além da amizade

capitulo 3

Quando éramos crianças, Helena e eu explorávamos cada canto da fazenda do meu avô. Os campos de trigo se estendiam até onde os olhos podiam ver, e as árvores antigas sussurravam segredos ao vento. Mas havia um lugar especial que só nós conhecíamos.

Um dia, enquanto brincávamos perto do riacho, Helena tropeçou em uma pedra solta. Ela caiu, mas não se machucou. Em vez disso, ela sorriu e disse: “Eduardo, acho que descobrimos algo.”

Segui seu olhar e vi uma abertura na colina. Parecia uma entrada escondida, coberta por arbustos e folhas secas. Helena se levantou e me puxou pela mão. “Vamos ver o que tem lá dentro.”

Entramos no túnel natural, rastejando por entre as raízes das árvores. A escuridão nos envolveu, mas não tínhamos medo. Helena acendeu uma lanterna pequena que ela sempre carregava na mochila.

À medida que avançávamos, o túnel se alargava. A luz da lanterna revelou paredes de pedra e musgo. Gotas d’água pingavam do teto, criando uma melodia suave. Helena riu e disse que parecia um lugar mágico.

Finalmente, chegamos a uma caverna ampla. O teto se erguia alto, e no centro havia uma pequena piscina de água cristalina. A luz da lanterna refletia nas estalactites, criando um brilho mágico.

“É nosso lugar secreto”, sussurrou Helena. “Aqui podemos ser apenas nós mesmos.”

Passamos horas naquela caverna, contando histórias e sonhando. Helena disse que era nosso refúgio, onde as preocupações do mundo não podiam nos alcançar. Eu concordei, sentindo-me como um aventureiro em um livro antigo.

Com o tempo, decoramos a caverna com desenhos nas paredes. Helena esculpiu nossos nomes em uma rocha, e eu fiz uma promessa silenciosa de que aquele lugar seria nosso para sempre.

Naquela tarde, enquanto observávamos a água refletir a luz da lanterna, Helena se aproximou e me beijou na bochecha. “Eduardo, este é o nosso segredo.”