04 - Vendida

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        Eu já não aguentava mais andar. Já estava anoitecendo quando ao longe vejo a pequena vila.
Escuto o suspirar pesado do meu pai em seguida de uma gargalhada.

– Finalmente. – Ele murmura.

Todos os olhares estão diretamente em mim, mamãe falava muito desta vila mas eu nunca pude vir.
Paramos próximo á um bar e meu pai desce do cavalo, aproveito então para olhar ao redor. Todo o lugar está sob pedras cinzas por todos os lados e ao longe podia-se escutar uma música baixa, sendo cantarolada.

– Fugimos desta vila assim que eu soube a verdade, veja – Ele aponta ao redor. – Todos falavam sobre a traição, e graças a você, tivemos que nos retirar, isso é tudo que perdemos. – Fala e amarra o cavalo ao meu lado. Depois escuto seus passos se distanciarem.

Olho para os meus pés, evitando o contato visual com as pessoas. Porque simplesmente não me abandonaram? Tento espantar as lágrimas que querem cair, já quero dar mais motivo para humilhação.

Meu pai volta, desta vez com um garrafa de bebida em mãos.

– Venham! Venham! – Ele passa a gritar enquanto ria-se. As pessoas começam a se aproximar, inclusive os bêbados, olhando com curiosidade para mim.

Quando há pessoas o suficiente, papai me puxa até ele.

– Está é filha de uma das melhores prostitutas do sul! – Anuncia em tom alto. O sul era conhecido pelas orgias e prostitutas.
– Ela me foi vendida e agora, senhores, eu a trouxe aqui para revenda! – Fala e os homens passam a gritar animados.
– Está limpa e não possui nenhuma doença! Além de ser completamente submissa! Venham! venham!.
– Porque ela tem o rosto machucado? Não é obediente? – Alguém questiona e tapo meus ouvidos quando gargalhadas ecoam. Não estava nada acostumada com tantas pessoas e tantos sons.
– E-Eh, não é isso! – Papai tenta se explicar, mas após isso as pessoas passam a se dissipar.
– Merda! – Ele ruge completamente irritado.

– Quantas moedas quer por ela? – Uma voz fina surge e eu levanto minha cabeça, um homem imenso, rechonchudo, está no meu campo de visão.
– 300 moedas de ouro, meu amigo. – meu pai rapidamente se anima. O homem gargalha.
– Está muito caro para um prostituta. – Ele diz se aproximando de mim e pega no meu rosto o apertando, fecho os olhos de dor.
– Este corte se tornará uma cicatriz horrenda, essa coisa não vale mais que 50 moedas. – Ele solta meu rosto abruptamente e olha para meu pai com nojo e se afasta.

– Vamos! – Papai fala e me puxa pela corda, levanto-me apressadamente e passo a segui-lo.
– Vamos para alguma estalagem, já está frio.

Encontramos uma, e por 1 moeda de ouro garantimos a noite, mas teríamos que dividir a mesma cama.
Papai me permitiu ser alimentada e tomar um banho, quem sabe amanhã eu iria valer mais que 50 moedas.

Me encolho na cama e tento descansar um pouco, sabe Deus o que me acontecerá amanhã, e enquanto eu tentava, Papai não parava de tagarelar o que faria com as moedas, dentre as mais variadas coisas, ele dizia que iria comprar uma casa agora na vila para então voltar a ter sua vida normal com a mamãe e Lyli.

A L D R I K

– Olhe como está isso! – Darcy reclama alto e eu apenas rio diante sua reação. Ela havia acabado de derrubar seu bolo recém feito, sujando toda a mesa da cozinha. – Essa barriga idiota não ajuda! – Ela bufa.

Me aproximo cauteloso, e a abraço por trás.

– O que eu posso fazer para diminuir seu ódio, meu amor? – Pergunto e afasto seus longos cabelos pretos para o lado, deixando seu pescoço livre para minha boca faminta. Darcy era quase da minha altura o que me permitia sempre a surpreender com beijos quando eu quisesse.

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