Preocupações.

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POV Sara
Dou 3 batidas na porta do escritório da Luna e só então abro e entro.
Ela digita alguma coisa no computador e eu vejo um garoto do lado dela falando alguma coisa, como se tivesse instruindo alguma coisa.
Seu olhar cruza o meu quando a porta range e eu pigarreio.
— Eu terminei a matéria que você me pediu.
— Ótimo. Pode deixar aqui na mesa. Eu vou ler e te aviso depois.
— É isso?
Ela para o que estava fazendo e me olha, por pelo menos uns 10 segundos. O desconforto é crescente.
— É isso? — Diz me imitando. — Como assim é isso? Você acha que toda vez que cumprir com a sua responsabilidade vai ganhar um prêmio?
— Não mas..
— Sua recompensa é continuar no comitê. Se não é suficiente então sinta-se a vontade. — Ela aponta com a palma da mão pra fora.
Engulo em seco, não achei que ela levasse o jornal tão a sério, mas aparentemente sim.
Mas sinceramente, nem precisava disso tudo. É tão difícil assim pra ela aceitar que nem todo mundo sabe como funciona esse comitê direito!
Parando pra observar agora será que ela tá dando pro garoto do lado dela? Ele não para de ficar olhando, meu deus além de uma puta autoritária ela é uma vagabunda!
— Não, tudo bem. — Eu queria dizer se mata, mas ok.
— Ótimo. Mas se você quer saber, é imppressionante a rapidez que você entregou. — Parece que o peso na consciência bateu logo.
— Obrigada.
Eu assinto antes de sair pela porta, quando fecho eu respiro e expiro fundo antes de eu sentir o peso do corpo de alguém tão forte que faz eu cair.
— Porra! — Digo quando sinto minha cabeça bater no chão, meus olhos (fechados pelo impacto) abrem-se lentamente dando de cara com o Jack, que merda.
— Meu Deus, desculpa. — Ele diz se levantando e me ajudando a levantar também, aceito o gesto.
— Por que caralhos você tava correndo?
— Não tá sabendo?
— Do quê?
— Tem um pessoal chegando da escola vizinha, sabe, aquela dos leões.
— Ah... sei. Aquela que ano passado teve dois expulsos por assediarem a Bridge e a Louise.
— Isso. Eu tava indo ver eles chegando, e vaiar óbvio.
— Achei que você não jogasse, pelo menos depois daquele ataque de asma. — Levanto uma sobrancelha.
— Não jogar não significa que eu não gosto de assistir, querida.
— Sei não...
— Vem, vai ser legal.
— Se você diz...
Andamos juntos até a porta da escola onde vários alunos já se encontravam lá, em poucos minutos, o ônibus vermelho com o brasão de um leão aparece e os alunos começam a fazer um barulho enorme.
Faço uma careta com tanta bagunça, não é que eu me importe, eu só não gosto de tanto barulho assim.
Acho que Jack nota minha careta então ele se inclina o suficiente pra que eu escute sua voz.
— Ei, tá tudo bem? — A voz rouca dele me causa arrepios. Eu assinto levemente quando ele se afasta, mas 3 segundos depois sou pega na mão e puxada pra longe da gritaria.
— O que foi?
— Você é uma péssima mentirosa.
— Não sou nada.
Jack ri silenciosamente e eu percebo que ainda seguro sua mão, o que me causa um rubor instantâneo.
— Pra onde nós vamos?
— Onde você quer ir? — Ele para e se vira pra mim, só então notando nossas mãos que estavam entrelaçadas soltando-as rapidamente. Assisto suas orelhas ficarem com um aspecto vermelho e automaticamente o sangue corre pelas minhas bochechas.
— Eu... acho que a biblioteca... — Falo pausadamente.
— Então estamos indo pra lá.
— Mas e a recepção? Você não quer ver?
— Você é mais importante pra mim agora. — Ele dá de ombros enquanto caminha até a biblioteca tranquilamente como se não tivesse me deixado em choque pra trás. — Você vem ou não?
— Eu tô... — Balanço a cabeça. — Tô indo, me espera.

Por conta da chegada do time rival, a maioria das pessoas tinha se reunido pra recepcioná-los então só havia nós dois no local. Eu vou até a seção de livros de fantasia enquanto ele vai até os de mistério que é ao lado da minha.
— Não sabia que você gostava de ler.
— Já falei que tem muitas coisas que você não sabe sobre mim.
— Tipo o quê então?
— Descubra. — Jack se vira pra mim e pisca antes de voltar a pegar algum pra ler a sinopse igual a mim.
— Você é sempre tão....
— Lindo? Sou.
— Irritante! — Eu viro pra encará-lo.
— É outra maneira de falar, então sim. — Ele me dá um sorriso provocativo e eu reviro os olhos procurando algum outro livro.
No final, eu pego "era uma vez um coração partido" e me sento em uma das mesas redondas, ele não demora muito e senta ao meu lado com "rastro de sangue".
— Que livro é esse?
— Rastro de sangue, princesa. — De repente ele toma o livro da minha mão o que me faz virar automaticamente pra ele.
— Não acredito que você tá lendo esse.
— Tô... Pode devolver por favor?
— Eu acho o máximo. — Ele devolve e então percebe o que disse. — Não, quer dizer... não é isso é que...
Eu começo a rir, quem diria que por baixo dessa carranca tinha um romântico incurável?
— Você lendo romance? — Limpo as lágrimas que se formaram no canto dos olhos.
— Olha, minha irmã gosta, então muitas das vezes ela me faz ler junto pra poder comentar. Alguns são péssimos, mas em raras ocasiões ela acerta em um ou outro. — Ele sorri docemente pra mim por uns instantes antes de recobrar o sentido provocativo. — E quem é você pra falar de mim? Você lê fantasia!
— Epa, eu posso, tenho licença poética.
— Tá falando isso só porque participa do Franklin.
— Sim, e daí?
Nossos olhos se cruzam e um sorriso inconsciente forma em meus lábios, o que eu só percebo quando ele sorri de volta. Desvio o olhar e por alguns minutos nós só lemos em silêncio, de canto de olho observo que ele tem feito algum esforço pra conseguir ler mas não digo nadabe continuo a leitura até ele quebrar a quietude.
— Sara...
— Oi.
— Sobre aquele dia, olha...
Me viro pra encará-lo que já se virou pra mim, sei exatamente de que dia ele tá falando.
— Que dia? — Faço minha melhor expressões confusa e assisto seu rosto levantar as sobrancelhas e então balançar.
— Nada, esquece. — É um sussurro tão baixo que se não estivesse quieto eu não teria escutado.
— Tá então.
O sinal toca e eu suspiro, a aula de gramática vai começar. Me levanto, dou um aceno rápido e sigo até a sala de aula.

So High SchoolOnde histórias criam vida. Descubra agora