VII

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O momento chegou.

Margo se senta a mesa junto a Luanne e Rubens.

Ela começava a bater os dedos sobre a mesa, quando Rubens inclina o corpo indicando que irá falar algo.

-É tudo incrível! Sério. Nunca pensei estar aqui novamente- Um sorriso é esboçado mas seu semblante se fecha rapidamente. - Mas você não é a mesma de antes.

- As pessoas mudam filho. Ninguém quer morrer sem ter progresso algum. - A voz era calma. Parecia selecionar as palavras mais inofensivas para escapar rapidamente de um possível beco sem saída.

-Vamos conhecer o jardim. Na verdade é uma horta, mas podem imaginar o que quiser. Acho que mal podem imaginar como ela está agora. Luanne? - Sorrindo ela se direciona a eles com o olhar para uma porta que indicava o acesso a ele.

Rubens começa a se sentir um tolo direcionando a dizer algo tão óbvio. O nervosismo o consumia. Ela estava tentando dibra-lo. Os olhos tremiam. Sentia como se houvesse uma agulha em centímetros de distância de seus olhos, prestes a cega-lo. Pensa que tudo pode ser em vão se não pensar em algo rapidamente.

-Isso tem haver com papai?

- Sim. Você sabe como eu sofri. Pelo menos deve entender, certo? Luanne com certeza me entende!

-Mas por que a casa tão limpa só agora. Porque reviver esse momento mais uma vez, fazendo algo que detestava desde quando eu era criança?

- Rubens, Luanne está aqui. Não faça ela rir de você. Ela provavelmente deve estar rindo da sua cara agora.

Luanne permanece neutra. Parecia parcialmente distraída. Mas não conseguia deixar de escutar o que estavam dizendo. Fingia para os dois que estava em outro mundo, pensando em outra coisa. Felizmente para ela, isso funcionou.

Eles ignoram-a e retomam o diálogo que parecia estar cada vez mais perto de uma luta de adagas.

- Eu não me senti bem com quem eu era. Procurei ser melhor no que eu não fui.

-Me diga agora- ele insiste. O punho cerrado sobre a mesa.

Margo súplica com os olhos para que pare.

Rubens por sua vez a pressiona aumentando a voz.

- Você esconde algo, suas farsas cairão sobre mim uma hora ou outra. Eu percebi desde quando eu e Luanne entramos nessa casa.

O olhar implora para que cale a boca.

-Esconde algo de mim. Por isso que nunca me pediu para te visitar. - Rubens vai juntando os acontecimentos como se fosse um quebra-cabeça.

O olho de Margo está molhado em lágrimas que começam a aparecer.

-Queria que eu fosse embora e sumisse da sua vida para viver a sua. Não diga para mim que mudou de repente e já resolveu tudo que não fez a tanto tempo. Pelo seu visual e pela casa já foi um grande passo. Parabéns!

-Não. Por favor. Não é isso! - Margo finalmente o rebate, isso a fere. Ela não consegue conter as lágrimas e elas rolam em seu rosto.

-Não é isso. Nunca quis que pensasse assim. - Sua voz já estava rouca, com um caroço audível na sua garganta que parecia a sufocar.

-O que quer que eu pense, comportando dessa maneira?

-Podemos por favor ir para a horta. Luanne, vamos? - Ela busca o olhar de Luanne com desespero.

Rubens cede. Sua adrenalina foi acumulada para a fazê-la chorar. Agora sente o corpo todo tremendo, com raiva de si. Perdido. Refletindo se foi a melhor decisão a ser tomada.

O Caso de Rosalinne OrssowOnde histórias criam vida. Descubra agora