A chuva caiu suavemente, como lágrimas do céu, enquanto Helena e eu nos abrigávamos sob o teto de pedra da caverna. As estalactites pendiam acima de nós, gotejando água em um ritmo constante. O som era como uma melodia suave, ecoando pelas paredes de pedra.
Helena olhou para mim com os olhos arregalados. Seu cabelo estava molhado, e pequenas gotas escorriam pelo seu rosto. “Eduardo”, disse ela, “acho que estamos presos aqui.”
Eu ri, apesar da situação. “Talvez seja um sinal”, respondi. “Talvez a caverna queira nos manter aqui para sempre.”
Helena franziu a testa. “Você acredita em destino?”
“Não sei”, admiti. “Mas sei que este lugar é especial. É nosso refúgio secreto.”
A chuva continuou a cair lá fora, e nós nos aconchegamos em um canto da caverna. Helena tirou sua jaqueta molhada e a usou como travesseiro improvisado. Eu me deitei ao lado dela, sentindo o calor do seu corpo.
“Eduardo”, disse ela, a voz sonolenta, “você acha que vamos sair daqui amanhã?”
“Claro”, respondi, tentando parecer confiante. “O sol vai secar a terra, e poderemos voltar para casa.”
Mas, naquele momento, não queríamos sair. A chuva batia no teto da caverna, e o mundo lá fora parecia distante e esquecido. Helena se aconchegou mais perto, e eu a abracei.
“Eduardo”, sussurrou ela, “você é meu melhor amigo.”
“Você também é a minha”, respondi, sentindo a sinceridade em suas palavras.
E assim, naquela noite chuvosa, nós adormecemos na caverna. O som da chuva nos embalou, e nossos sonhos se misturaram com as estalactites acima de nós. Na manhã seguinte, quando a chuva finalmente parou, saímos da caverna de mãos dadas. O mundo estava fresco e limpo, e nós sabíamos que aquele lugar seria nosso segredo para sempre.
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além da amizade
RomanceEduardo e Helena cresceram juntos na pacata cidade de Rosa Branca, no interior de São Paulo. Desde a infância, eles compartilharam risadas, segredos e aventuras. Eduardo, neto do homem mais rico da cidade, e Helena, filha do capataz da fazenda de se...