Último capitulo

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[...] MUITOS ANOS DEPOIS.

Faye abriu os olhos lentamente. Sua respiração era lenta e suave, vinda facilmente com a ajuda da cânula que lhe mandava oxigênio constantemente. A primeira coisa que focalizou foi o perfil de Yoko ao seu lado. Depois se concentrou no toque suave da mão dela na sua. Os anos pesavam sobre suas costas, mas ela ainda se parecia com um belo anjo de olhos castanhos cor de mel. Ela a viu com o olhar perdido, fitando o nada à sua frente. Seus olhos eram tristes e cansados, e essa tensão que pairava por Yoko, passou para ela. Faye acariciou a mão enrugada de Yoko e ela virou o olhar rapidamente para Faye.

- Oi. - Disse Yoko suavemente com um olhar ainda triste.

- Olá. - Respondeu Faye em um fio de voz.

Yoko se dobrou por cima de Faye e acariciou seu rosto levemente, tomando cuidado para não retirar a cânula acidentalmente. Ela passou a mão pela pele cansada e desgastada pela idade, cada pequena e grande ruga mapeada e fixada em sua cabeça.

- Eu dormi por quanto tempo? - Perguntou Faye. A voz cansada e com dificuldades de sair.

- Dois dias. - Respondeu Yoko. Faye viu uma lágrima deslizar de seu rosto e repousar ao seu lado na cama.

- E como eu estou? - Perguntou Faye levantando a mão esquerda para colocar em cima da de Yoko que estava em sua face.

Mais lágrimas fugiram pelos olhos de Yoko. Faye odiava a ver sofrendo, mas agora era só uma velha cansada e não podia fazer nada quando Yoko chorava pela sua saúde debilitada.

- Nada bem. - Respondeu Yoko tirando a mão da face de Faye e limpado a própria. - Seu pulmão está mais fraco, e... Oh, Amor. - Lamentou a velha cega.

- Yoko. Por favor, pare de chorar. - Implorou Faye tentando se sentar na cama.

Yoko limpou o rosto cansado com as duas mãos. E deu um suspiro longo, tentando engolir a tristeza que tentava lhe consumir.

- Na sexta-feira vai ter um eclipse. - Disse ela depois de se acalmar, tentando mudar de assunto.

Faye sorriu tristemente.

- Eu acho que não vou poder ver. - Comentou.

Yoko agarrou sua mão novamente e acenou. Sabia que Faye não podia sair do hospital. A saúde debilitada, o pulmão fraco que já não trabalhava sozinho.

- Não. Eu perguntei para o Rune, se nós podíamos leva-la para a antiga praça pra você ver de lá comigo. - Disse Yoko esperançosa.

Faye segurou as lágrimas que ameaçavam sair de si. Queria que Yoko fosse forte, então ela tinha que ser forte também.

- Eu posso levantar? - Perguntou Faye se apoiando mais na cama.

Yoko apalpou o lado da cama em busca do botão para chamar a enfermeira.

Faye foi mais rápida, o pegou e apertou.

- Já peguei, Yo. - Avisou ela para Yoko.

Logo um homem alto de cabelos castanhos escuros entrou no quarto. O homem estava na casa dos quarenta, cinquenta anos, mas sua beleza o fazia parecer mais jovem. Ele olhou para Faye com um rosto sério, a testa enrugada em preocupação, mas Faye devolveu com um sorriso.

- Está tudo bem, mãe? - Perguntou Rune para Faye. Depois foi para o lado de Yoko e a abraçou pelos ombros.

- Está sim, querido. - Respondeu Yoko.

- Essa velha cansada só quer saber se pode levantar um pouco. - Comentou Faye com melancolia exagerada.

Rune lhe deu um sorriso triste.

In your eyes | Fayeyoko versionOnde histórias criam vida. Descubra agora