Capítulo 4

762 37 79
                                    

★ Aurora ★

O despertar veio com o peso sufocante sobre minha barriga, como se carregasse o fardo do mundo em meu corpo frágil. Lentamente, meus olhos relutantes se abriram, revelando Lyam ao meu lado, seu rosto desprovido da máscara que o tornava um mistério tão enigmático. Ele dormia pacificamente, alheio ao turbilhão de emoções que agitava meu ser.

Vergonha. Desejo. Confusão. Todos esses sentimentos dançavam em minha mente, uma sinfonia caótica que me deixava sem fôlego. Como pude me render a ele, meu próprio sequestrador? O calor ruborizou minhas bochechas, uma lembrança dolorosa da intimidade compartilhada na noite anterior.

Com cuidado, tentei me mover, desejando escapar do seu alcance sem despertá-lo. Mas minhas tentativas foram em vão quando seus olhos escuros abriram, fixando-se em mim com uma intensidade que me deixou sem ar.

— Sua garganta está melhor? - sua voz soou, aquela voz rouca de sono carregada de um tom zombeteiro que enviou um arrepio pela minha espinha.

— Não senti nada. Acho que faltou algo. - murmurei, meus dedos formando um gesto de pequeno.

Um sorriso arrogante curvou os lábios de Lyam, seus olhos brilhando com uma malícia que me fez estremecer.

— Não foi o que pareceu. - sua mão encontrou meu pescoço, puxando meu rosto em direção ao seu, uma demonstração de poder sobre minha fragilidade. — Aquele rostinho cansado, olhos lacrimejando, toda ofegante.

Eu me vi presa em seu olhar hipnótico, incapaz de resistir à sua aura magnética, mesmo sabendo que sua presença significava perigo. E assim, entre o calor da vergonha e o frio do medo, eu permaneci, aprisionada em um jogo perigoso de desejo e dominação. 

Cada momento ao lado dele era um passo mais profundo na escuridão que nos envolvia, uma dança perigosa onde a linha entre o prazer e a dor se tornava cada vez mais tênue. Sua presença era como uma droga viciante, me arrastando para um abismo do qual eu não queria escapar.

O momento que compartilhamos na noite passada ecoava em minha mente, cada toque, cada suspiro, cada palavra sussurrada em meu ouvido. Eu me perguntava se era possível desejar o próprio sequestrador, se era possível encontrar prazer na companhia daquele que me aprisionava.

Mas mesmo diante de toda a confusão, uma parte de mim se via seduzida pela escuridão que ele representava. Era como se ele despertasse uma parte adormecida de minha alma, uma parte que ansiava pela liberdade que só ele poderia oferecer, mesmo que essa liberdade viesse com correntes de aço.

Enquanto eu tentava racionalizar meus sentimentos, Lyam continuava a me observar com aquele olhar penetrante, como se lesse cada pensamento que cruzava minha mente. Ele sabia o efeito que tinha sobre mim, e usava isso para manter seu controle sobre meu corpo e minha mente.

E assim, presa entre a luxúria e o terror, eu me via dançando na corda bamba da insanidade, sem saber para onde esse jogo perigoso nos levaria. Mas, por mais assustador que fosse, uma parte de mim ansiava pelo próximo movimento, pelo próximo momento roubado na escuridão da noite. Porque, de alguma forma, eu sabia que com Lyam, nada seria previsível, nada seria seguro, e talvez fosse exatamente isso que me mantinha cativa de seu feitiço.

★ Um mês depois ★

★ Lyam ★

Desde aquele dia, tenho sido um observador atento das mudanças sutis que ocorrem dentro dela, como as correntes de um rio que, imperceptivelmente, alteram o curso da sua existência. Seus olhos, outrora confusos e distantes, agora brilham com uma intensidade que antes parecia adormecida, uma chama de curiosidade que dança sob a superfície, uma ânsia por algo além das paredes que a mantém cativa. Talvez seja a solidão que a abraça, a ausência de outros que a compreendam, que tenha despertado uma sensibilidade mais profunda à minha presença. Sinto-me como um farol em meio à escuridão, uma luz que ela ansiosamente segue em busca de orientação.

𝑀𝑎𝑠𝑘 𝑀𝑎𝑛 - 𝑘𝑟𝑣𝑚𝑎𝑠𝑘Onde histórias criam vida. Descubra agora