Capítulo I - Vislumbre

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Em tempos remotos, antes da humanidade ser o que é hoje e as montanhas serem alcançadas pelos homens, havia um reino oculto chamado Armot em algum lugar do universo, comandado por divindades extremamente poderosas, que eram respeitadas em seu mundo e que tornaram-se lendas na terra, afinal, a existência dos deuses é mais relevante que a dos humanos, segundo os próprios seres divinos que são bem mais hostis do que se pode imaginar.

O reino era dividido em dois clãs, O clã de Calisto e o clã das Eras, ambos unidos por uma aliança que fôra estabelecida há milhares de anos.

Enquanto o clã de Calisto é encarregado de cuidar do mundo divino e todos os seus habitantes, o clã das Eras é a união daqueles que cuidam do universo e do tempo. Se o tempo passa, assim como o dia ou a noite chegam e as estrelas se acendem no céu noturno, é porquê o clã está trabalhando incansavelmente para que tudo esteja sob perfeito equilíbrio.

E vocês devem estar se perguntando; Como um humano como eu, sabe tanto à respeito do mundo divino que não pode ser visto e nem tocado por alguém de carne e osso? A resposta é simples e, embora narre circunstâncias odiosas, me deixam orgulhoso de minhas próprias origens.

Sou um dos setecentos filhos de Kim Tayan, o rei, a poderosa divindade que comanda o reino oculto que não pode ser visto e nem tocado pelos humanos e também pertencente ao clã das Eras. As pessoas costumam dizer que a arrogância transborda de meus lábios quando digo com altivez que sou alguém poderoso, assim como o meu pai, no entanto, não vejo mal algum em me vangloriar diante da realidade de ser literalmente um príncipe.

Infelizmente, ninguém acredita em mim e me chamam de louco. Por este motivo, passei a filtrar bastante as minhas palavras, afinal, diante das diferentes características que habitam em mim, posso sofrer neste mundo com as especulações, os questionamentos das pessoas, as mídias e até  mesmo a ciência. Enfrentar tudo isso me deixaria exausto e irritado.

E é por isso que tenho escondido meus segredos de todos, exceto da minha família, afinal, seria impossível meus pais não perceberem desde o meu nascimento, que eu não era uma criança muito comum, digamos assim. Escolhi ser Kim Taehyung, um anônimo limpador de telhados e estudante de astronomia, o rapaz de cabelo numa tonalidade de mel incomparável e aura de uma divindade, literalmente.

A parte desanimadora de toda a minha narração sobre os feitos incríveis do meu clã e do sangue azul que percorre minhas veias, é que eu não posso usufruir do reino do meu pai, tampouco viver ao lado dos meus irmãos ou amigos.

Um castigo cruel me fôra imposto quando eu ainda vivia no mundo oculto. Meu irmão mais velho, Kim Namjoon, atingiu-me com sua ira e me condenou a desaparecer e renascer como um humano, em uma era bem distante da qual eu vivia.

Recordo-me de como era minha vida lá e de qual era a sensação de ter poderes extraordinários, exceto dos motivos de ter sido castigado por Namjoon. Mesmo que eu tente, não consigo me lembrar e eu me pego pensando sobre o quão grande deve ter sido meu crime, para que eu fosse expulso e enviado para um lugar tão diferente e desconhecido.

Apesar de não viver no mundo o qual pertenço verdadeiramente, fui agraciado por nascer em uma família extraordinária, composta por um pai humano que me ama de modo incondicional, uma mãe que daria a vida por mim, sem sequer pestanejar e dois irmãos mais novos que, embora me tirem do sério a cada dois minutos, são aqueles à quem eu protegeria de todo o mal existente no mundo e no universo.

ㅡ Taehyung! KIM TAEHYUNG! - ouço um grito estridente e fecho os olhos com força. ㅡ ISSO É CULPA SUA!

Dou uma última garfada em minha macarronada e encaro Sunoo parado na porta da cozinha, com um cabelo revolto e olhos esbugalhados. Seguro o riso com dificuldade, mas não demora muito para que eu exploda em uma gargalhada alta e incessante.

CAPITÃO VANTE - TaekookOnde histórias criam vida. Descubra agora