XII

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A cidade estava silenciosa, com exceção dos poucos carros que passavam. Andavam lado a lado com uma sensação de alívio por não terem sido perseguidos pela menina fantasma que os assombrava, uma ponta de frustração pelo o que passaram para descobrirem um mero nome. Iam em direção ao Hotel.

O hotel, por sua vez, apesar de ter sido um refúgio por uma noite, não oferecia nada mais nenhuma utilidade, não fazia mais sentido estarem ali por causa de Margo e por também estarem vivenciando um real seriado de horror. Voltarem para Columbia parecia ser a melhor opção.

Mas por trás de tantas adversidades,
havia um certo conforto na presença um do outro, e o desespero momentâneo deu lugar a uma calmaria relativa.

Margo deixou uma marca profunda no coração de Rubens, nos mais fundos dos pensamentos . A pressão havia se tornado demais.

Luanne direcionando o olhar para ele, parece notar.

-Rubens, sua mãe está apenas tentando mostrar que se importa com você. Talvez de uma forma que talvez não compreendamos totalmente - Disse Luanne, passando a mão pelo braço dele de maneira reconfortante.

-Ela só quer que você perceba seu valor e, talvez, se sinta mais seguro.

A cabeça de Rubens estava girando com os pensamentos confusos sobre sua mãe e a estranha distância que se formou entre eles. Luanne, sempre ao seu lado, tentava confortá-lo, apesar do próprio cansaço.

- Rubens, você precisa entender que tá tudo bem. - Disse Luanne, continuando com a massagem pelo braço de Rubens.

-Ela só não deve estar sabendo lidar com o que está sentindo. Como uma....
Explosão de sentimentos, do não saber agir. Tudo isso pode significar a forma como ela agiu com você .

Ela para por um momento, ficou imaginando se não estaria invadindo demais o seu espaço.

- Ela é sua mãe, e você é o filho. Você deve entende-la. já parou pra pensar quanto tempo já se passou desde a última vez que a viu?

Rubens suspirou, o suor escorrendo por sua testa. -Isso não faz sentido. Ela nunca teve motivo para impedir que eu trabalhasse longe dela antes, e ela sabia disso, que eu teria que ir do mesmo jeito, era inevitável não aceitar a oferta.
Mas eu sinto que, se tivesse tido a chance de conversar com ela e ter resolvido todos os nossos problemas familiares, ela não estaria assim, tão bem da vida. Mas agora.... Viu só, a minha ausência a fez bem. Entendeu?!

Luanne o olhou com empatia. -Eu sei que é difícil. Mas, se você me permitir, vou te contar algo que pode possa te ajudar.

Com isso, Luanne fez uma pausa e, em um gesto suave, começou a falar sobre o passado.

-Eu lembro da última chamada de vídeo que tive com a sua mãe. Ela me ligou dias atrás, quando você a procurou, começou Luanne. Ela disse estar preocupada por você ter até enviado a sua localização para ela e não para mim.

Rubens fechou os olhos por um momento, recordando. -Sim, o acidente com o carro, lembro-me disso. Eu ligava para ela, mas eu nunca mandava a minha localização de onde estava. - Rubens estava a olhar alto para o límpido céu onde o sol iniciava a reluzir, sua face se tornava séria.

-Minha mãe me respondia todas, mas com o tempo as ligações iam se tornando raras, até pararem de vez. Depois de todos esses anos, retornaram a dias atrás, talvez só para possivelmente saber qual fim o atropelamento me levaria. - O olhar de Rubens estava frio como flocos de neve.

Ele erguia a mão sobre os olhos, parecendo evitar o sol. O seu olhar frio agora transmitia certeza do que descobrira naquele momento depois de Luanne ter relatado a sua parte.

O Caso de Rosalinne OrssowOnde histórias criam vida. Descubra agora