Reencontro Inesperado

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Não pensei muito nos meus atos diante da situação e tentei continuar andando, disfarçando meus sentimentos de medo e desconforto. Senti um apertão firme entre meu antebraço e meu tríceps, enquanto uma simples risadinha debochada escapava de seus lábios. Ele me segurava com firmeza. Olhei para ele e observei seu rosto pálido e seus cabelos platinados, que se misturavam com a camisa branca, tudo em perfeita harmonia com a névoa do ambiente. Malfoy parecia ter saído diretamente de um filme totalmente dramático. Apenas faltava a chuva para completar o clima. Seu semblante cansado e abatido era evidente, lembrando-me dos últimos segundos que o vi na guerra bruxa, fugindo como um coelho para sua toca. Fora isso, não sabia como ele tinha passado esses anos.

— Me solta Malfoy, não temos nada o que conversar! —digo agitando o braço, por dentro em pânico, por fora irritada.

— Acha mesmo que eu procuraria logo você se não fosse um assunto importante? —Malfoy larga meu braço e me encara com certa piedade e constrangimento. — É sobre Hogwarts! —sussurra com receio.

Eu o olho com total desaprovação, pois o que tivesse relação com Hogwarts, não me interessava.

— Eu não quero saber nada que venha de lá. Eu estou aproveitando tranquilamente minha vida por aqui... É onde tenho paz. —menti descaradamente... eu não tinha paz nenhuma.

Vejo decepção ou raiva no semblante de Malfoy, mas não tenho certeza.

— Tola insolente...renunciando sua própria linhagem, traindo aqueles que perdemos em guerra, pra viver nesse lugar ridículo? —esbraveja.

— Desde quando você se tornou alguém discutível, Malfoy?... Analisando que sou sangue-ruim, você não deveria se importar comigo, né? —rebato — E pra sua informação, bruxos não são superiores aos trouxas. Não os trate assim!

— Não torne esse momento mais difícil do que já é. —diz se recusando a responder minha segunda pergunta. — A propósito, somos superiores aos trouxas sim...eles podem se virar sem magia, mas não podem voltar no tempo. O que já é um meio impossível para eles, e nunca iriam conseguir algo grandioso assim. Acredito que haja outros e mais outros exemplos...mas, não tenho tempo a perder discutindo algo tão banal. Magia é superior a tudo.

Ele tinha razão. Ele tirou de mim todos os meus argumentos. Então Malfoy, de um ano para o outro se tornou alguém provido de argumentos e conhecimento?

Dois senhores interromperam meu raciocínio ao esbarrarem em nós, tentando passar entre mim e Malfoy em direção à porta do bar. Eles seguiram diretamente para dentro, e foi aí que percebi que estávamos bem próximos da entrada do estabelecimento. Malfoy, com sua típica expressão amarga, resmungou para si mesmo: 'Nem pedem desculpas!' É irônico pensar que ele nunca se desculpou na vida.

— Enfim, o que quer comigo? —retorno ao diálogo o encarando com um olhar azedo.

— Não posso falar disso aqui...talvez um lugar mais afastado!

Reajo com total desprezo e desaprovação. Jamais eu iria em qualquer lugar com Malfoy, ainda a sós, sem testemunhas.

— Está enganado se acha que pode me levar para lugares assim!

Ele suspira e revira os olhos.

— Quer saber o que eu quero ou quer passar o resto da sua vida em um bar medíocre, afogando as mágoas na companhia de trouxas?

— O quê? —reflito por alguns segundos minha vida habitual.

— Vem logo, Granger! —tornando novamente a agarrar meu braço, Draco me puxa enquanto estou dispersa pensando nos ocorridos nos últimos meses.

A Ascensão de um BruxoOnde histórias criam vida. Descubra agora