Tema 3: Selinho
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Depois de dormir a segunda noite com Fit do lado, Pac sentia-se muito mais disposto. A ferida no tórax, feito pelo Warden, estava finalmente fechada, e o restante do corpo, cheiro de novas cicatrizes, também parecia estar se recuperando muito bem após os cuidados de Fit.
O próprio guerreiro estava melhor depois de quase um mês preso no fundo de uma caverna. Só de poder dormir em uma cama confortável, comer algumas refeições cozidas em casa e ter os momentos de carinho e cuidado com o namorado ele já sentia a vida melhorando pouco a pouco.
Há quase três dias o casal não havia saído de casa, desde a volta de Fit, então naquela manhã decidiram aproveitar que a febre de Pac havia finalmente cedido para dar uma caminhada no jardim entre a casa de Pac e a cabana de Fit.
Andaram calmamente pela grama macia. Apenas os dois estavam acordados àquela hora da manhã, tranquilos, o sol brilhando fraco, o céu sem nenhuma nuvem. Pac e Fit estavam de mãos dadas, Pac brincando com os dedos deles de maneira distraída enquanto conversavam sobre banalidades, apenas aproveitavam a companhia um do outro.
Terminaram subindo na casa da árvore que Fit havia construído alguns dias antes de sumir. O lugar era aconchegante, e o veterano percebeu que Pac havia passado por ali simplesmente pelos objetos espalhados ao redor: almofadas jogadas nos cantos deixando o lugar mais confortável, uma mesa baixa com um vaso de flor vazio, algumas luzes penduradas no teto.
— Gostei do que fez aqui — Fit sussurrou, olhando ao redor. Pac sorriu, também observando.
— Fiz logo nos primeiros dias. Antes de... antes de perder o controle sobre meus sentimentos e ganhar todas essas cicatrizes — Pac abriu um sorrisinho culpado, ao qual Fit balançou a cabeça, ignorando o sentimento de culpa que o consumiu rapidamente.
— Sinto que aqui vai ser um lugar pra gente ficar com os meninos quando eles acordarem — Fit inclinou o corpo por cima da cerca de madeira, olhando para a cabana de pedra onde Richarlyson e Ramón dormiam.
— Acho que sim. É... aconchegante — Pac apoiou-se do lado dele, também olhando para a Shitshack, a cabeça apoiada no ombro do namorado.
Depois de alguns momentos em silêncio, a conversa tornou-se mais séria. Fit começou a explicar para o namorado o que havia descoberto com o sequestro de Madagio e o tempo passado na outra ilha. Pac ouviu sem interromper, acenando a cabeça quando necessário.
Quando Fit terminou, foi a vez de Pac contar a ele como haviam sido os meses na ilha. Contou não só sobre a busca incansável pelo arco – que o levou até a caverna do Warden -, mas também respirou fundo para falar sobre como seus filhos estavam em um sono estranhamente longo, deixando todos nervosos – afinal, os outros dragõezinhos estavam todos acordados... apenas Ramón e Richas dormiam, deixando Pac com os nervos à flor da pele e sem nenhum senso de autopreservação.
Conversaram por horas, continuando lado a lado na cerca de madeira, as mãos dadas, trocando preocupações, sentimentos e emoções, ainda recuperando-se do mês difícil.
Quando a tarde começava a findar, fazendo o clima ficar mais gelado do que nunca, Fit puxou Pac para as almofadas no canto mais fechado da casa da árvore. Os dois deitaram ali, dividindo comidas que traziam na mochila, um silêncio tranquilo que mascarava as preocupações que corriam nos pensamentos de um e do outro.
Pac voltou a brincar com os dedos de Fit, tendo sentido muita falta de fazer aquilo enquanto o namorado estava sequestrado – Fit sempre permitia que ele brincasse com sua mão quando Pac estava nervoso; Ramón agia de forma similar, e Fit, embora sempre mantivesse um semblante despreocupado, sentia-se uma das pessoas mais felizes do mundo quando percebia que podia ajudar as pessoas que amava e ficar de mãos dadas com elas ao mesmo tempo.
Fit tomou um longo fôlego, sabendo que ali talvez seria o melhor lugar para falar com Pac sobre aquilo. Ele pigarreou, e o namorado imediatamente o olhou, olhos amarelos nos olhos cor de mel.
— Desculpa. Por não estar aqui quando você precisava. Por não estar aqui quando nossos filhos não acordaram. Eu só... me desculpa, Pac.
O brasileiro ajeitou mais a postura, chegando o mais perto de Fit que a física permitia. Soltando as mãos entrelaçadas, ele segurou o rosto do namorado entre as palmas.
— Não foi culpa sua. Já falei isso.
— Eu sei. Mas... eu prometo que não vai acontecer de novo. Vou estar aqui quando você precisar, vou estar aqui pra ajudar a acordar nossas crianças. Vou estar... vou estar aqui pra você pra sempre, Pac. — Fit carregava verdade em cada uma das palavras, uma devoção enorme escorrendo por seus lábios. Pac respirou fundo, e de novo, e de novo, e então abriu um sorriso reconfortante.
— Eu sei. Prometo que vou estar aqui por você e pra você também, Fit. Pra sempre. — Sussurrou.
Inclinando-se, o brasileiro depositou um selinho nos lábios do namorado. De leve, apenas selando a promessa dali em diante.
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Em todos os universos te beijei (e te amei)
FanficQuando beijos trocados marcam momentos importantes, o amor de !Pac e !Fit é capaz de superar até a distância entre diferentes universos