O Caso de Rosalinne Orssow

XV

Rubens entrou no escritório de administração após dias sem ir. Cumprimentando em primeiro momento o seu chefe, com o olhar e com um aceno nervoso. Roger parecia estar parcialmente ocupado no momento mas notou a sua atenção a metros de distância da entrada, o recebendo com um aceno de mão.

Deveria ser mais um começo de temporada para todos da empresa e provavelmente para Rubens não seria diferente.

Parecia ser um dia que viesse a trazer conforto a ele, estar em um ambiente em que conhece tanto, mas logo ele foi provocado por Jhon e Robert que o trouxe a real angústia de trabalhar ali.

Eles riam de uma piada interna que ele não entendia, mas deixavam óbvio que falavam sobre ele.

Conseguiu reconhecer o rapaz próximo de Jhon. Robert não era uma pessoa de todo mal, somente um rapaz sem instrução, não parecia conhecer o verdadeiro homem que estava ao seu lado. Robert foi quem o derrubou no chão um dia antes de tirar as suas férias, e só se tocara agora quem ele era, mostrando sua mera insignificância.

Rubens não se mostrou interessado, se sentando em sua mesa, e tentando rapidamente ignorá-los enquanto iniciava a concentração em suas tarefas do dia.

Elas se encontravam ao lado de uma mesa menor próxima a sua, mas com a atividade acumulada ele se surpreendeu em ver até mesmo tarefas espalhados em todo o seu espaço em que trabalha, onde era um quadrado pequeno com um computador.

Havia uma TV de tela plana presente a cima de si, próximo ao canto de sua sala. Exibia um noticiário matinal. Rubens desviava o olhar para a tela tempos em tempos enquanto se concentrava o restante da sua atenção nas atividades.

A repórter regional Britney Fowler apresentava uma reportagem.

A notícia, inicialmente era trivial, mas rapidamente se tornou inquietante após a transmissão ser interrompida para uma câmera que focou de repente para alguém inesperado: para a sua mãe, que mais aparecia estar em um quadro de Stand Up.

Ela estava nervosa, vacilando em algumas palavras e gesticulando de maneira desajeitada, enquanto se desculpava repetidamente pelo o que Rubens não conseguia entender.

Talvez estivesse se desculpando por demonstrar o nervosismo na reportagem, mas o que o fez descartar a hipótese o mais rápido possível foi como Margo, visualmente, se encontrava distante dela mesma, para demonstrar não estar ligando realmente para aquilo.

-Desculpem-me. É para aqui mesmo que eu olho?! - Indagou Margo, Direcionando-se para as pessoas que estavam fora da gravação. Tendo recebido ao que parece uma confirmação ela volta a sua posição.

-Por favor... A boneca... ela veio me visitar alguns dias atrás, pobrezinha, suja de terra e com pregos a atravessando seu tecido estampado em branco e bordados em preto. Bem... fiquei com o coração apertado ao ver isso. Mas algo me fez feliz. Era noite em temperaturas altas. As janelas da casa abertas, um suco gelado sob a mesma poltrona em que estou no momento, acompanhado por uma música no som. O que melhora ainda está por vir. A presença da boneca - uma velha pilha de tecidos bem arrumada - ainda estava ali, mas algo nos mostrava que não era só nós duas que estavam se divertindo naquele momento. Não estava esperando mais nenhuma nova companhia, mas havia. Com dificuldade notei a sua presença. Esta parecia ser tímida de mais, mais do que a boneca que apareceu por completo, e por isso não cheguei a vê-la, mas tinha alguém ali. Estava ali, em um canto escuro da sala.
Esta mesma me pediu para dizer que algumas pessoas perderão a cabeça... que bobeira. Parando para pensar, acho até que seria obra daqueles jovens da rua 7 querendo assustar a senhorinha aqui. Quanto desrespeito. - A mãe de Rubens continuava com uma expressão distante, como se estivesse sob algum tipo de transe, paralisada com as pupilas vacilando e sobressaindo de seu rosto.