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P.O.V. Duda:
-Para, tá legal?-Eu assenti, e ele continuou.-Bom, a um ano atrás eu cometi a burrada de te apostar.Com essa aposta eu te conquistei, ganhei sua confiança e acabei com tudo que tínhamos juntos...Você soube de tudo bem no dia que eu ia acabar com a aposta pra ficar contigo, pra ser feliz ao seu lado...-Respirou fundo.-Lembra do nosso primeiro beijo?-Perguntou, e eu assenti.Riu de leve antes de falar,parece que se lembrava da cena.-Sabe, Duda, eu sempre achei que aquilo de dar valor depois de perder fosse bobagem, mas hoje eu vejo que é a mais pura verdade.Não existe, nem vai existir, ALGUÉM como você.Sério, não quero te forçar a nada, nada mesmo.Só quero a tua amizade.Quero começar do zero, mostrar que eu mudei pra melhor e mostrar que eu sou o melhor pra ti.-Eu fiquei em silêncio.
Depois do desabafo, desci do banquinho e me virei de costas, indo pra pia.
Não queria que ele me visse chorando.Não de novo.
-Olha, Henrique, eu chorei muito por você, senti sua falta pra caramba...
-Não sente mais?-Me interrompeu, se aproximando.
-Deixa eu termina, tá legal?!Continuando, você me fez sofrer muito.Não que eu esteja jogando na sua cara o quê você fez, não, só que com esse sofrimento todo, eu aprendi a ser forte, eu criei uma barreira e não queria de modo algum quebrá-la agora...eu não tô preparada, mesmo que seja pra recomeçar com uma amizade...Eu não quero sofrer, não de novo.-Suspirei alto.-Você não sabe como é ser apostada por alguém que você mais confia.A dor é grande.-Finalizei depois de alguns segundos.
-Você ainda confia em mim?-Perguntou, segurando meu rosto entre as mãos.
-Não devia, mas confio.-Respondi tentando não olhá-lo.
Estávamos muito perto um do outro.
Já sentia sua respiração ofegante.
Eu queria, e ele também, era só deixar rolar, né?É.Mas não.Eu não ia deixar.Não agora...
-Deixa rolar, Duda.
-Henrique, eu te peço, por favor, não.-Respirei.-Não agora.
Me afastei dele.
-Eu te espero.-Tá!Confesso!Isso que ele disse destriu a minha barreira.
-Então, já que vamos ser amigos, que tal uma piscina?!
-Estamos trancados aqui, amiga.
-Nada que eu não resolva.-Pisquei pra ele.-Vou tomar um banho e já resolvo isso.
Fui pro chuveiro.
Precisava pensar, organizar as ideias e, reconstruir a minha barreira.
(...)
Saí do banho e coloquei um biquini branco liso com um short jeans e uma blusinha larga.Fiquei descalça mesmo.
Fui pra cozinha -o interfone ficava lá-, e disquei o número 01.
Caía direto na portaria do condomínio.
-Pois não?
-Andersson?
-Sim.
-Jóia?Aqui é a Duda, prima do João, apartamento 2002.É, eu queria saber se tem como o senhor abrir a porta pra mim.Meu primo foi pra escola e esqueceu de deixar a chave pra mim.-Henri me olhava, segurando o riso.
-Claro.Já já eu abro aí pra você.
-Senhor Andersson, mais uma pergunta, a piscina já tá liberada?
-Já sim, senhorita Rodriguez.
-Obrigado.-Desliguei, e o trouxa do Henrique começou a rir.
-Você é demais.-Comentou após se controlar.
-Eu sei.
-Nossa!Quanta humildade, meu povo.
Ficamos conversando, comendo Fini até o porteiro abrir a porta.
(...)
-Vai entrar?-Perguntei para o Henrique, e ele me encarou.
-Agora não.-Falou, e eu tirei minha blusa.-Biquini branco?-Perguntou.
-É.Por quê?
-Nada.-Respondeu me encarando.
-Se for pra me encarar pode ir embora.
-Desculpa.
Depois que ele falou, eu entrei na piscina.
Fiquei lá mais ou menos meia hora, e o Henrique não entrou.
Saí da piscina pra chamar ele.
-Heeeey!Vem nadar comigo.-Fiz um biquinho.
-Não faz biquinho.-Falou me analisando.
-Que foi?-Perguntei, após perceber que ele me olhava fixamente.
-Sabia.-Se levantou e me cobriu com uma toalha que ele havia trago, olhando pra uns muleque que me olhava, assim como Henrique.
-Do quê?-Perguntei, e ele me ignorou.-Ow, me ignora não.
-Vem cá.-Me puxou pra mais perto.
-O que você vai fazer?
-Cala a boca.Por favor.-Falou e me beijou.
Oi?!Como assim?!
Tá, tá.Não vou negar que eu não recusei.O que fez ele sorrir no final do beijo.
-Quê isso?!Pirou!?
-Marcando território.
-Oi!?!
-Olha lá.-Apontou com a cabeça pros mulequinhos.
-O que é que tem?
-Branco e água é a mesma coisa que transparência.
-E...?
-E que tão te tarando.-Falou me tirando de perto da piscina.
-Me larga.Quero ir pra piscina.
-Vai ficar querendo.
-O seu cú.-Me soltei dele e voltei pra piscina.
-Quê isso hein, novinha!-Um moleque gritou lá da quadra de futebol.
-Aaah se não tivesse namorado.-Um segundo comentou já vindo pra piscina.
-E quem disse que eu tenho!?!-Falei e olhei pro Henri que tava puto comigo.
-Então tenho chance?-Perguntou se sentando na borda da piscina.
-Não tem não, parceiro.-O ser, vulgo nome é Henrique falou.
-Quem decide sou eu.
-Olha seu primo chegou.-Mudou de assunto, me puxando da piscina.
(...)
Depois desse ocorrido, não falei mais com o trouxa.
O João chegou, e fomos almoçar na casa da Maju.
A tia Ju fez parmegiana!!Não tinha como falar não.
Depois do almoço, brincamos com Kaio, irmão mais novo da Maju.Ele é um fofo, um amorzinho!!
Ele chama o Biel de cunhadinho, é muito fofo!
Dá vontade de morder.
(...)
Ficamos de assistir filme lá no apartamento do João.
Acho que agora que eu estou aqui, esse povo vai vir muito pra cá.Eba!Sou importante!
-Henrique, virou mania pegar meus finis sem pedir?
-Afê.Depois eu compro uma caixa pra você.
-Falou vai ter que cumprir.-Nathan comentou.
-Você pode dizer, né, Nathan?
-É.Apanhei por uma coxinha.
-Não foi bem assim.-Falei, rindo.
Vou explicar se não vão achar que sou louca -e talvez eu seja-.
Foi assim: eu estava no recreio comendo uma coxinha, daí o Nathan pegou a MINHA coxinha e saiu correndo.Ele falou assim que me dava uma coxinha, e o tal dia nunca chegava.Até o dia que fomos em um barzinho, e ele se recusou a pagar a minha coxinha, então, lembrando que ele me devia uma coxinha, eu bati nele até ele pagar.
FORAM PEQUENOS TAPINHAS!!
-Aperta play logo.-Maju falou.
-Quero meus finis.-Dei birra.
Me ignoraram e soltaram o filme.
Assisti o filme todo de cara feia.
(...)
-Tá chateada comigo, Duda?-Perguntou depois que um dos filmes acabou.
-Não.-Respondi.
-Me desculpa?-Perguntou, olhando pra mim.
-Tá.-Falei e dei de ombros.
-Sério, Duda.Me desculpa?-Falou, e os meninos já nos olhavam.
Sabe quando você vê casais brigando e você foca toda sua atenção neles?Então, eles tão assim.
-Okay.
-Então fala direito comigo.-Falou, se jogando do meu lado.
-Direito comigo.-Falei, e os meninos riram.
-Palhaça!-Reclamou.
-Obrigada, viado.
-O quê?
-Viado.-Sorri meiga pra ele.
-Cê sabe que eu não sou.
-Eu!?!Não sei de nada, não.-Dei de ombros.
-Ei, parou.-Maju falou.-Quero assistir o outro filme.
-Foda-se.-Falei, e ela me mandou a almofada.-Nunca mais trago vocês pra assistir filme no meu apartamento.
-Seu apartamento?-João perguntou.
-É, MEU apartamento.-Enfatizei o "meu".
-Mais essa.-João bufou.
-Brincadeira!Nosso apartamento, priminho.-Falei, e riram de novo.
-Que filme cêis escolheram?-Henrique perguntou passando o braço no meu pescoço.
-Terror.-Yuri falou.
-Quem escolheu?-Perguntei.
-Nathanael.-Maju respondeu, e eu o encarei de uma forma mortífera.
-Não quero assistir.-Fiz menção de levantar, mas o Henrique me puxou.
-Te protejo.-Falou no meu ouvido, e eu arrepiei.Ele riu.
-Idiota!-Dei um tapa nele.
-Marrenta!-Retrucou.
-Trouxa.
-Por você.-Falou e me apertou mais.
"Eita, caralho!", pensei.
-Então vai comprar mais fini.-Qualé?!Tenho que manter minha pose de marrenta.
-Nem.
-Prevejo alguém apanhando.-Nathan zuou.
-Calado.-Falei pra ele.
-Henrique, vai lá comprar fini pra essa chata.-Maju falou entregando uma nota de 10$ pra ele.
-Chata não.E 10$ não dá.-Falei.
-Quem disse que eu vou?-Henrique perguntou.
-Okay.-Peguei o dinheiro da mão dele.-Sabe o novinho da piscina?-Perguntei e ele assentiu.-Então, ele mora aqui do lado.Quem sabe ele não vai comigo.
-Que novinho, Madú?-Biel perguntou.
-SEU VIZINHO DA FRENTE.-Gritei indo pro quarto pegar mais dinheiro.
-O CARALHO QUE VOCÊ VAI COM ELE.-Henrique gritou.
-Abaixa o tom de voz pra falar comigo.-Falei apontando dedo na cara dele.Por ele ser mais alto, tive que ficar na ponta dos pés.
-E você tira o dedo da minha cara.
-Casal, DR na minha casa não, né.-Biel comentou.
-Cala a boca, Biel.-Falei.-Naaathaan, vamô comigo?-Perguntei fazendo beicinho.
-Não.Chama o vizinho da frente.
-Para de ciúmes.-Fiz cara feia.-Ninguém vai comigo, não?-Perguntei e ninguém se moveu.-Beleza.Vocês, -apontei pro Biel e pro Henrique.- não vem falar nada depois que ouvir se eu beijo bem ou não da boca do seu vizinho, não.Não estarei disposta.Você, -apontei pro Nathan.- para de ser ciumento.Agora, fui.
Saí de lá e andei até a porta do vizinho.
Toquei a campa e em 3, 2, 1:
-Eu vô contigo, praga.-Henrique apareceu.
-Vai pagar?-Perguntei.
-Não.
-Então eu vou com o vizinho.-Toquei a campa de novo.
-Pois não?
-Ooii.Vamo no mercado comigo?É só pra comprar fini.
-Se você falar que vai, tu morre, guri.-O Henrique ameaçou ele.
-Acho melhor não, gatinha.-O Henri ficou vermelho de raiva.Amei, amei, amei!- Seu namorado ia me matar.-Encarou o Henri, o mesmo não desviou o olhar.Ficou encarando o menino.
-Se eu tivesse namorado.Ai ai, quer saber?Cansei!Fiquem aí se encarando que eu vou sozinha.Que saco, caralho!-Saí batendo o pé e chamei o elevador.

Amigo do meu PrimoOnde histórias criam vida. Descubra agora