Era uma vez uma figurante normal.
Ela morava num apartamento normal, com seu normal gato marrom, e sempre comia normalmente, dando um sorriso normal toda vez que sentia a sua normal felicidade diária.
A figurante frequentava uma escola que era um pouco menos normal que o resto de sua vida: Havia um grupo, denominado de "Os Personagens", que sempre se destacava. Eles pareciam brilhar, ter cor naquele mar de pessoas em preto em branco que estavam satisfeitas só pelo autor ter criado eles e agradeciam imensamente só por existir.
Mas acabava assim: Eles só agradeciam por existir e acabavam só existindo. Não faziam nada. Eram normais. Seguiam os padrões determinados pelo autor. Infelizmente a personagem principal dessa nossa história é um daqueles figurantes que não se importavam em apenas existir.
Esta figurante nem sequer tinha um nome. Quem dera! A única vez que era citada nas 237 páginas do livro era quando a amiga da principal olhava para o lado, com a sensação de estar sendo observada, "Mas a única coisa que viu foi uma garota mexendo em seu armário."
Após mais um dia normal, em aulas normais que nem sequer eram compartilhadas com os personagens, a figurante guardou seus livros em seu armário e simplesmente pegou a sua bicicleta, pronta para pedalar os poucos quarteirões de distância entre a escola e seu prédio.
Mas uma coisa ainda a incomodava.
E, ao pensar nisso, seus olhos adquiriram um certo brilho.
Como vocês sabem, existem vários tipos de brilho, mas esse certo brilho que surgiu nos olhos de nossa figurante era muito diferente de todos esses brilhos já existentes.
Não um brilho de alegria, de tristeza, ou até mesmo de esperança, como os olhos de muitas principais importantes brilham. Não, era um brilho mais audacioso, rebelde e desafiador. Era um brilho que nem mesmo possuía nome, por isso sinta-se livre para colocar um nome nele, esta autora aqui está aberta a opções. Porque nessa história, apenas neste pequeno trecho as coisas normais acontecem.
Era um brilho ao qual só sei a origem: A curiosidade.