Capitulo 4

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Big podia ter certeza que tinha arrancado um pedaço de sua nuca na unha. Ele geralmente tinha comichão quando não concordava com algo, mas mesmo assim o fazia. A coceira o estava deixando louco. Deus, essa era uma ideia idiota, por que diabos estava concordando com isso?

Era quarta-feira e eles estavam sentados depois da aula na sala da secretaria para perguntar sobre o intercâmbio. Yoko o havia pressionado para que fosse junto, com o intuito de que ele fosse a pessoa a fim de fazer o intercâmbio e não ela. Ela titubeava os dedos na mesa a espera da funcionaria que os atenderiam, enquanto Big tentava ao máximo conter a coceira, pois acreditava friamente que seu nervosismo era tanto, que poderia arrancar uma veia importante a qualquer momento com o ato.

- Então... - Disse a mulher se sentando. - Como posso ajudar?

Big olhou para Yoko, que percebendo sua hesitação lhe deu uma leve cotovelada o incentivando.

- É... é que eu queria fazer intercâmbio. - Disse ele revendo as falas que eles ensaiaram antes de entrar. - E eu queria saber umas informações.

- Tudo bem. Mas então eu preciso que os pais de vocês venham aqui para conversar com a gente, ai a gente explica direitinho como funciona tudo. - Explicou a mulher.

Big assentiu veemente, feliz por saber que era uma péssima ideia apoiar a vontade que Yoko tinha de ir para longe. Sem dúvidas seus pais não apoiariam isso também.

- Então está bem. Vamos, Yoko. - Disse ele não podendo conter o entusiasmo em sua voz e se levantando.

- Não. Mas, moça... - Disse Yoko interrompendo. - Só para não perder a viajem, será que você não poderia dizer mais ou menos o que precisa?

- Okay. Você também quer fazer intercâmbio? - Perguntou a mulher.

O rosto de Yoko se iluminou com a possibilidade.

- É, pode ser. - Disse ela com um sorriso

- Vou buscar uns folhetos, assim vocês vão pesquisando direitinho, e os pais de vocês também já vem bem informados. Só um minuto. - Disse a mulher se levantando e fuçando uma torre de papéis que ficava em cima de um armarinho.

Yoko alcançou a mão de Big e a apertou. Big ficaria mais chateado com a situação se o sorriso de Yoko não fosse tão belo.

A mulher voltou portando duas pequenas cadernetas coloridas e entregou para Big.

- Então... A gente volta depois com nossos pais. - Disse Big se levantando novamente.

- Espera. Só uma última dúvida. - Disse Yoko o interrompendo de novo. - Você acha que teria problema eu fazer intercâmbio, por ser cega?

A moça avaliou o rosto de Yoko. A pena flutuou nos seus olhos por uma fração de segundos.

- Olha, eu vou ser bem sincera, eu nunca tive alguém cego fazendo intercâmbio. Mas eu acho que é só uma questão de a gente achar a família preparada para te receber. - Disse a moça, ficando feliz que poucas palavras trouxeram ao rosto de Yoko um sorriso esperançoso. - Vamos fazer o seguinte. Você me dá seu telefone que eu vou fazer uma pesquisa e entro em contato.

Enquanto a morena lhe passava o número e a moça encorajava Yoko que de fato era possível achar uma família disposta a recebe-la, Big revirava os olhos descontente com o mínimo fato de que poderia ser tão fácil que Yoko se afastasse dele.

(...)

Yoko estava deitada confortavelmente no sofá da sala na casa da velha Mel, havia acabado de se empanturrar com um almoço delicioso. A velha sempre caprichava nas quartas-feiras, porque queria agradar Yoko. O paladar de Yoko não era exigente, ela comeria qualquer coisa que tivesse em sua frente se viesse acompanhado de ketchup. Mas a velha adorava mimar todos os seus sentidos restantes. Distribuía afeto para o tato. Colocava música clássica e suave para a audição, sua casa sempre cheirava a flores e moveis rústicos antigos, o que agradava o seu olfato e cozinhava maravilhosamente bem para a apreciação de seu paladar. Yoko a adorava por isso.

In your eyes | Fayeyoko versionOnde histórias criam vida. Descubra agora