O Começo (Soluço x Oc)

10. Um Velho Amigo

era um outro Fúria da Noite cinza com olhos amarelos...

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Meu coração para por um momento e logo volta a bater furiosamente.

"É ele... eu tenho certeza de que é ele"

O sentimento de Saudade vem com força.

"Como você cresceu Fumaça..."

Vendo a gente, Fumaça para de rugir e pular, ele toma uma posição de ataque. Banguela percebendo isso, se vira nos vendo observando eles, ele solta um rugido feliz de reconhecimento e começa à vir em nossa direção.

Fumaça vê ele se distanciando e pula na frente dele ficando de costas para o Banguela e de frente para a gente. Seus olhos em fenda nos encaram com raiva, ele abre ligeiramente sua boca e grunhe em advertência. Banguela atrás dele solta um grunhido de confusão e inclina a cabeça pro lado.

Soluço tenta se aproximar com as mãos pra frente como se tentasse dizer que não é ameaçador

- Ei ei garotão... está tudo bem, ninguém aqui vai machucar você - Fumaça grunhe mais alto e longamente, claramente ele não estava sendo levado pelas palavras dele

Banguela notando que a hostilidade do Fumaça era dirigida a nós e rapidamente pula na nossa frente grunhido para o Fumaça pra nos defender. Soluço contorna o banguela e tenta se aproximar novamente, eu o xingo mentalmente por que ele literalmente não está ligando que tem um dragão tentando arrancar um pedaço dele.

- Soluço, pare, ele vai atacar se você continuar - Aviso me aproximando dele e colocando uma mão em seu ombro o puxando levemente para trás

- Não se preocupe, vai dar certo, confia em mim

"Como que eu digo pra um treinador de dragões que esse ele não consegue treinar?"

- Eu confio em você, mas neste momento eu sei que não vai dar certo, não é questão de confiar... é saber

- Então vou provar que está errada

"Droga Soluço!"

Abrindo mais sua boca ela começa a brilhar, ele está se preparando para atirar e vendo isso, não posso mais ficar parada só observando. Quando ele estava prestes a atirar e Banguela fazia menção de pular em cima dele, falo.

- Fumaça! - Digo em voz alta me movendo pra frente de Soluço na mesma posição que a dele

- O que está fazendo!? - Questiona aflito

- Só... confia em mim - Repito sua fala. Vendo que Fumaça reconheceu o nome, continuo avançando

Olhando nos olhos dele me aproximo cada vez mais.

- Ei amigão, sou eu Garoa... lembra de mim? - Quanto mais eu falo, mais perto eu chego dele e vejo confusão passando por seus olhos. Confusão, medo e um pouco de reconhecimento. Sorrio, ele está lembrando aos poucos de mim e é totalmente compreensivo, já se passou cinco anos.

- Eu lembro de você, de quando eu te pegava no colo e sua mãe tinha uma crise de ciúmes e chamuscado meu cabelo, lembra? - Estou bem perto dele agora.

Soluço e o Banguela estavam quietos observando a troca entre nós.

- Nos dias chuvosos em que eu ficava com vocês na caverna ao invés de ir pra casa... - Minha voz começa a embargar, nessa altura ele estava erguido e respirando fundo a cada inspiração me analisando.

"Só mais um pouco Garoa"

- E eu achava que tinham medo de ficarem sozinhos no temporal por causa dos raios, mas... - Lágrimas se acumulam nos meus olhos - Mas na verdade era eu que estava com medo e usava essa desculpa para ficar com vocês - Ele se abaixou lentamente até a altura da minha mão - E nosso último dia juntos, nós três... - Suspiro tremulamente - Me desculpe Fumaça, eu não pude proteger ela - A esta altura eu chorava sem nem me preocupar se o Fumaça me reconheceria simplesmente por me sentir extremamente triste e culpada em relação a Serena. Eu estava com o corpo de lado para o Fumaça, minha mão totalmente esticada em direção ao seu rosto.

- Eu queria ter feito mais por ela, e-eu - Fui interrompida pelo seu fucinho tocando minha mão, fico surpresa e viro a cabeça olhando-o enquanto seu focinho descansa em minha mão. Ele abre os olhos e mostra uma expressão de tristeza.

- Fu-Fumaça? - Ele responde com um rugido dolorido e se lança em mim, abraço-o como se minha vida dependesse disso, me tornei uma bagunça chorosa enquanto repetia seu nome sem parar achando que se eu parasse ele iria desaparecer. Ele rugia, choramingava e se acomodava mais em mim

- Fumaça! Você não é mais filhote, não cabe mais em meus braços - Digo enxugando os olhos e afastando seu rosto de mim.

Ele solta um um rugido brincalhão me cutucando e de repente ele para e estreita os olhos. Olho para o local e vejo Soluço bem perto da gente com o Banguela atrás dele, me viro para o Fumaça.

- Está tudo bem, ele é amigo - Ponho minha mão nele e com a outra pego a de Soluço e a guio para o fucinho do Fumaça

- Vamos, se comporte... isso, muito bem - Coloco a mão de soluço mais perto do Fumaça - Agora é com você amigão - Digo baixinho, Fumaça encara Soluço com uma cara dura, depois de um pouco de suspense, Fumaça cede e bufa deixando Soluço tocá-lo

Sorrio completamente feliz por ter reencontrado Fumaça e ter cumprido a promessa que fiz naquele dia...

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Banguela e o Fumaça ficaram brincando enquanto eu e Soluço estávamos sentados observando-os.

Soluço pigarreia me olhando e já sei o que ele quer, uma explicação e eu estou disposta a dar toda a informação que ele pedir, não quero esconder nada dele, assim como ele nunca escondeu nada de mim.

- Então você já conhecia um Fúria da Noite antes de mim - Afirmou ele. Dei de ombros

- Basicamente sim - Digo olhando para os dois

- E porque você nunca me contou? Principalmente quando eu estava me familiarizando com o Banguela, era a oportunidade perfeita

- Não queria estragar seu momento - Mudo meu olhar dos dragões para o de Soluço - Você estava muito feliz descobrindo tudo sobre ele e outros dragões, eu senti que aquele era o seu lugar, uma das coisas que você ama fazer - Ainda olhando para ele, continuo - Se eu falasse que já tive o Fumaça, você ia perguntar onde ele estava e o motivo de não estar comigo, eu tinha medo de estragar seu sonho de estar com o Banguela e o porque isso Soluço... nada disso é permanente, um dia você vai se separar dele como eu me separei do Fumaça, mais cedo ou mais tarde, por bem ou por mal, Fumaça e eu nos reencontramos, mas por quanto tempo vai durar?

Soluço ficou olhando para a grama refletindo minhas palavras.

- Eu quero que dure tanto quanto você, mas não depende só da gente e sim dos outros também, esses outros que matam dragões que vão tentar matar no momento em que virem os dois... pra isso funcionar, teremos que convencer aqueles Vikings teimosos de que os dragões não são tão ruins assim como parece - Respiro fundo - E não vai dar certo, não adianta tentar convencer eles, acredite, já tentei... - Termino olhando para a copa das árvores lembrando daquele dia

- E o que aconteceu? - Perguntou com a voz pouco acima de um susurro

Volto a olhar para ele com olhos e pensamentos distantes lembrando daquele dia...