Imensidão

458 42 14
                                    

— Seu marido está bem, fora de perigo. — O médico disse e Helô soltou a respiração que nem sabia que estava segurando. — Retiramos o projétil, por sorte não acertou nenhum órgão ou artéria importante, mais um milímetro pra esquerda e poderia ter sido fatal.

— Podemos ver ele? — Helô pediu.

— Só no horário de visita que é na parte da tarde. — O médico explicou. — Ele está na emergência, esperando vagar um leito na enfermaria....

— Por favor, eu só preciso ver ele, vai ser rapidinho. — Helô pediu com a voz embargada, precisava vê-lo com os próprios olhos pra saber que realmente ele estava bem.

— Sinto muito, mas é a política do hospital, não pode entrar na emergência fora do horário de visita. — O médico disse categórico.

— Podemos transferir ele pra um hospital no Rio de Janeiro? — Ricardo perguntou, Stenio foi levado para o primeiro hospital público em Búzios que aceitava aquele tipo de emergência.

— Podem sim, vamos até a recepção pra fazer a solicitação... — O médico disse. — Ele está estável, então não vejo problema.... — Aqui, os pertences deles... O médico disse entregando o saquinho pra Helô.

— Ricardo, você vê isso pra mim, aqui os documentos... — Helô disse entregando pro amigo. — Não quero sair de perto....

— Claro.... — Ricardo disse e saiu com o médico.

Helô abriu o saquinho e começou a chorar, tinha a carteira dele, o celular, a chaves do carro e a aliança suja de sangue. Ela ficou lá na porta, esperando, quando o guardinha se distraiu ela entrou. A emergência estava lotada, vários leitos, gente gemendo, barulho de aparelhos, luz baixa, um verdadeiro cenário de filme de terror pra quem não era acostumado com aquele ambiente.

Helô olhou por cima não viu ele, então viu um quadro com o nome dos pacientes, mas quando foi onde ele deveria estar, tinha outra pessoa lá, o coração dela gelou.

— Ei, você não pode entrar aqui. — Uma enfermeira disse.

— Eu só quero ver meu marido. — Helô disse chorando.

— No horário de visita. Saí ou vou chamar o segurança. — A enfermeira disse de mal humor.

— Por favor, só dois minutos, preciso saber que ele tá bem, ele levou um tiro. — Helô explicou.

— O médico não falou com você? — A enfermeira perguntou.

— Eu preciso ver ele. — Helô quase implorou pra mulher.

— Seu marido tá bem, acabou de volta da cirurgia, tomou uma bolsa de sangue e tá dormindo. Agora saía. — A mulher disse sem a menor compaixão.

— Por favor... — Helô tava chorando, suplicando pra ver Stenio.

— Eu não posso regra do hospital. — A mulher disse e suspirou. — Eu não posso te falar que ele tá no leito perto do banheiro e que eu vou ter que ir na farmácia pegar um medicamento. Sinto muito! — A enfermeira disse saindo com um papel na mão.

Helô correu até onde a mulher disse que Stenio estava. Ele estava muito pálido, olhos fechados e peito enfaixado. Helô se aproximou dele, Stenio estava gelado, tinha apenas um fino lençol cobrindo ele. O Hospital era humilde, mas dava pra vê que dentro do possível ele estava muito bem cuidado.

Helô deu um beijo no topo da cabeça dele sem conseguir conter as lágrimas, ajustou o lençol no corpo de Stenio, ela sabia que ele odiava sentir frio e depois deu um beijo na mão dela e colocou na boca dele, os dedos dela foram molhados pelas lágrimas que saiam dos olhos de Helô, só de imaginar que quase perdeu ele e os filhos, mais lágrimas saiam dos olhos dela. Helô saiu de lá bem rápido, não queria causar problemas pra enfermeira que ajudou ela.

Casamento Blindado Onde histórias criam vida. Descubra agora