O primeiro e o segundo dia como membro do Our Club foi normal. Normal demais para uma mudada drástica em seu cotidiano. Era como se ela sempre tivesse feito parte daquele clube, desde seu nascimento. Era como se nada tivesse mudado.
A cor que enfeitava seus dias agora durava para sempre, e parecia que sempre estivera lá. Sua vida cheia de risadas e aventuras, coisas como um plano de invadir as escola na noite do próximo final de semana, pichar umas coisas nos quadros negros, fazer mil e uma coisas enquanto todos estavam adormecidos, nem esperando por isso.
Ela tinha descoberto que Shooter e SoniKa moravam na mesma direção que ela, e até no mesmo bairro, em ruas vizinhas. Hailey e Rose só os acompanhavam até a metade do caminho para casa, todo dia andando aleatóriamente, saltitando pela estrada...
Foi no nono dia, três dias antes da invasão escolar que eles tinham programado, que Lilly teve a primeira recaida.
Com as risadas e piadas dos amigos como fundo para sua caminhada, os olhos da nossa pequena protagonista olharam para pequenos flocos de neve que estavam caindo ao seu redor. Embora visse eles fazia algum tempo, as casas não estavam cobertas. Foi então que Lilly arfou, parando ao lado da tradicional bicicleta que usava para ir para a escola e que agora se encontrava empurrando.
Era ainda outono. Não deveria estar nevando. Não naquela região.
Perguntou-se então se os outros estavam vendo a neve.
Aquele foi seu último pensamento em dois dias seguidos.
As vozes dos amigos então ficaram mais abafadas, até se unirem em murmúrios que nenhum conseguiria entender. Repentinamente, como se não mais controlando o corpo, Lilly montou em sua bicicleta e, em uma velocidade monótoma, nem tão rápida nem tão devagar, ela passou pelo grupo de amigos mais adiantados.
Nenhum deles pareceu entender, olhando confusos para nossa principal, murmuraram coisas sem sentido que sairam num murmúrio para Lilly. Por fim, seguiram as pequenas costas femininas na garupa da bicicleta até sairem de vista, para emntão começar um assunto qualquer sobre o que tinham acabado de presenciar. Seguiram seu caminho, como qualquer figurante faz quando vê uma situação impensada forjada pela autora.
"Nisso eu ainda tenho que ensina-los a melhorar..." pensou Rose com um murmúrio "Quanto mais parecidos com pessoas reais, melhor."
Rose mirava alto para acertar baixo. Não idealizava personagens principais, e sim as pessoas reais do mundo da autora. Como será que elas eram? Será que elas eram felizes por possuir a liberdade? Mas não podia pensar nisso agora.
Com os olhos ainda grudados na esquina pela qual uma robótica Lilly havia desaparecido, Rose estava com os olhos arregalados. Havia realmente errado na escolha de seu novo membro? O pensamento que tivera um pouco depois de escolhe-la lhe pareceu mais sólido, mas, então, sorrindo, percebeu.
Mirar alto para acertar baixo. Isso não funcionava com Lilly. Não, pela primeira vez, as dúvidas na cabeça da Esor desapareceram. Ela entendeu o que as pessoas reais tinham e que os personagens principais não tinham. Defeitos. Erros críticos. Finais incertos, não completamente felizes.
Só com os defeitos de Lilly é que pode entender. Só com os seus erros na escolha dela é que pode perceber. Só com esse final nem um pouco certo que estava a sua frente é que abria seus olhos.
Talvez seu grupo de figurantes tivesse mais coisas em comum com os humanos da terra da autora do que os personagens principais desse romance de quinta.