vai acontecer. Talvez entre os dois, mas sempre sou eu quem eles culpam por tudo. Eles já decidiram quem eu sou e que não gostam dessa pessoa.
— Do jeito que você fez com eles?
Haoxuan  se encolhe. — Eu não quero falar sobre isso. Quando você vai embora?
Eu olho para ele. Não é como se eu esperasse que Yibo contasse a ele, mesmo que não tivessem se passado apenas alguns dias desde que a decisão foi tomada. Eles não falam a menos que sejam obrigados, mas também odeio ser eu quem faz isso, embora o que tenho a dizer seja, em última análise, uma coisa boa.
— Não vamos. Decidimos ficar. Yibo ligou e avisou. Ele tem que voltar e trabalhar por algumas semanas para acertar as coisas, mas decidimos ficar.
Haoxuan  não se move, apenas fica ali sentado olhando para mim, seus olhos escuros encarando os meus. Posso ver o choque ali, a confusão também, misturada com incerteza e talvez um pouco de tristeza. A última, presumo, é porque Yibo não contou a Haoxuan  pessoalmente, mas se a situação fosse inversa, Haoxuan  também não teria contado a Yibo.
— Como você conseguiu que ele fizesse isso? — ele finalmente pergunta.
— Foi ideia dele.
— Porque ele sabe que não é digno de você. Ele vai acabar culpando você assim como fez quando fui para a faculdade. Ele...
— É o bastante! — Eu o interrompi. O olhar de Haoxuan  se volta para ter certeza de que ninguém está olhando. — Eu não vou mais fazer isso. Não serei o intermediário entre você e Yibo. Se você tem algo a dizer a ele, diga a ele. Sei que em parte é minha culpa tentar preencher essa lacuna, mas não consigo mais. Estou dizendo a ele a mesma coisa. Então, se você não pode passar tempo comigo sem falar sobre Yibo... bem, então não podemos passar tempo juntos.
Estou tão cansado disso. Não só para mim, mas para eles também. Não deveria ser assim. A família não deveria ser assim.
— Você pode respeitar isso?
Haoxuan  se recosta na cabine. Por um momento, acho que ele vai se levantar e ir embora, mas em vez disso ele balança a cabeça. —Estou concorrendo a prefeito.
Suas palavras fazem meu pulso falhar. — Você não quer ser prefeito.
Eu sei que ele não quer. Esse nunca foi um dos objetivos de Haoxuan  e, mesmo que tivesse sido, eu saberia que não foi algo que ele escolheu para si mesmo.
— Meu Deus, Haoxuan . Ele quer que você faça isso, não é? Como ele está se aposentando, ele quer que você concorra. Você não pode viver sua vida por aí...
— Você não pode ter as duas coisas, Xiao Zhan. Se Yibo está fora dos limites entre nós, então meu pai também está.
Ele me pegou aí. Por mais que eu queira dizer a ele para acordar e parar de deixar seu pai comandar sua vida, eu não faço isso. E por mais que eu queira esticar o braço por cima da mesa e torcer o pescoço dele, também não faço isso.
— Espero que você saiba o que está fazendo, — é tudo que digo. É a vida de Haoxuan. Ninguém pode lhe ensinar essas lições. Ele vai aprendê-los sozinho ou não.
A garçonete vem então com nossa comida. Nós imediatamente mudamos de assunto, a tensão ao nosso redor aumenta, como tem acontecido todas as vezes que nos vemos desde que Yibo voltou para casa.
Comemos e conversamos. Haoxuan  insiste em pagar a conta e não tenho coragem de discutir.
Lá fora, nos despedimos, Haoxuan  começando a caminhar em direção ao carro, quando eu digo:
— Ei, Haoxuan ?
— Sim? — Ele se vira para olhar para mim, tudo nele no lugar como sempre está. — Eu te amo, você sabe disso? E sempre estarei aqui para você.
Ele suspira. — Você não pode nos consertar, Xiao Zhan. Tentar vai te matar, mas eu também te amo, cara.
Observo enquanto ele entra no carro e vai embora.
Meu peito parece mais pesado na caminhada de volta para a oficina do que no caminho para cá.
Yibo está na oficina, ajoelhado ao lado de Yuan enquanto explica algo a Yibo sobre a parte de baixo do carro que eles estão olhando. Não posso deixar de ficar para trás e observá-los, aproveitando o momento entre eles, mas também são dois irmãos quando deveriam ser três. Eles são todos igualmente culpados. Haoxuan  está chateado porque Yuan e Yibo estão se aproximando, mas ele nunca tentou se aproximar de Yuan. Tudo o que ele faz é desprezá-lo. Mas em defesa de Haoxuan , acho que Yibo e Yuan olham para Haoxuan  e veem o pai.
— Ei, lindo, — Yibo diz quando me nota. — Pensei em passar e dizer oi.
— Almocei com Haoxuan . – Ele chamou.
Yibo acena com a cabeça, e se ele tem sentimentos fortes sobre isso, ele não os demonstra. Só para ter certeza de que ele sabe que sou dele, vou até sua boca e dou um beijo ardente.
— Bem, merda, Xiao Zhan. Eu não sabia que você tinha isso em você. — Yuan brinca, e eu o viro por cima do ombro de Yibo.
— Estou feliz que você esteja aqui, — digo a Yibo.
— Eu estava entediado pra caralho em casa.
Isso vai ser um problema. Eu adoraria que Yibo estivesse na oficina todos os dias se fosse aqui que ele quisesse estar, mas sei que não é. Ele precisará encontrar algo que seja dele, descobrir o que diabos ele quer em Birchbark além de mim. Se ele não conseguir encontrar, isso será um desastre.
— Como está Haoxuan ? — ele pergunta, os dentes apenas ligeiramente cerrados.
Aceno com a cabeça em direção ao corredor e Yibo me segue. — Eu disse a ele que vamos ficar.
— É aqui que você me diz que deveria ter sido eu quem fez isso? — Ele arqueia uma sobrancelha.
— Não, baby. É aqui que eu digo que terminei. — Seu rosto fica duro e levo um momento para perceber como minhas palavras soaram.
— Não com você. Deus, nunca com você. Porra, me desculpe. Eu não estava pensando em como expressei isso.
— Jesus. Você quase me deu um ataque cardíaco. — Ele esfrega a mão no peito. — O que você terminou, então?
— Sendo o intermediário entre você e Haoxuan . Eu disse a ele o mesmo no almoço hoje. O que há entre vocês dois é entre vocês dois. Não posso continuar interferindo. Quero o que for melhor para todos vocês, mas...
— Shh. — Yibo coloca os dedos nos meus lábios.
— Nossa merda não é problema seu. Você não nos deve nada,  Zhan. Tenho sorte de você ser meu homem, e eles têm sorte de ter você como amigo. Não somos sua responsabilidade. Quer dizer, não posso fingir que não precisamos de um árbitro, mas você mais do que fez a sua parte. Depende de nós agora.
Cristo, eu amo esse homem. Suas palavras acalmam toda a preocupação dentro de mim. Lambo seu dedo e o chupo em minha boca.
— Não me distraia. Podemos fazer isso mais tarde. Eu só... quero passar mais tempo fazendo você feliz... dando-lhe o que você precisa. Você me dá muito e eu quero lhe dar o mesmo em troca.
— Baby. Você faz. — Eu o puxo para um beijo, pressiono seu corpo contra a parede, esfrego-o contra ele para que meu cheiro vá de mim para ele. — Nós terminaremos isso mais tarde, — eu digo, concordando com ele.
— Venha e deixe-nos mostrar o que fazemos com carros.
Yibo sorri. — Lidere o caminho.


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