Trem bala - Tangerina (ATJ)

Luta em equipe

– Eu só vou perguntar mais uma vez – A arma encostava firmemente em minha cintura – Onde tá a mala?

Minha respiração estava afoita, mas evitei demonstrar isso

– Sei que está desesperada, é melhor me contar logo

– Não vai atirar em mim

– Me testa

Derrotada, soltei todo o ar que guardava nos pulmões

– Não tá comigo

– Ah sério? – Ele disse ironicamente

– Eu não sei onde está

– Para de mentir pra mim. Tá com o seu namorado, não é?

Meu silêncio me entregou totalmente

– Onde ele tá?

– Eu não sei, ele não me falou. E da onde você tirou que ele é meu namorado?

– Não sei, eu só vi vocês dois naquela cabine com os rostos há centímetros de distância um do outro

– Como ele é observador

Apertou a pistola na minha pele, causando uma leve dor

– Você sabe bem como encontrar pessoas

– O quê?

– Lembra que sempre me rastreava pelo telefone quando eu sumia sem dar notícias?

É, eu lembrava, não era uma coisa difícil de se esquecer. Aaron sempre sumia sem dizer nada, até que comecei a rastrear seu telefone

– Foi o motivo da nossa primeira briga

Ele ficou em silêncio por segundos, afastando lentamente a arma

– Você pensava que eu estava te traindo com alguma puta de bar

– Com esse bigode qualquer um pensaria isso

– Só que eu não tinha bigode na época, tinha?

– Não, seu rosto era branco, só com alguns pelos, mas ainda tinha pinta de cafajeste

Rimos da lembrança. Apesar do que está acontecendo no presente, pensar no passado me trazia uma felicidade genuína

Depois de quase dois minutos em silêncio, falei algo

– Vou precisar de tempo pra fazer isso

– Não tenho tempo, preciso estar com a pasta até a próxima parada

– Então se vira

Ele bufou e revirou os olhos, logo se afastou

– Quanto tempo vai levar?

– Depende, o celular que eu tenho aqui é de uma qualidade bem ruinzinha, rastrear alguém com isso levaria horas – O rosto dele estava impaciente, ele esfregava as mãos por ele todo – Levaria horas para um policial, mas por sorte, eu sou mais inteligente – Sorri

Fomos para uma cabine menor e vazia, para que eu pudesse me concentrar e rastrear a última ligação de joaninha

Se passaram 10 minutos, eu precisaria de mais tempo se quisesse distrair meu ex e mandar mensagem pro joaninha sem que ele percebesse

– E aí? Tá conseguindo?

– É, eu... capitei alguma coisa – Menti, mas de um jeito esperto. Lerdo do jeito que ele é, não deve ter percebido

– Capitou o quê?

– Silêncio, por favor. Tô tentando me concentrar

Ele ficou lá parado, sentado e me olhando, completamente em silêncio