capitulo 11

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Gabriel:

Fico parado e imóvel na cama, enquanto tento ouvir o inexistente som da respiração da minha filha. Ela dorme tranquilamente e só sei que está viva por conta do subir e descer da sua barriguinha ao respirar.

Não consigo pregar os olhos, a coloquei deitada na cama comigo pois de todas as três vezes que a tentei colocar no berço ela acordava e chorava. Deitada em meus braços, ela dorme igual a o anjinho que ela é, porém sinto medo de dormir e acabar ficando em cima dela, até mesmo de a deixar cair de cima da cama. Então apenas opto por ficar acordado, é a maneira mais segura.

As horas passam lentamente e cada pequena mexida um onde de eletricidade passa por mim fazendo meu coração disparar loucamente. Próximo às 5 da manhã, ela acorda com um pequeno resmungar, assim como a advogada diz mais cedo, a primeira coisa que eu faço é me levantar devagar e verificar a sua fralda que está encharcada de xixi.

Tento realizar a troca da maneira correta, mas algo não parece estar certo. Porém não há muito o que eu possa fazer, já que é minha primeira vez sendo pai.

Mesmo trocando a fralda, ela não se acalma, então penso que talvez seja fome. Desço com ela as escadas lentamente, deixei todas as luzes da casa acesas, o que facilita na descida.

Preparo a mamadeira da maneira que foi instruído e então deixo que a pequena sugue com vontade. A balanço de vagar enquanto vejo seus pequenos olhos verdes se fecharem lentamente enquanto termina sua refeição.

Ela se parece tanto comigo, seus olhos, sua boca. Como pode eu ser responsável por dar a vida a algo tão pequeno e delicado? É uma pequena princesa indefesa e eu simplesmente não sei como protege-la.

Há tanto o que fazer, mas ao mesmo tempo estou preso a esse pequeno ser vivo que não está preparado para o mundo lá fora. Ambos não estamos, poucos sabem sobre esse nascimento, nem mesmo minha família está ciente que agora sou pai. Simplesmente não sei por onde começar.

Hoje o dia passou tão rápido e ao mesmo tempo, senti cada segundo. Alice, a advogada, conseguiu agir tão rápido que após sua saída levou pouco tempo para o motoboy chegar com o contrato e levar ele assinado junto aos documentos que ela pediu.

Recebi sua mensagem no fim da tarde dizendo que encaminhou o processo e que solicitou urgência e que estaria de prontidão no fórum para que obtivesse uma resposta antes do almoço.

Espero que tudo encaminhe tão rápido quanto ela acredite, processos podem levar anos, coisa que essa pequenina não tem. Preciso protege-la, preciso ser o seu porto seguro já que a mãe a abandonou. É fácil viver sem um pai, mas sem uma mãe? É muito mais difícil.

Eu sinceramente ainda espero que aquela mulher repense e volte, abandonar um filho não é fácil e talvez ela deve sentir após se acalmar e ver que não pode ficar sem a filha. Até por que foi ela quem deu a luz, o amor de mãe é diferente de tudo.

Subo lentamente de volta para o quarto e me deito novamente na cama com minha filha. Observo todos os traços do seu rosto enquanto ela dorme. Tão linda.

Sinto minhas pálpebras se forçando a ficarem abertas, mas não me rendo ao sono. Pego meu celular e respondo as milhares de mensagem que tenho depois de ficar do dia fora.

Vejo mensagem da minha família, na qual eu ignorei deliberadamente, porém sei que em algum momento terei que me explicar, ainda mais que uma hora ou outra terei que aparecer para trabalhar.

Acho que terei que tirar uma licença. Informar que agora eu sou pai está fora de questão, talvez utilizar as minhas férias que já faz alguns anos que eu não tiro seja uma boa opção, porém nada é para sempre e preciso pensar em uma solução para quando eu precisar voltar. Talvez babás ou uma creche. Preciso resolver essa questão da guarda antes de contar aos meus pais, tenho certeza que minha mãe vai se prontificar em ajudar, mas também não quero sobrecarrega-la.

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