POV Sara
Noite passada eu fiquei a madrugada inteira escrevendo e quando notei já eram quase 4 da manhã. Por conta disso infelizmente cheguei atrasada na escola e agora tô tendo que ouvir os mil sermões da diretora.
— A escola é um lugar de responsabilidades, é preciso ser assíduo e mais do que isso, pontual. Ainda mais você meu bem, que é bolsista. Você precisa ser um exemplo.
— Sim, claro. — Não prestei atenção em nada do que ela disse.
— Acho que já estamos resolvidas então. Pode ir.
Assinto lentamente com a cabeça e abro a porta pra sair da sala. Pego meu caderno e vejo a próxima aula, história.Coincidentemente a Manuela chega na sala também, acho que temos uma aula juntas.
— Duplas agora pra pesquisar e debater sobre a Revolução Francesa.
Eu olho pros lados vendo se alguém ficou sem dupla igual eu e de repente sinto alguém sentar do meu lado.
— Oi xuxu — Manuela sorri pra mim, não parece ser muito sincero mas...
— Oi.
— Seguinte, você vai fazer o melhor trabalho dessa sala tá ouvindo?
— Eu não sou seu capacho oxe.
— Mas você me deve uma por invadir meu ensaio. É isso ou eu conto tudo no meu blog, você quem decide.
Eu suspiro derrotada e assinto em concordância, as vezes eu odeio não conseguir falar não direito.
Pego alguns livros da mesa que a professora disponibilizou e começo a ler sobre o assunto copiando logo em seguida no caderno. Eu só espero que a professora não chame a gente pra debater porque se depender de nós duas vai ser difícil...
Quando eu finalmente termino de escrever, nós somos sorteadas junto com uma dupla de meninos, eu começo a passar mal de nervoso, sinto minhas mãos tremerem e meu corpo inteiro ficar tenso. Tento respirar fundo pra ver se me acalmo mas não consigo, a professora chama meu nome várias vezes mas eu não consigo me levantar. De repente eu sinto a mão da Manuela no meu ombro, não sei se é só meu cérebro imaginando coisas pra me fazer passar por isso mas tenho a sensação que ela respira comigo.
Eu pisco e assinto conforme o pânico vai passando, e só então nós vamos até a frente.
Ela me surpreende com a didática boa e eu tenho quase certeza que a gente vai ganhar um 10, quem diria né?
O sinal toca pro próximo tempo e eu saio da sala com alguns livro na mão, paro no meu armário e guardo alguns pegando só um caderninho pra aula de química.
Existe uma salinha que tem alguns intrumentos pra quando se tem aula prática no laboratório, então eu entro lá pra buscar um óculos daqueles transparentes.
É um pequeno corredor com prateleiras cheias de tubos e essas coisas com apenas uma pequena lâmpada pra iluminar.
Assim que eu me viro pra pegar os óculos escuto a porta fechar atrás de mim, me viro e dou de cara com Jack.
— Oi.
— O que você tá fazendo aqui? — O lugar é apertado o suficiente pra um, dois aqui é quase impossível de se mexer sem bater em alguma prateleira.
— Vim pegar uns tubos pro Winster. Sabe o de química? Ele pediu.
— Não sabia que você gostava de ver aula.
— Tem muitas coisas que você não sabe sobre mim. — Ele pisca e eu reviro os olhos.
Em um instante fica tudo escuro, eu escuto a porta ser trancada, porra de tranca automática! Jack se vira pra tentar abrir a porta, ele até tenta empurrar com o corpo mas não funciona muito e então acaba me empurrando algumas vezes sem querer.
— Esquece, Jack. Vamos ter que esperar a luz voltar.
— Merda. — Ele se vira pra mim, o curto espaço entre nós faz com que eu sinta sua respiração.
— Então... — Dou de ombros tentando evitar a todo custo olhá-lo (ou olhar pro braço dele que de vez em quando roça no meu).
O silêncio reina por alguns minutos, eu sei que ele está me olhando mas eu observo o teto, as paredes, a porta, qualquer lugar que não for ele.
— Tá evitando olhar pra mim por que? Tá apaixonada?
— Eu? — Solto uma risada. — Por favor né, ai meu Deus eu preciso de você, eu quero você!!! — Falo em um tom irônico o que o faz rir. Por alguma razão estranha isso me causa umas coisas esquisitas no estômago.
— Tá, entendi. Eu tinha esquecido quão legal você é.
— A gente não se fala desde, sei lá, o 7° ano.
— É, você mudou bastante.
— Isso é bom ou ruim? — Ele não responde de imediato, em vez disso olha nos meus olhos.
— É bom. — Sai quase como um sussurro rouco.
Até o oitavo ano eu era uma pessoa completamente reclusa, que não conseguia nem mesmo responder presença na sala. Não sei bem o que aconteceu mas no ano seguinte eu decidi que ia tentar ser mais aberta. É difícil mas acho que tô me dando bem até.
— Porquê?
— Eu nunca tinha visto esse seu lado irônico até agora. Isso é só um exemplo, você se tornou mais bonita também. Não que não fosse, é só que...
Ele se atrapalha enquanto tenta explicar e eu sinto o rubor subindo nas minhas bochechas.
— Valeu... — Eu desvio o olhar dele, sem conseguir encará-lo por muito tempo.
— Ei. — Jack gentilmente pega no meu queixo e me faz olhar pra ele, são milímetros de distância entre nós que me causa inquietação, acho que é a adrenalina. Ele tira uma mecha de cabelo da frente do meu rosto e antes que pudesse acontecer qualquer coisa a porta é aberta pelo zelador da escola.
— Desculpem por isso, são as trancas automáticas.
Jack se afasta de mim e pigarreia, assentindo pro zelador antes de sair da sala, me deixando lá com um óculos transparente na mão, um caderninho na outra e um coração muito acelerado.
— Que porra foi essa? — É a primeira coisa que eu digo quando me vejo sozinha.
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So High School
FanfictionÉ o primeiro ano do ensino médio, as coisas deveriam ser tranquilas!... né?