-Ei!Acorda.
-Hm.-Me virei e coloquei o braço sobre os olhos.
-Duda.
-Só mais um pouquinho.
-Vai se atrasar.
-Putz.-Me levantei rápido.-Como vou pra escola?
-Vou te levar.-Me deu um selinho.
-Okay.Vamos.
-Vai assim?
-Aain.Depois eu te devolvo.
-Okay.
-Bom dia, gente.-Dei um beijo na bochecha da Gi, a mesma comia Nescau cereal.
-Bom dia.Vão se atrasar, meus amores.-Marcia disse.
-É já vamos.-Henrique falou se sentando.
-Ei!Eu tenho prova hoje.
-Beijo, meus amores.-Falou saindo.
-Depois você volta.-Gigi falou.
-Eu moro aqui.-Henri falou.
-Você não, a Duda.
-Volto sim.Beijo.
(...)
Chegamos em casa e subimos correndo.
-Pega minha mochila.Por favor.-Falei pegando uma calça jeans qualquer e uma blusa preta.
-Já peguei.-Se deitou na minha cama.
-Já volto.
Tomei um banho rápido e me arrumei.
-Vai com o meu moletom?-Perguntou assim que coloquei o moletom dele.
-Posso?
-Pode.
-Então, sim.É bom.Tem seu cheiro.
-Bom saber.-Sorriu.-Toma.-Me entregou uma maçã.
-Obrigada.-Peguei a maçã.-Cadê meu celular?
-No carro.
-Vai pra escola não?-Perguntei trancando a porta.
-Dois primeoros horários são vagos.
-Ah sim.
Fomos o caminho todo conversando e cantando algumas músicas da rádio.
-Em cima.-Falou assim que estacionou.
-Obrigado.-Abri a porta.
-Ow!Meu beijo.-Dei um beijo na bochecha dele e desci do carro.-Volta aqui.-Desceu também.
-Henrique o quê você tá fazendo?-Perguntei olhando para os lados.
-Me despidindo da MINHA menina.-Me deu um beijo.
-Sua?
-É só minha.-Me deu um selinho.-Agora vai.Não quero reclamações.-Sorriu.-Mais tarde eu venho te buscar.
-Não precisa.-Falei.
-Precisa sim.11:30 tô aqui na porta.
-Afê.-Falei e ele me deu um selinho.-Chega, Henrique.-Ri.
-Sabia que você fica linda no meu moletom?
-Não.Agora deixa eu ir.
-Beijo.-Me deu outro selinho.
-Tchau, Henrique.-Ri e ele se foi.
(...)
A aula acabou.Graças a Deus.
Criei um ponto fixo na parede e fiquei pensando.Em tudo.
-Ooii.-Alguém me tirou dos meus pensamentos.
-Oi.-Era a Maju.
-Vamos?
-Onde?
-Sei não.Só o Ique e o João que sabe.
-Eles tão aí?
-Tão, te esperando.
-Então vamos.
-Posso te fazer uma pergunta?
-Pode.
-Por que não apareceram lá no luau?
-O que o Henri falou?
-Que vocês estavam juntos.
-Então.
-Estavam juntos e tão vivos?
-Sim.
-Se beijaram?
-Sim.
-O que mais?
-Nada.
-Nada?
-É.Por que pararam o carro tão longe?
-Segundo o seu primo tem umas putas aqui que dão em cima dele então fiz eles pararem lá na frente.
-Aah.A Marcelly saiu da escola.
-Nossa!Que nome de puta.-Falou e eu ri.
-Aleluia.-Henri exclamou assim que entrei.
-Achei que iam morar lá.-Biel reclamou.
-Não.Escola não é legal.E a da Duda tem cada puta.-Maju falou.
-Ooii.-Henri me deu um selinho e sorriu.
-Oi.-Sorri sem graça.
-Tão juntos?-Biel perguntou.
-Não.Por quê?-Falei.
-Atoa.-Falou e voltou a falar com a Maju.
-Não estamos juntos?-Henri perguntou baixinho.
-Estamos nos conhecendo.-Dei um selinho nele.-Posso deitar no seu colo?-Perguntei.
-Pode.-Deitei no colo dele e ele fez cafuné.
-Se você continuar, eu vou dormir.
-Dorme.Depois te acordo.-Se abaixou e me deu um beijo.
Não era tão confortável dormir no banco de trás de um carro, mas foi necessário.
(...)
Acho que alguém aqui dormiu muito, hein?!
Acordei e olhei pro lado.Henri dormia tranquilamente.Olhei pro outro lado e reconheci o local.Estou no meu quarto, com uma puta fome.
Foi difícil, mas consegui me soltar do Henrique.
Fui pra cozinha e na geladeira tinha um bilhetinho, com uma letra feia pra cacete.
"Madú, meu amorzinho (não leia essa parte pro Henri.Ele ficará puto =]), eu saí com a Maju.
De noite precisamos conversar.E é sério.Nossos pais ligaram.Eu adorei a notícia, já você não consigo nem imaginar uma reação adequada.Enfim, volto a noite.
Juízo, hein!Não faça com o Henri o que eu faria (ou faço) com a Majú.Só deixei ele aí pra você não acordar sozinha.
P.s.:Não quero ligar pro seu pai pra contar que ele vai ser vovô.
Ass.:João."
-Besta.-Falei sozinha.
-Quem é besta?
-Ah.Que susto, menino.O João.Olha isso.-Entreguei o bilhete pra ele.
Ele leu e começou a rir.
-Arrombado.-Falou.
Peguei água na geladeira e começei a espirrar.
Espirrar muito, muito mesmo.
-Ei, tá bem?-Perguntou se aproximando.
-Não muito.-Espirrei de novo.
-Eita.A Marcia ligou falando que a Gi também teve crise de espirros e deu febre.
-Culpa sua.-Espirrei de novo.-Que saco.-Reclamei.
-Calma.Você já tá de férias.
-Mas...
-Mas nada.Você vai comigo e eu vou cuidar das minhas duas princesinhas.
-Primeiro muda esse apelido.Ridículo.Segundo eu vou dormir.Talvez melhora.
-Primeiro eu acho legal.Segundo você vai pra minha casa.Agora.
-Nãão.-Fiz manha.
-A Gi vai adorar te ver lá.-Agarrou minha cintura.
-Só ela?
-A Marcia também.
-Só elas?
-E o filho mais velho da dona da casa vai amar te receber.-Me deu um selinho.
-É?
-É.-Me beijou.
-Para.-Interrompi o beijo.Ele me olhou confuso.-Não quero que você adoeça.-Passei o polegar nos lábios dele.
-Que linda.-Me deu um selinho.-Mas não tem problema.-Me deu um beijo.
-É sério.
(...)
Depois de muita insistência, eu aceitei ir com o Henrique.
Coloquei uma calça jeans, uma blusa branca e um moletom meu.Não vou devolver o do Henri tão cedo.
Ele arrumou minha mochila e fomos.
Chegamos lá rindo das piadas do Henrique.
Entramos na casa dele de mãos dadas.
Quando nos viu entrando, Marcia abriu um sorriso largo, olhou nossas mãos e assentiu.Como se aprovasse.
Henrique assim que viu uma menina sentada no sofá, fechou a cara, assim como Gi que tava com uma cara muito feia.
-TARTARUGA.-Gi gritou assim que nos viu.Ela pulou no Henri e o abraçou forte, como se não estivesse doente, e depois esticou os braços pra mim.-Henri, ela tá aqui.De novo.Ela quer falar com você.E foi a mamãe que mandou ela.-Falou pro Henrique depois de me dar um beijo muito gostoso na bochecha.
-Amor, sobe com ela por favor.-Falou pra mim e me deu um beijo.
-Tartaruga, quero ficar aqui.Com você.
-Gi, vamo comigo.Tenho um segredo pra te contar.Você vai adorar.
-É, Gigi.Vai com a coleguinha do Henri.-A loira siliconada falou.
-Ela não é coleguinha dele, ela é namorada.Uma coisa que você nunca, nessa vida, vai ser.-Gi falou e saiu andando.
-Gi, espera.-Falei indo atrás.
-Amor.-Henri segurou meu braço.-Daqui a pouco eu subo.-Me deu um beijo.
-Okay.-Dei um selinho nele.-Depois a gente conversa.-Falei e subi.
A Marcia me olhou como se falasse: "Eu não vou deixar ela encostar nele" e de alguma forma aquilo me aliviou.
Subi correndo.Não queria deixar a Gigi sozinha.
Abri a porta do quarto dela e nada.Saí abrindo todas as portas até que sobrou a do Henri.
-Só entra se for o Henrique ou a Duda.-Ela falou assim que bati na porta.
-Sou eu, amor.-Entrei.Ela tava chorando de soluçar, agarrada com um urso e com o travisseiro do Henri.-Amor.-Falei me sentando de perna de índio do lado dela.-Não fica assim.O Henri sabe se cuidar.
-Eu...tenho...medo...Ela sempre acaba com a vida da tartaruga.Toda vez que ela aperece é confusão.-Deitou a cabeça nas minhas pernas.
-Olha, fica calma.Okay?Eu tô aqui e a Marcia tá com ele lá em baixo.Respira.-Falei fazendo cafuné nela.-Tá mais calma?-Perguntei assim que ela parou de chorar.
-Unhum.
-Me explica quem é ela e o que ela quer.
-Ela é a Thamires.Uma prima nossa.Ela só tá aqui porque a mamãe mandou e porque ela quer o Henri de qualquer forma.
-Me explica, princesa.
-Foi assim ó: hoje cedo, assim que você saiu com o Ique a mamãe ligou.Aí ela perguntou se tava tudo bem e eu falei que sim e que o Ique tava com uma namorada.-Me olhou sapeca.-Aí ela falou que não queria ninguém que não fosse de confiança aqui, só que eu e a tia falou pra ela que você é educada, legal, bonita e que faz o Henri sorrir.Daí ela berrou que ia mandar a Thamires e mandou.E agora eu to aqui chorando te explicando isso.-Falou como adulta.
-Quantos anos você tem mesmo?
-Cinco.Mas o Ique sempre me disse pra falar tudo que eu penso.Por isso falo de mais.E qual era o segredo que você queria me contar?
-O segredo é que você pode ir pra casa do Biel comigo.
-Você tá chatiada com a minha mãe?
-Não.Por quê?
-Porque ela disse que você não é de confiança.
-Claro que não, amor.Ela nem me conhece, então pra ela eu não sou de confiança.Mas, me contaram que a senhorita tava com febre, é verdade isso?
-Não.-Ela respondeu.
-Não?
-Tá, tá.Foi só uma febrinha.
-Seu irmão disse que vai cuidar da gente.
-Ixih.Vamos ter que dormir aqui no quarto dele.
-Sério?
-Sério.Quer ver filme comigo?-Mudou de assunto.
-Aham.Qual?
-Não sei.Tô em dúvida.Bob Esponja ou Os Pinguins de Madagascar?
-Qual a gente ia assistir ontem?
-Bob Esponja.
-Então põe ele.
Ela colocou e voltou pra cama.
O filma não tava nem na metade e ela dormiu.Ajeitei ela na cama e coloquei a mão na testa dela.Ela tava muito quente, então eu resolvi descer.Não conhecia a casa, não sabia onde tinha remédios então ia chamar a Marcia.
Desci as escadas e na sala o Henri falava no telefone -falava não, né, gritava- e a loira já não tava mais lá.
-Eu já mandei ela embora, já liguei pro meu avô e ele está arrumando os papéis pra mim.Se você não cumprir o seu papel de mãe eu vou me mudar, sim, e ainda vou levar a Gi e a Marcia comigo e não vai ser você que vai me impedir.-Falou e desligou.Ele sentou no sofá, apoiou os cotevelos no joelho e abaixou a cabeça.
-Ei, o que foi?-Perguntei sentando perto dele e passando a mão na nuca dele.
-Nada não.-Sorriu fraco.-E a Gi?
-Tá dormindo.Mas eu achei ela muito quente e desci pra proucurar um remédio pra ela e um de dor de cabeça.
-Tá tudo bem contigo?-Ele parecia preucupado.
-Sim, é só uma dorzinha chata de cabeça.-Falei levantando e indo pra cozinha.-Marcia?-Chamei ela.
-Oi, minha linda.
-Tem remédio pra dor de cabeça e um pra febre?
-Tem sim.A Gigi tá bem?
-Sim, eu só achei ela quente demais.
-Ah sim.Aqui ó.São trinta gotas.
-Brigada.-Bebi o remédio pra dor de cabeça, passei pela sala e o Henri não tava lá então subi.
Passei pelo quarto da Gi e ele tava colocando ela na caminha dela.
-O remédio pra ela.-Estendi o remédio.
-Obrigado.Por tudo, Duda.Tudo mesmo.-Sorriu e me abraçou.
-Ahm...denada.É...Henri eu tenho que ir.
-Por quê?O combinado era você ficar.
-É mas você lembra que o Biel quer conversar?
-Fica mais um pouco.Assisti um filme comigo.Por favor.
-Só um?
-Só um.-Respondeu sorrindo.
-Tô com dó de acordar ela.-Falei olhando a Gi dormindo.
-Eu também.-Falou e me olhou.
-Deixa ela dormir.Vem.-Puxei ele pra fora do quarto e fechei a porta.
Ele passou a mão no meu pescoço e eu na cintura dele e assim fomos pro quarto dele.
-Que baderna.-Falou assim que entrou no quarto.
-Mentira.Nós só bagunçamos a cama.
-Eu sei.-Se virou pra mim e agarrou minha cintura.
-Olha, eu acho que você tem que parar com isso.
-É?-Me apertou mais.
-É.-Falei e ele me beijou.
Um beijo bom.Só paramos porque o nosso querido ar se foi.
-Eu não disse que o filho da dona da casa ia amar te ter aqui?
-Disse.E eu não disse que não quero você doente?-Passei o polegar nos lábios dele.
-Disse, mas ter você como médica vai ser ótimo.
-Idiota.-Me deu um selinho.-Sabe o que eu tava pensando.
-Hm?
-Em levar a Gi com a gente lá pro apê do João.Ele vai adorar ela lá e eu também.
-Não sei não, hein.
-Ah por favor, vai.Eu vim pra cá.
-Chantagem?
-Longe de mim.-Ironizei.
-Okay.-Disse e me beijou.De novo.
-Eca!-Uma voz conhecida exclamou.
-Meu amorzinho.-Falei, me soltando do Henri e indo até ela.-Tenho uma novidade.
-Conta.-Falou entrando e sentando na cama.
-Que tal se certas pessoas fossem embora comigo, lá pra casa do João?
-Ah, o Henri vai pra lá todo dia.
-Não é ele.Ele só vai levar a gente lá e dormir lá no quarto do Biel.
-Coitado.Ele não merece isso.-Falou e o Henri sorriu.-Só um colchão no chão dá pra ele.-Completou e riu sapeca.
-Se você diz...
-É o que, dona Giovana?-Henri perguntou se aproximando.
-É que eu te amo.
-Ama tanto que vai me pôr dormir no chão, né?-Perguntou pra ela.
-Faz bem para as costas.
-Henri, ela tem que tomar remédio.
-Isso, protege ela mesmo.Eu te trago pra cá pra cuidar de você é assim que você me agradece?-Falou pegando o remédio.
-Nem agradeci ainda.
-E tá esperando o quê?-Gi perguntou.
-Ele cuidar de mim.-Fiz um beicinho e o Henri se sentou na cama e mordeu.-Au!!Isso dói.
-Dói nada, sô.-Gigi falou.
-Não?-Perguntei e ela assentiu.-Tá bom.-Dei uma mordidinha na bochecha dela.
E a nossa tarde foi assim.Cheia de espirros e risadas.
