Capítulo 5 - Todos cometem erros

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⚠️ - Contém gatilho ;)

Narrador

Dinho entra na cozinha onde Diana terminava de fazer seu brigadeiro

— Quer ajuda? — Ele aproxima da irmã mais nova que nem sequer olha para ele — Di?

— Não, já terminei. — Segue com a panela até o prato que havia reservado na pia e despeja o doce sobre ele. Dinho a olha com a expressão triste, ele suspira e retorna para a sala

Samuel e Sérgio desceram as escadas e ambos seguiram para o sofá menor. Dinho se sentou na poltrona e eles aguardaram por Diana em silêncio. Diana voltou para a sala com o prato de brigadeiro e o pote de pipoca os deixando na mesinha de centro. A garota seguiu até a melhor amiga colocando a mão na testa da mesma

— Vamos ter que levá-la no hospital — Diz Diana para Sérgio e Samuel

— O caralho — Liz se senta no sofá e tira o pano de sua testa — Me da a porra de um medicamento e eu fico boa — Tosse. Todos a encaram assustados pela sua mudança repentina de humor e forma de se expressar

— Nós só estamos preocupados com você, Liz — Diana segura nos ombros da amiga para deitá-la novamente — Você está assim porque está com febre, está delirando, você precisa descansar

— Não, eu preciso ficar sozinha sem ter vocês fingindo que me amam e se importam comigo — A mais nova remove as mãos de Diana de si e se levanta do sofá — É só me dizer onde tá a porra do remédio — Começa a andar pela sala quase nem aguentando ficar em pé

— Liz...

— Me deixa, Samuel! — Ela grita para o irmão e segue até a cozinha procurando por medicação para febre — Não tem remédio nessa casa? SÉRGIO VOCÊ ESCONDEU OS REMÉDIOS? CADÊ OS REMÉDIOS, CARALHO! — Liz joga todas as coisas que estavam em cima do armário no chão

Todos que estavam na sala correm até a cozinha e se deparam com a garota sentada no chão

— O que aconteceu com você? — Diana se aproxima de Liz e ajuda ela a se levantar — Que remédio, Liz? Você está delirando!

— Ela não está delirando, Di — Responde Samuel suspirando em seguida. Diana o olha confusa — Ela não ta falando de remédios para gripe...

Os olhos de Diana voltam para Liz

— Eu não acredito nisso, Elizandra. — Diana a encarou e sentiu sua expressão e seus sentimentos mudarem por completo — Você... O que você...?

— Cala a sua boca sua mimada do caralho, você não tem nada a ver com a minha vida — Liz grita para Diana e sente alguém segurar seu braço

— Não grita com ela, entendeu?

Liz vira o seu olhar para aquele que havia agarrado seu braço e se depara com o mesmo Dinho que havia entrado em seu quarto meses atrás. O olhar de Liz antes raivoso se transformou em um olhar triste pela forma como Dinho havia falado com ela naquele momento

— Não se mete, Dinho — Diana diz para o irmão que solta o braço da mais nova. A mais velha encara Liz nos olhos e funga — Agora eu sei porque o seu irmão fica tão triste quando fala de você. Agora eu sei porque o Samuel se demonstra tão infeliz... Quando você for a minha melhor amiga, quando você voltar a ser a liz que eu conheci, a gente volta a conversar — Os olhos de Diana se encheram de lágrimas e ela se retirou da cozinha sem dizer mais nada. Samuel seguiu sua namorada e Sérgio foi atrás em seguida

Um silêncio se formou na cozinha

— Eu não sei... Eu não sei o que deu em mim, eu não sei — Ela se na cadeira da cozinha, apoiando seus cotovelos sobre a mesa e colocando as mãos na cabeça — O que tá acontecendo comigo?

— Isso se chama abstinência — Sua voz era endurecida pela raiva que sentia — Se chama vício — Suspira e se senta na cadeira ao lado de Liz — Se não se libertar disso, vai continuar magoando as pessoas que te amam

— Ninguém me ama, Dinho, eu sou um monstro

— Você só está assustada e com febre — Ele colocou a mão sobre o braço dela — Me desculpa por ter agarrado seu braço — Ela o olhou

— Me desculpa por ter surtado, eu não, não soube me controlar, me desculpa — Seus olhos se encheram de lágrimas — Minha cabeça ta doendo tanto, eu estou tão confusa, estou tão mole e com frio

Dinho fechou seus olhos e suspirou

— Amanhã é um novo dia — Se levantou da cadeira e abriu seus braços — Sobe — Liz se levantou da cadeira e subiu no colo de Dinho encostando sua cabeça em seu ombro

Dinho levou a garota até o seu quarto, a colocou na cama, ligou o abajur e a cobriu com sua manta cor de rosa

— Por que continua cuidando de mim mesmo sabendo que eu sou do mal?

Dinho ri fraco

— Você não é do mal, você só está passando por uma fase cíclica por estar sem o seu antidepressivo e relaxante muscular — Pigarreia — Está passando pelo desmame, vai ser difícil para sua mente, mas estou orgulhoso por ter jogado as medicações fora, continue assim e vai evoluir — Beijou sua testa e se sentou nos pés da cama

— Você me ama?

— O que? — Dinho franziu o cenho

— Você me ama, Dinho? — Ele sorriu de lado e concordou com a cabeça — Canta para mim?

Dinho suspirou, se levantou e se sentou ao lado dela na cama, apoiando a cabeça da mais nova em seu ombro passando a acariciar seus cabelos loiros

— Você é linda e sabe viver, você me faz feliz, essa canção é só pra dizer e diz — Dinho suspira — Você é linda mais que o demais, você é linda sim, onda do mar do amor que bateu em mim

Liz levanta seus olhos para olha-lo, os olhos de Dinho vão de encontro aos seus

— Onde aprendeu essa música? — Perguntou Liz com os olhos cheios de lágrimas

— É bem famosa essa música, Liz — Ele riu

— Meu pai cantava essa música para mim — Ela sorri emocionada e Dinho sorri para ela acariciando seus cabelos

Os dois não conseguiam tirar os olhos um do outro, estavam vidrados em seus próprios olhares. De repente, sem nenhum aviso prévio, seus lábios se encostaram. O mais velho colocou sua mão sobre a nuca da garota aprofundando o beijo entre eles. Para eles, aquele ato não havia sido apenas um impulso ou necessidade, mas era uma conexão entre duas almas que estavam destinadas a se encontrarem. A relação deles era de outras vidas e isso era nítido para todos que viam de fora, Liz e Dinho haviam selado um contrato em outro plano onde prometeriam um ao outro que se encontrariam em sua próxima encarnação (eles só não sabiam disso)

Os dois se afastaram por falta de ar, porém um clima estranho pesou sobre os dois corações presentes naquele quarto. Liz era muito nova para Dinho e além de ser melhor amiga de sua irmã, era irmã de seus melhores amigos, então ele se culpou no momento que deixou os lábios da mais nova. Sabia que estava apaixonado por ela, mas em um choque de realidade percebeu o quanto aquilo era errado, Liz por outro lado se sentiu perdida e confusa, não tinha sentimentos por Dinho daquela maneira, mas, aquele beijo havia mexido completamente com a sua cabeça e coração.

O mais velho se levantou da cama ás pressas e a mais nova se cobriu com seu edredom

— Eu vou descer — Diz para ela sem nem sequer olhá-la. Ele seguiu para a porta a abrindo e se retirando do quarto em seguida.

Liz permaneceu estática, confusa e sem reação. O que havia acabado de acontecer? Para ela era normal beijar os garotos e depois esquecê-los, mas com Dinho havia sido diferente, um beijo comum para ela tinha sido a primeira vez que havia sentido a troca energética presente no toque humano

[...]

Wonderwall - Dinho Alves (Mamonas Assassinas)Onde histórias criam vida. Descubra agora