Capítulo 4

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NOTA DA AUTORA: Transformei essa fic em original há uns anos atrás, e publiquei na amzon. Agora, depois de um tempo, vim aq deixar no wattpad uns capítulos, porque nunca sei quando vou realmente parar de escrever, e gostaria de deixar minha história no fandom. Eu só tinha o livro já em sua versão final, então tive que mudar o nome dos personagens, se encontrarem algum nome diferente, não se assustem. Obrigada! 

***

Acordei mais cedo do que deveria. Embora meus olhos ainda doessem e houvesse algo em mim pedindo para que os mantivesse fechados e aguardasse paciente o sono voltar, sentia-me ansiosa demais para acatar o pedido.

Permaneci deitada, quieta, encolhida na cama com o cobertor tapando-me até o queixo mesmo que já desperta.

Em silêncio, observei paciente o dia raiar e a claridade iluminar meu quarto vagarosamente.

Não houve um segundo sequer que não pensei em Sasuke. Lamentava-me, e projetava mentalmente outros caminhos que poderia ter seguido caso tivesse-o respondido de forma coerente na tarde anterior. Nas hipóteses que eu traçava, havia sensatez em minhas palavras: eu diria que não sabia muito a respeito de como aquilo funcionaria, exporia meus receios, contaria sobre minhas inseguranças e todo tempo que permaneci reclusa na casa dos meus pais sem contato com as pessoas. Diria com sinceridade que ainda estava aprendendo como as coisas funcionavam; como a vida funcionava, e no fim diria que realmente não me incomodava com o que ele fez ou não em seu passado, que suas escolhas eram somente suas e que nada daquilo me cabia realmente.

Insisti nessa fantasia até que soubesse que já estava na hora de levantar.

À medida que me vestia, tentava me convencer de que não era uma pessoa quadrada. Repetia incessantemente que me redimiria.

Eu já havia sentido em minha própria pele como era ser rotulada por algo que não escolhi ser. Sasuke não havia escolhido também.

Estava disposta a aprender mais e lidar com aquilo. Isso, claro, se ele quisesse. Não o julgaria caso negasse.

Prometi que ignoraria meus próprios pensamentos. Assegurei a mim mesma que não daria brechas para as ideias tortuosas que me atingiam de um jeito julgador, condenando-me. Fingia que não me incomodava com a situação, aprendi a lidar com as coisas dessa maneira: abstraindo-as.

O dia mais uma vez amanhecera quente. Tomei chá gelado na lanchonete do Campus enquanto tentava não pensar na minha nuca suada e nos fios do meu cabelo colados contra minha pele melada.

Resisti à tentação de levar o copo frio pelo chá ao meu rosto a fim de aliviar o calor. Estava abafado, e até minha respiração acabou se tornando incômoda por sair morna a cada expiração.

A sala de aula, por ser climatizada, tornava o dia um pouco mais suportável de aguentar. Já havia alunos espalhados pelo cômodo, retirando seus materiais das mochilas. Sentei-me afastada do restante da turma que preferia o fundo, colocando minhas coisas na mesma carteira que ocupei durante os outros dois dias anteriores.

No lugar destinado ao professor, na mesa larga poucos metros à minha frente, uma mulher de pescoço longo e cabelos repicados rente ao queixo, mexia no seu celular.

Alheia a minha avaliação silenciosa, permaneceu concentrada, atenta a tela do aparelho. Pouco atrás de si, desenhado no quadro com letras arredondadas e gigantescas, seu nome, e-mail e a matéria que lecionaria:

Elizandra Beatriz, cálculo l.

Nenhum sobrenome, só os dois nomes. Dois nomes que não combinavam. Sorri um pouco, caindo na tentação de voltar a observá-la. A mulher tinha mesmo cara de Elizandra Beatriz.

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