Capítulo 2.

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"Quando a gente é criança o escuro parece guardar as piores coisas existentes e não
existentes, mas a medida que crescemos,
podemos ver que os perigos
verdadeiros não se escondem de ninguém,
muito pelo contrário, eles te atraem
e mostram um lado da vida
que você não conheceu ainda."

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Álcool!
É a única maneira de passar por isso sem fechar a cara e pedir para ir embora é a base de álcool.
Não está na minha rotina beber, e com toda certeza não faço com frequência, mas quando necessário não vejo problema nenhum, até porque é só fazer com consciência.
Algo que pelo visto a maioria desses jovens não tem!

Em poucas horas de festa os gritos aumentaram e a música também.
Mas a parte engraçada de estar em um local como esse é que ninguém está sozinho, em uma sociedade que todo mundo se encontra romanticamente e magicamente cedo faz com que as festas tenham um número absurdo de casais e consequentemente ninguém dá em cima de você, ou te olha diferente.
O que é bem reconfortante quando se está com o teor alcoólico elevado.

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Agora já são 2:45 da madrugada e reconheço que, talvez, de copo em copo minha visão está começando a ficar embaçada. Mas parece que hoje, diferente das outras vezes, estar sozinha não me parece algo comum, ou que eu já saiba lidar....
Ver todos falando sobre seus namorados ou namoradas está causando um sentimento estranho, que eu não gosto!
Não sinto isso, desde sempre me acostumei com a vida leve e tranquila, sem nenhum problema romântico mas hoje tudo parece levar até esse ponto da minha vida, o dia todo alguém falava sobre eu não estar ao lado de ninguém.

Não consigo entender. Isso não me afeta!
Ao contrário do que muitas pessoas acham, essa "solidão" se tornou tão comum que eu comecei a abraça-la como amiga e pensar que isso apenas uma maneira de me livra de situações que não me favorecem.
Como por exemplo o piercing que Júlia colocou no umbigo, escondido dos pais, apenas porque o namorado dela achava que combinava com a personalidade dela! E hoje a menina não pode mais usar algo curto, ou até mesmo biquíni, perto dos próprios pais.

Um garçom passou pela lateral da mesa em que eu estava sentada observando casais dançarem na pista, ao som da única muísca que não ofendia 10 minorias que passou pela primeira vez durante a festa inteira, e aproveitei para pegar mais um copo de bebida vermelha que, sinceramente, eu não sei oque é, mas me parece bom.
Mas antes que eu pudesse levar o copo para a boca uma mão passou e o tirou da minha mão, derramando o conteúdo em uma planta que estava por perto.

-Eiii, Juju, não faz isso não....eu ia beber um pouquinho disso! A planta não quer....ou será que ela queria? a quanto tempo ela não recebe um copinho de bebida....- indaguei rindo enevoada vendo Júlia parada na minha frente, com o copo já vazio na mão me olhando com uma cara feia, e eu não entendi a raiva dela.
-Já deve ser seu 20° copo, já chega! Olha para você....meu Deus, acho melhor irmos embora antes que alguma coisa aconteça. Vamos! - e com isso ela começou a tentar me levantar, mesmo com meus pedidos para ser deixada lá.

Não quero tirar ela da festa e nem do momento de liberdade que ela raramente tem, não por causa de um pouquinho de bebida.
-Não Juju, não irei com você não.... Vai lá vai, vai lá...lá dançar com seu namorado vai - minha voz tentava não sair e quando saia tinha um leve embaralhamento, já que pelo visto minha língua resolveu não funcionar.
-Não posso ir aproveitar a festa e muito menos o meu namorado se eu continuar te vendo ao longe se afogando em sabe se lá que mágoa é essa! Pare de beber!

-Ok, ok senhora preocupação, não vou beber mais...amanhã, hoje pode! é festa....beber é normal né? Jovens normais bebem... e eu sou uma jovem normal. - falei levantando um pouco o dedo para enfatizar meu pensamento e conclusão filosófica. - E desde quando..você Juju...é a minha mamãe? Em?

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