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-A gente não ia comprar fini?-Henrique perguntou assim que peguei a Nutella.
-Sim, mas você disse dois pontos, abre aspas, afê depois eu compro uma caixa de fini pra você.-Imitei a voz dele.
-E eu disse que não ia pagar.
-Rá, mas tu vai.
O telefone dele tocou.
-Fala.[...]Sei não.[...]Tu conhece ela.[...]Luau?[...]Okay.Passo em casa e depois aí pra ela se arrumar.[...]Okay, amor.Se arruma bem linda e põe uma roupa fácil de tirar.Não quero muito trabalho a noite.-Falou igual um gay e desligou o celular rindo.
-Sabia que eu sempre quis um amigo gay?
-Sabia que isso é brincadeira?
-Não parecia.É desculpa a curiosidade, mas quem era?
-Seu primo.
-O que ele queria?
-Luau hoje.
-Ah, mentira!!
-Sério.Amh, o que tu acha de conhecer uma garotinha de cinco anos de idade?-Perguntou indo pro caixa.
-Quem?
-Uma garotinha que vai amar te conhecer.-Sorriu.
-Pode ser.-Dei de ombros e ele pagou.
(...)
Ele parou o carro na porta de uma casa muito grande.
Linda por fora.Com um jardim lindo, lindo.
-MANHÊ?!MARCIA?!TARTARUGA?!-Gritou assim que entramos na casa dele.
-Sua mãe não tá em casa, querido.-Uma senhora de meia idade com cabelos escuros disse.Parecia ter saido da cozinha.-Namorada?-Perguntou.
-Não, não.Essa é a prima do João.
-Aquela da foto?-Ela perguntou e o Henri virou um tomate.
-É...ahm...ela mesma.
-Nossa, muito mais bonita pessoalmente.
-Ahm...obrigada.Sou a Maria Eduarda.Duda ou Madú.-Estendi a mão.
-Eu sei quem é você.-Sorriu e eu senti minhas bochechas queimarem.-Sou a Marcia.Cuido dessas crianças a muito tempo.
-HEEEEEEEEEEENRIIIIIIIIIIQUEEEE.-Uma menininha muito mais muito fofa desceu as escadas gritando ele.
Ela aparentava ter uns quatro/cinco anos.Os olhos eram os mesmos que os do Henri.Penetrantes.O cabelo era um loiro escuro, lindo, quase igual o da Majú.Ela tinha uma boquinha linda.Totalmente desenhada.E era clarinha, assim como o irmão.
-Tartaruga, quem é ela?-"Cochichou" pro Henri.Achei fofo isso de tartaruga.
-Ela é a Duda.Prima do João.
-Cadê o João?-Ela perguntou pra mim.
-Acho que ele tá em casa.
-Você tem outro apelido que não seja Duda?-Desceu do colo do Henri e veio até mim.
-Madú.
-Posso te dar um apelido?
-Claro.
-Vem comigo.-Saiu me puxando para as escadas.
-Eeii!E meu beijo, tartaruga?
-Depois, Henrique, depois.
-Eeii!-Chamou mais uma vez.
-Que é, tartaruga?-Perguntou sapeca.
-Ela é a marrentinha.
-Sério?-Perguntou me olhando e ele assentiu.Ela parecia...admirada...comigo.E de novo eu estava vermelha.
A Marcia só observava tudo.Cada reação.
-Por que não me contou que você era...era não, é a marrentinha?
-Eu nem sabia disso.-Falei.
-Era um segredo, lembra, tartaruga?
-Mas a tia sabia.
-Era um segredo nosso.-Falou e piscou pra ela.
-Vem, marrentinha.-Falou e me puxou de novo.
Olha, pra uma menina de quatro/cinco anos, ela é bem esperta.-Bem vinda ao meu palácio.-Ela disse assim que abriu uma porta.
-Você anda de patins?-Falei olhando os patins dela.
-Não, não.Tenho medo de cair.Eu só ando de skate.O tartaruga me ensinou.Senta.-Apontou pra um monte de almofadinhas no chão.
Eu estranhei ela ter tantos patins e só andar de skate.
-Como você se chama?-Perguntei.
-Me chamo Giovana.Mas o Henrique me chama de tartaruga.Você pode me chamar de...
-Barbie?-Falei.
-Não.Eu não gosto de barbies.
-Sério?Eu também não.
-Elas são magrelas.-Riu.
-Licença.-Henrique falou entrando.
Ele já tava arrumado?Wtf!?Tava lindo e... FOCO, DUDA, FOCO.
-Tartaruga, tá na hora do chá.-Ela exclamou.
-E você não me convidou?
-Ia ser só de meninas.
-Okay.Eu saio.-Se levantou.Eu fiquei observando tudo.Cada movimento.Ele era tão fofo com ela.
-Não.Agora já tá aqui.Fica, né.
-Sim, senhora.-Ele falou se sentando do meu lado.
-Marrentinha, depois você anda de skate comigo?
-Não sei andar, princesa.
-O Henrique te enseina.Ele me ensinou.E não é difícil.-Falou e o Henrique sorriu pra mim.
-Calma.É de patins.Pra ela skate é patins e patins é skate.-Falou no meu ouvido.
-Tartaruga, ela é sua namorada?-Perguntou sentando entre mim e o Henrique.
-Ela não quer.-Respondeu na maior cara de pau.
-Por quê?-Se virou pra mim.
-Ele tá mentindo, Gi.
-Então você quer?-Ela perguntou, o Henrique sorriu e eu fiquei vermelha.
-Ih, Gi.Não complica não.-Falei.
-Não to complicando.-Pegou um tubes meu.-Vocês que tão.-Concluiu cheia de si e o Henri riu.
-Quer um?-Perguntei pro Henrique.
-Pode ser.-Pegou um.-Então vamos?
-Vão onde?-Gigi perguntou.
-Na casa do João.
-Mas e os skates?
-Uma volta.Pode ser?-Henrique perguntou.
-Pode, pode.
Fomos andando lá pra área da piscina.
-Marrentinha, você vem pra nadar comigo?
-Qualquer dia desses, princesa.
-Okay.-Concordou e fez uma cara sapeca pro Henri.
-Não.Coitada, tartaruga.
-Por favor.-Começaram a conversar entre eles.
-Vê com ela.
-Ela não vai querer.
-A dondoca tava gripada esses dias.
-Não tem problema.Você cuida de mim.-Fez uma cara fofa e juntou as mãos como se implorasse.
-Ela vai me bater.
-Eu te protejo.
-Ei!Eu tô aqui.-Falei chamando atenção.
-Sabemos, dona Marrenta.-Gigi disse.
Gente, essa menina é muito esperta.
-Olha, a ideia foi da Gi, a culpa é da Gi e depois, briga com a Gi.-Falou se aproximando e olhando pra piscina.
-Não.Henrique, eu te imploro.Não.-Saí correndo em volta da piscina e ele tirou o ténis e a blusa.Ficando irresistivelmente sexy só de bermuda.
"FOCO, DUDA, FOCO.COOORRE.CARALHO, ELE VAI TE PEGAR", falava comigo mesmo.
-GIGI, CERCA ELA.-Ele gritou e ela ficou rindo.
-NÃO, GI.NÃO FAZ ISSO.AAAAAHHHHHH.-Gritei.-HEEEENRI, PARA.EU VOU GRIPAR.EU FICO DOENTE FÁCIL.-Tirei meu chinelo pra correr mais rápido e escutei a Gigi gritar.
-TARTARUGA.-Ela tinha caído no chão.
-Princesa, machucou?-Perguntei chegando perto dela.
-Tartaruga, tudo bem?-Se agachou perto dela e eu também.
-PEGA ELA, HENRIQUE.-Gritou e o Henri me segurou.
-Não.Por favor.Não.Não.Vai tá gelada.HENRIQUEE.Eu faço o que você quiser, mas não me joga na piscina.EU FICO DOENTE FÁCIL.-Falei me debatendo.
-Fica quieta.-Falou rindo.
-NÃO.AAAAAAAAH.ME SOLTA.SOCOOOOORROOOOO!ALGUÉM ME AJUDA!AHH.
-Duda, para de gritar.
-Então me põe no chão.
-Okay.-Me soltou.
-Obrigado.
-Henrique!-Gigi falou brava.
-Calma.-Foi saindo.
-Obrigado, Senhor.Muito obrigado.-Começei a agradecer.
-Se eu fosse você não agradecia.-Me pegou no colo.
-Henri, não.
-Só um mergulho?
-Não.
-Okay.-Ele andou pra trás e eu me agarrei no pescoço dele e afundei meu rosto no peito dele.-BOMBA.-Gritou.
-ISSO.-Gigi começou a comemorar.-Agora se beijem.
-Tava te devendo um mergulho.-Sorriu muito e foi aí que eu percebi que ainda tava agarrada nele.
-Ér...ahm...desculpa.-Me soltei.
-Tava tão bom.-Falou e estávamos próximos.Próximos até de mais, na minha opinião.Tão próximos que eu já sentia a respiração dele.
-Henrique.
-Por favor.-Pediu, já se aproximando mais.
"SENHOOOOR!Estou na merda.Na lama.Na bosta.Na bad.Me helpa!"
Ele ainda estava com as mãos na minha cintura e eu estava com as mãos sobre o peito dele.Ele me puxou mais pra ele e o espaço que existia entre a gente já tinha ido embora.Ele colou nossos lábios e eu subi as mãos pra sua nuca.Durante o beijo, ele colocou uma mão na minha nuca em forma de aprofundar o beijo.Lentamente, eu levei uma das minhas mãos para o cabelo dele.Tava muito bom.Era uma mistura de sentimentos muito mais muito boa de se sentir.
Paramos por falta de ar.Finalizamos com selinhos e ele puxou de leve meu lábio inferior.Colamos nossas testas, proucurando regularizar as nossas respirações.
Ouvimos palmas e nos viramos.
-Lindo.-Gigi exclamava da borda da piscina e Marcia estava parada na porta que separava a cozinha da área da piscina.
-Aiin, que vergonha.-De novo vermelha e mais uma vez com a cara afundada no peito do Henrique.
-Você fica linda vermelha.-Beijou minha cabeça.
-Para com isso.
-Me beija.
-Não.
-Só um.
-Henrique.
-Por favor.-Falou, eu beijei a bochecha dele e fui pra sair da piscina.-Volta aqui, Duda.
-Não.-Me puxou pra ele.-Ique, me solta.É sério.Eu vou gripar e o Biel vai ficar puto comigo.E também a gente tinha que tá no luau.Amanhã tenho prova e se eu faltar vão ligar pro meu pai daí...-Começei a falar coisas desconexas e ele me interrompeu com um beijo.
-Você fala muito.
-Jura?Todo mundo diz isso.
-Tartaruga, vem cá.-Gigi chamou ele esticando os bracinhos.
-Pula.-Ele pediu e ela pulou.-Pronto.-Falou depois que pegou ela.
-Vocês dois me aguardem.-Falei, saindo da piscina.
-Fica mais um pouco com a gente.-Henri pediu.
-Não.Amanhã eu tenho prova.Se eu ficar doente, terei que faltar e vão ligar pro meu pai e ele vai achar ruim.-Sentei na borda da piscina, perto deles.
-Então assiste filme com a gente.-Gi disse, esticando os braços pra mim.Peguei ela e sentei ela no meu colo, com as perninhas pra fora da piscina.
-Talvez.
-Por favor.-Henrique se aproximou, ficando entre as minhas pernas.
-A gente assiste no meu quarto.-Gigi disse.
-Pode ser.Mas só um.Okay?
-Aham.-Gigi se levantou.Pegou uma toalha e saiu gritando:-Tia, faz pipoca e brigadeiro.Tia.
-Se eu pedisse você não ia aceitar, né?-Henri falou fazendo um biquinho lindo.
-Cadê sua mãe?
-Não sei.-Deu de ombros.
-Vem, Henri.Vamos sair.-Chamei já me levantando.
-Calma.Só mais um pouquinho.-Me segurou.-Tá bom aqui contigo.-Sorriu e subiu um pouco pra poder me beijar.Me deu um selinho e eu espirrei.
-Sério, Henri.Vamos.-Espirrei de novo.
-Okay.Vem.-Saiu da piscina me puxando.
Pegou uma toalha e me enrolou nela.Pegou outra e se secou.
Passou o braço no meu pescoço e entramos.
-Meu filho, vai tomar um banho quente.E sua mãe ligou falando que teve que viajar e não sabe quando volta.
-Novidade.Cadê a Gi?
-Já tá lá no quarto com a pipoca e o brigadeiro.
-Brigado.-Deu um beijo na bochecha dela e foi subindo.
-Marcia, tem um pano pra secar aqui?-Perguntei.
-Não se preucupa, minha filha.Sobe lá e curte a noite.
-Já tá tarde.Deixa eu secar aqui.
-Nada disso.Sobe e toma um banho pra não resfriar.
-Enquanto o Henri toma banho eu seco aqui.
-Posso te falar uma coisa?
-Pode sim.-Peguei o rodo e um pano seco.
-Cuida do meu menino.Ele não merece sofrer.Eu sei de toda a história.Foi errado o quê ele fez, mas perdoa.Dá uma chance.Ele gosta de você de verdade.
-Eu também acho isso, mas é bom ir devagar.-Falei passando o rodo no chão.
-E ajuda ele.Ele sofre muito pela falta ds mãe e do pai.
-O que aconteceu?
-O pai e a mãe dele se separaram assim que a Gigi nasceu.Passou um tempo e o pai deles merreu, desde então a mãe não para em casa.-Sorriu triste.
-Pode deixar.-Lancei um sorriso pra ela.
-O que as mulheres dá minha vida tão conversando?-Henri perguntou aparecendo com um sorriso lindo e uma calça de moletom cinza sem blusa.
-Coisas desconexas enquanto eu seco o chão.
-Ela que insistiu.
-Conheço a peça.
-Agora pode tomar banho.O Henri já acabou.Leva ela lá em cima e vai ficar com a Gi.-Marcia disse.
-Okay.
Subimos abraçados.Ele me levou até o quarto dele.
-Me leva pra casa.
-Por quê?-Perguntou triste.
-Não tenho roupas.
-Veste minha.
-Henri...
-Só essa noite.
-Aain tá bom.
Ele foi até o closet e separou uma blusa e um moletom.
-Aqui.-Me entregou.
-Obrigado.-Dei um beijo na bochecha dele e fui pro banheiro dele.
Era bem organizado pra um menino.
(...)
Saí do banho e vesti a roupa que ele me entregou ainda no banheiro.
-Tá linda.-Falou assim que saí do banheiro.
-Que susto.-Falei fazendo um coque.
-Desculpa.-Falou se levantando da cama.
-Cadê a Gi?
-Dormiu.
-Demorei tanto assim?
-Não.Cheguei lá e ela já tinha apagado.-Sorriu.
-Agora pode me levar pra casa?
-Ainda não.-Me deu um selinho.
Fomos pra cama dele.Ele se sentou e eu sentei de frente pra ele.
-Amanhã vai ser tudo como era, né?-Perguntei o encarando.
-Como assim?
-Bom, eu e você vamos voltar a brigar e nos odiar.
-Lógico que não.Pirou?
-Não.Só tô falando a realidade.
-Para.Nós não vamos brigar mais.
-Tenho medo.
-De...?
-De me machucar de novo.
-Não vai.-Se deitou e me puxou pra ele.-Prometo.-Me beijou.
-Boa noite.
-Boa noite.-Me deu um selinho.

Amigo do meu PrimoOnde histórias criam vida. Descubra agora