Sonho Adolescente.

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Pov Manu.
Me encostei no armário ao lado do armário da Luna enquanto ela arruma as coisas dentro dele.
- Eu não sabia da existência dele, e olha que eu sei bastante coisa.
- Acho que eles têm vergonha dele. - ela olhou um lado e depois o outro, antes de sussurrar para mim. - ele é tipo o problemático da família.
- Ohhh, me conta mais.
- Ele tava em um internato, só saiu de lá ano passado, aí veio pra cá. O que sei lá ele tenha feito pra ir parar lá não foi falado, pelo menos eu não ouvi nada. E eu tenho ouvidos em tudo.
- Hmm... Fiquei curiosa agora.
- Você provavelmente deve ter alguma aula com ele, e ainda vai ver por aí.
- E você? Não tem aula comigo não?
- Óbvio que tenho.
- Então cadê você que não vi em nenhuma delas.
- Tô meio ocupada com o jornal agora.
-Ah, claro, eu deveria ter adivinhado.
- Inclusive, - falou Luna olhando para a agenda que segurava. - vou entrevistar um cantor de uma banda.
- Qual o nome dele?
- Não lembro, mas acho que começa do J.
- Jess? - pergunto pelo primeiro que passou na minha cabeça.
- Não... mas esse nome não me é estranho.
Abri meu celular e vi o horário, já estava começando a próxima aula, e eu não tinha desculpa pra não aparecer, diferente da Luna.
- Quando descobrir me conta. - dei uma piscadinha e fui para minha sala.

Sentei em uma das carteiras mais pro fundo da sala, perto da parede, bom o suficiente pra que o professor não notasse eu fazendo qualquer outra coisa que não fosse estudar. Aproveitei o momento para atualizar meu blog, precisava postar algumas fotos que tirei na Itália e não tinha colocado em lugar nenhum ainda.
Senti um toque no meu ombro e virei a cabeça, me deparando com um garoto um pouco familiar, por algum motivo desconhecido, loiro, debruçado sobre a mesa.
- Manuela, né?
- Sim.
- Ouvi falar muito de você.
- É, eu sei. As pessoas falam bastante de mim.
- Hm. - ele deu uma rápida olhada de cima para baixo. - Sou Lucas.
- Scott?
- O próprio. - é daí que vem a familiaridade. - Ouviu falar de mim?
- Bem pouco.
- Mesmo?
- Uma vez, na verdade.
- Ata... - deu um sorriso de canto, do tipo que não presta, e se encostou na cadeira. Me virei para frente e continuei fazendo o que estava antes.

Desci as escadas e fui até a cozinha, procurando alguma coisa para beliscar. Já são umas dez da noite, então estou usando uma regata e um shorts curto, já que é só pra ficar no meu quarto mesmo. Fiquei na ponta dos pés para conseguir abrir os armários e ver o que tinha dentro, vendo se algo me interessava.
Ouvi alguns passos entrando na cozinha, me virei imaginando que fosse meu irmão, mas na verdade era Ethan. E meu deus. Algo nele estava diferente desde a última vez que o vi, anos atrás, antes do intercâmbio. Não parecia muito o que eu lembrava do garoto que eu sempre via jogando vídeo game com meu irmão na sala. Ele já era alto, mas agora estava muito mais. O cabelo escuro meio bagunçado, de um jeito charmoso. Se eu não conhecesse ele podia facilmente confundir com a geladeira da cozinha. Ele sempre foi bonito assim?
- Quer ajuda aí?
- Ethan. - falo me virando para ele, apoiando as mãos no balcão atrás de mim.
- Manu.
- Não sabia que você estava aqui hoje.
- Eu sempre estou. - deu uma piscadinha, abrindo a geladeira. - Ficou um tempo fora e já esqueceu como é?
- Não, é que eu não ouvi sua voz e meu irmão não falou nada...
- Tô brincando, pirralha. - ah.
- Ata. - dei uma risada meio falsa, não sabendo como reagir. Ele abriu a latinha de refri e tomou um gole.
- Conseguiu entrar pras líderes de torcida? Ouvi que você tentou.
- Claro, eu sempre consigo. - ele deu uma risada.
- É, eu sei, conheço você. Mas só pra ter certeza. - deu outra piscadinha e saiu da cozinha. Soltei um suspiro. Nunca tinha sido tão difícil ficar perto dele, não sei o que deu em mim. É o Ethan, o mesmo Ethan que é melhor amigo do meu irmão desde que eu me lembre, não tem porque ficar assim.

POV Sara
O despertador toca, eu me levanto devagar tentando descobrir onde eu estou e então ando até o banheiro. Tomo um banho, faço minhas higienes, penteio meu cabelo e me arrumo rapidinho pra não me atrasar.
- Bom dia pai. - Dou um beijo na sua cabeça que tem uns fios grisalhos e um aparente início de uma careca. Pego uma torrada e corro pra fora.
- Não quer uma carona? - Meu pai diz quando estou descendo as escadas da porta da frente.
- Não precisa! Tchau!
Ultimamente a gasolina está relativamente cara e eu prefiro ir à pé do que gastar com uma bobeira dessas.
Mordo a torrada quando encontro com a minha melhor amiga (e uma das únicas pra ser sincera).
- Sara! Me espera! - Sorrio pra garota que corre até meu lado.
Chloe é pequena tem um nariz um tanto quanto arrebitado, cabelos loiros que vão até sua cintura e um senso de humor terrível.
- Tem aula de sociologia hoje? - Ela pergunta enquanto eu mastigo, eu engulo antes de responder.
- Acho que sim.
- Isso é ótimo porque eu também tenho.
- Aliás, preciso te contar uma coisa. Entrei pro jornal da escola! - Dou um gritinho e vejo ela dar pulinhos. - Bem... como estagiária... e não é certeza que eu vou ficar mas....
- Isso é incrível Sara! Que ótimo!
- Só tem um problema... eu preciso de alguma notícia sobre "o que os adolescentes gostam" uma matéria, acho. Você podia me ajudar nessa parte, né? É mais sociável que eu.
- Claro amiga, mas eu tenho ensaio de líderes depois.
- Ah... Tá né.
Nós caminhamos até a escola juntas, assim que passamos do portão eu vejo Jack escorado na árvore com um cigarro na boca, assim que ele me vê ele tira e joga no chão, eu reviro os olhos.
- Olha em minha defesa - Ele se aproxima de nós duas com as mãos pra cima. - Eu não tava fumando ok?
- Ah claro, porque é super normal andar com um cigarro na boca sem estar aceso.
- Ué, é sim.
Eu não falo nada e puxo Chloe pra longe junto a mim, que me olha com um sorrisinho.
- Você e o Jack, hein?
- Quê? Endoidou foi maluca?
- Amiga ele não é feio.
- Mas é um idiota.
- Você nem tentou discordar comigo que ele é um gato! - Ela ri e eu sinto meu rosto esquentar.
No jardim de infância eu e ele éramos muito amigos, mas nós fomos crescendo e ele se demonstrou um idiota completo. E tudo bem, sabe? As vezes é melhor que se afaste mesmo.
- Para de falar besteira.
Abro a porta da nossa sala e me sento em uma cadeira ao seu lado.

POV Jack
Nossa meu Deus como é difícil agradar a Sara! Sério, acho que ela é a pessoa mais irritante que eu já vi na vida.
Tenho aula de matemática agora, uma das poucas matérias que eu ainda gosto e fico na sala, coloco minha mochila na mesa e me sento na cadeira quando o Sr. Forbes começa a dar aula.
Ele explica algumas questões antes da porta ser aberta repentinamente por alguém do time de futebol.
- A gente tem um anúncio pra fazer! - Acho que o nome dele é Ethan - Depois dessa aula vai ter um treino pra escolher os novos jogadores pro time, quem quiser participar dá uma passada lá. Valeu aí. - Da mesma forma que ele abriu a porta, ele fecha.
Será que a Sara vai? Preciso tentar, né?
Espero o sinal tocar e vou até o gramado.

POV Sara
Eu ODEIO Educação Física. Com todas as minhas forças. Eu me mataria na frente da professora agora mesmo.
Dou 2 voltas e me abaixo com as mãos nos joelhos tentando puxar fôlego quando vejo os garotos que vão tentar entrar no time hoje.
- Será que eu posso me sentar na bancada um pouco prof? Eu tô com dor...
- Todos os dias você tá com dor senhorita Hack.
- Mas agora é sério, só um pouco por favor. - Junto as mãos e assisto ela suspirar e finalmente me liberar.
Se eles me vissem correndo eu juro que eu me mataria aqui mesmo.
Ué, aquele ali não é o Jack? O que ele tá fazendo aqui?
Meu rosto é de completa confusão quando meus olhos encontram ele correndo pelo gramado, um exercício que o Lucas mandou ele fazer. Sério o que caralhos ele tá fazendo?
Ele pede um tempo com a mão e tira o capacete, vejo ele tentar puxar ar, parece uma crise asmática.
Desço os degraus e corro o mais rápido que consigo até ele, pego em seu ombro e ele me olha com aqueles olhos castanhos.
- Ei, você tá bem?
- Não - Ele vira o rosto e continua tossindo.
Pego no seu braço e tento levá-lo o mais rápido que consigo até a enfermaria, quando chegamos ele já tá meio azul.
A enfermeira de lá manda ele sentar na maca e dá uma bombinha de asma, a cor normal começa a voltar pro seu rosto conforme o tempo vai passando, e a enfermeira sai da salinha.
- Resolveu virar atleta e esqueceu que seu pulmão não aguenta 5 voltas foi?
- Ah merda, você descobriu. - Ele dá um sorriso ladino e eu cruzo os braços. - Ficou preocupada comigo, é?
- Ah pelo amor de Deus. Seus joguinhos não funcionam comigo Jack. Eu só te trouxe até aqui porque parecia que você ia morrer.
Ele se cala e só me observa.
- Obrigado.
Por essa eu não esperava. Ok eu acho? Dou de ombros e pego mais uma bombinha de uma caixa ali perto, pressiono contra seu peitoral (meu Deus por que eu fiz isso?) e espero ele pegar antes de sair da sala com meu rosto corado.

Pov Luna
Entro na limousine com a minha mãe às 8 da manhã em ponto. Não queria ter me atrasado tanto, mas acabei perdendo o horário porquê fiquei chorando a noite inteira. Benny viajou com o grupo de teatro para uma peça e só voltará em 5 semanas. Isso havia me abalado e tirado meu sono.
- Você tem que começar a ser mais organizada! Tudo isso por causa de um garoto? Vai arriscar sua vida nisso?
- Calma mãe, eu só me atrasei hoje. E nem vou chegar atrasada no jornal. - Vou sim, e já consigo ver a cara de metido do Tyler me esnobando por isso.
- Eu não me importo, Luna! Que diabos de ideia foi essa do seu pai, fazer você namorar esse moleque!
- Eu também não queria, eu também fui obrigada a aceitar a situação.
- De qualquer jeito, é culpa sua. Seja mais organizada. - E a pequena viagem até a escola de 30 minutos que parecem mais de 24 horas começa.
Entro no jornal e todos na recepção viram para ver quem havia chego tarde. Sou eu, oi.
- Lua, chegando essas horas? - Consigo ouvir sua voz rouca e irritante atrás de mim.
- Luna.
- Eu sei seu nome.
- Não parece, me chamou de Lua.
- Hm, tenho quase certeza que eu disse Luna. Enfim, vamos para o NOSSO escritório? - Nosso? Não posso acreditar.
- Com licença, esse é meu escritório. Tipo, só meu.
- Não mais, princesa. - Reviro os olhos e sento na minha mesa, ele tinha colocado outra mesa ali em frente a minha. Não havia ocupado muito espaço pois o escritório sempre foi incrivelmente enorme.
Saio para ir pra aula e no intervalo volto ao escritório. Chego lá e Tyler me cumprimenta com um sorriso largo, meu coração erra as batidas e quase posso sentir alguma coisa além de ódio.
- Lua, tenho uma missão pra voce.
- Luna... Quer saber, dane-se. O que você quer?
- Quero que você vá a um show de uma boyband e faça uma entrevista com o vocalista, Justin Bieber. - Me jogo no puff.
- Meu amor, não irei fazer isso. Já saí das notícias a muito tempo, eu sou da administração. - Ele tira um maço de um bolso da sua jaqueta de couro e então, acende um cigarro.
- Eu sei, mas não teria pessoa melhor para essa entrevista. Sei o quanto gosta de entrevistas. - Não posso negar, desde que li um dos livros da Taylor Jenkins Reid onde a forma de escrita era em entrevista, desenvolvi um amor sem igual pelo gênero literário.
- Como sabe que gosto de entrevistas? - Ele se envergonha e da um trago.
- Sabendo.
- Certo, mas quero área vip no show. Não quero passar tumulto.
- Tudo bem, tenho meus contatos.



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