Kia estava há um mês perdida no deserto. Tinha 14 anos. Estava na fase final do treinamento fremen e não via a hora de voltar para a cidade, estava ansiosa para contar tudo que passou no deserto para sua mãe e tia. Alguns soldados fremen estavam fazendo o mesmo treinamento com ela, mas ao contrario dela todos estavam em treinamento para lutar na Jihad. Orgulhosos guerreiros fremen, com seus olhos azul sobre azul cheios de esperança e próposito. Todos destinados a guerra santa.
Na ultima noite escolheram seus nomes fremen. Kia, não tinha ideia de qual nome escolher, foi quando uma pequena memória atravessou sua mente.
"- Olhe para você? como pode caber tanta água em um corpo tão pequeno? - A mulher a pegou no colo e começou a ninar - Shh... shh.. sua água é de extrema importancia Jalila, não a desperdíce assim"
Jalila. Era assim que iria se chamar.
Ao voltar para o forte foi recebida com muito alivio por Chani. A mulher sabia que poucos sobreviviam ao deserto e não houve um dia que temeu pela vida de Kia, ter sua filha de volta em seus braços era um sinal de boa sorte e de que tudo estava bem.
- Jalila. - disse Kia para Chani, enquanto ainda recebia o abraço da mãe. - eu escolhi Jalila como meu nome fremen, só irei atender a ele a partir de agora. - disse em tom de brincadeira. Chani ficou surpresa com o nome pois, um dia antes, Paul havia se referido a menina assim. Chani era fremen demais e interpretou isso como outro sinal de sorte. A surperstição fremen.
*****
Era o décimo terceiro ano da guerra santa. Paul havia decido que seria melhor começar a ter mais aliados pela galaxia e decidiu que, de tempos em tempos, chamaria alguns aliados para passar um tempo em Arrakis. No mesmo dia da chegada de Kia, estava havendo uma dessas reuniões, um grande jantar e todos estavam presentes comandantes de batalhões, vendedores de água, alguns representantes das casa maiores que apoiavam Muad'Dib, a Guilda até mandou um representante.
Encostado em uma parede observando os truques dos dançarinos facias estava Leto II. Alto demais para sua idade, 14 anos, seu cabelo cacheado, olhos azul sobre azul e pele cor de olivia, as características não deixavam dúvidas, era realmente filho de um Atreides e de uma fremen. Estava cansado demais para socializar e de qualquer jeito, já tinha interagido o dia inteiro com a maioria daquelas pessoas e só queria voltar para o seu quarto.
Olhando de longe para o cojunto de almofadas e tapetes no centro do salão, viu sua mãe. Sentia imensa saudade dela. Lembra de quando era pequeno e ela o colocava ao lado de Kia em uma rede, cantava canções de ninar fremen para os dois e os fazia rir com brinquedos coloridos, era seu espaço seguro em sua mente. Mas lembra também da dor da separação, pois logo em seguida, seu pai sempre vinha e o levava para pequenas expedições nos campos de pousos dos tópteros, cresceu entre a correria de arrumar as navas para as próximas explorações em outros planetas, via a ansiedade dos fremen em participar da jihad.
Seu lugar favorito era o depósito de facas, era muito habilidoso com elas e, para sua surpresa, Kia também começou a adorar esse tipo de arma, sempre ouvia entre os homens o quanto a menina era habilidosa para a idade e em como Alia, sua tia, era uma ótima professora. Ele não era muito de conversar com Kia, algo na menina lhe intimidava profundamente. Os olhos grandes e azuis que pareciam saber de tudo, a postura reta e autoritaria toda vez que passava por ele como se ele nem estivesse ali, mas adorava o sorriso da menina. Sempre que ela vinha ter treinamentos particulares com Gourney o velho soltava alguma piadinhas tentado se amostrar, ela ria. Gargalhava como se toda a alegria do mundo dependesse daquilo. Pensar que Kia era para ser sua feria um pouco seu orgulho, não conseguia imaginar outra imperatriz se não fosse ela. Bom, de qualquer forma ela seria imperatriz, não seria sua imperatriz, mas seria.
Resolveu se retirar para seu quarto. Se despediu do pai, deu um beijo em sua mãe e foi em direção ao jardim. Notou que tinha alguém o perseguindo. Sabrina, a filha do vendendor de água, homem presunçoso porém patético demais, Leto não tinha paciêcia para ele.
- Sim? - Disse o garoto, pegando a moça de surpresa com sua atitude.
- Olá, princípe Leto, sinto muito se o pertubei. - Leto sentia sinceridade em sua fala e seu rosto demonstrava nervosismo, a menina estava vermelha de vergonha. Leto achou aquilo adorável.
- O que a traz aqui? - tentou colocar compreensão sua voz, algo que deu certo pois o rosto da menina se suavizou um pouco.
- Gostaria de saber se o princípe gosta de tâmaras...
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Kia (em pausa)
FanfictionE se umas das irmãs de Irulan tivesse ficado em Arrakis junto com ela? e se o primeiro filho de Paul e Chani tivesse sobrevivido? *Baseado no livro, porém também tem alguns elementos dos filmes do diretor Denis Villeneuve*